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18/03/2004 - 06h28

"Mr. K" explora o papel do artista na sociedade

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MARCOS DÁVILA
do Guia da Folha

A Boa Companhia, de Campinas (SP), completa sua trilogia kafkaniana com a estréia nacional da peça "Mr. K e os Artistas da Fome", co-produzida pelo grupo alemão Arena e.V. e eleita, no ano passado, como melhor espetáculo do 13º Internationale Woche des Jungen Theaters, na Alemanha.

Como as anteriores --"Primus" (1999) e "Josefina, a Cantora ou o Povo dos Ratos" (2001)--, "Mr. K" é inspirada num conto do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924) e explora o papel do artista na sociedade.

Desta vez, o grupo partiu do texto "O Artista da Fome" (1922), sobre o jejuador de um circo de horrores que, durante 40 anos, repete o mesmo número: ficar 40 dias sem comer. Com o passar dos anos, a atração vai perdendo sua popularidade e o circo entra em decadência.

Com adaptação de Christine Röhrig e direção de Verônica Fabrini, a peça é dividida em três partes, seguindo uma metáfora do processo de ingestão dos alimentos: "aparência", em que se vê a animada chegada da trupe de circenses, fora do teatro; "essência", já dentro da sala, onde o artista é apresentado ao público; e "excremento", que revela os "podres" do circo, nos fundos do teatro.

"Toda a trilogia ronda o universo do artista e seu ofício. 'Mr. K' faz uma viagem cênica ao canibalismo da indústria cultural, esse despejo diário de artistas em programas como o 'Big Brother'", afirma o ator Alexandre Caetano, que interpreta o jejuador.

Os atores alemães não estão na montagem brasileira, substituídos por integrantes do grupo Matula Teatro, de Campinas.

MR. K. E OS ARTISTAS DA FOME
Texto:
Franz Kafka
Adaptação: Christine Röhrig
Direção: Verônica Fabrini
Com: Adriana Resende, Alexandre Caetano, Alice Bossani, Daves Otani, Eduardo Okamoto, Eduardo Osorio, Fabiana Fonseca, Isis Zahara, Melissa Lopes e Moacir Ferraz
Onde: Teatro Fernanda Montenegro
Quando: dias 21 (21h30) e 22 (20h)
Quanto: R$ 20

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