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18/09/2000 - 11h23

Cultura mostra documentário sobre a formação do Brasil

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ESTHER HAMBURGER
da Folha de S.Paulo

"O Povo Brasileiro", série de dez documentários que estréia esta noite na TV aberta, na Cultura, passeia pelas "matrizes" Tupi, Luso e Afro do Brasil e pelas formações geográficas-culturais, nos episódios "Crioulo", "Sertanejo", "Caipira", "Caboclo" e "Sulinos". Especula sobre o encontro colonial no episódio cinco e sobre a "Invenção do Brasil" no último capítulo.

A série, dirigida por Isa Grinspum Ferraz, com roteiros dela, de Antonio Risério e de Marcos Pompéia, coloca-se como testamento intelectual do senador-antropólogo-educador e colunista da Folha, que se destacou pela militância irreverente e inovadora em todas essas áreas. A direção de arte é de Rico Lins.

Um depoimento de Darcy Ribeiro pontua os programas, que contam com a participação de Chico Buarque, Gilberto Gil, Tom Zé, Antonio Candido, Hermano Vianna, entre outros.

A montagem bem cuidada alinhava, como nas maravilhosas colchas de retalho que servem de fundo aos depoimentos de intelectuais, pedaços de documentários, longas-metragens, fotos, obras-de-arte, paisagens, poemas, depoimentos populares, pedaços do Brasil arranjados de maneiras diferentes ao longo do trajeto.

Pero Vaz de Caminha, Fernando Pessoa, Glauber Rocha, Clementina de Jesus, Cartola, dos templos mouriscos da Península Ibérica às paisagens urbanas contemporâneas saturadas pela mídia e pelo mercado de consumo, "O Povo Brasileiro" representa uma vertente conhecida, poderosa e polêmica de interpretação do Brasil, com raízes em Gilberto Freyre.

Na versão de Darcy, a fábula da integração das três raças provavelmente atinge seu grau máximo de atualidade e sensibilidade à violência e conflito velado que essa matriz interpretativa suporta.

Os capítulos iniciais se destacam pela descrição das origens indígena, afro e portuguesa, frequentemente desprezadas no Brasil. Aqui as sabedorias dos legados nativos merecem realce.

No intuito de explorar universos pouco conhecidos, muitas vezes "exotizados" como diferentes, e saudar indícios de geração de novos modos de existência, o seriado reproduz uma dificuldade brasileira em lidar explicitamente com as divergências, as desigualdades sociais e políticas.

Não há aqui menção a outras linhas interpretativas. A história contada por meio dos vários recursos citados é linear, como se não houvesse outras possibilidades de interpretação sobre os fatos e fenômenos culturais citados.

O Brasil de "O Povo Brasileiro" se constitui em um universo mítico, em um registro semelhante ao das matrizes culturais abordadas. Vale conhecer uma vertente influente de abordagem e interpretação do Brasil.
E-mail - ehamb@uol.com.br

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