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22/03/2004
-
09h40
VALMIR SANTOS
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Curitiba
Espetáculos criados em universidades, a maioria como prova pública de conclusão de curso, ocupam cada vez mais espaço no Fringe de Curitiba.
Todos buscam saltar os campi universitários e ganhar vida própria. Foi o que aconteceu com o grupo XIX de Teatro, revelado no Fringe em 2001 com "Hysteria", cuja pesquisa ganhou corpo na USP e culminou com apresentações na França em 2003.
Como prata da casa (mais da metade dos cerca de 130 espetáculos são curitibanos), participa um dos projetos do curso de direção da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) no ano passado, o espetáculo "... embora eu não queira, aqui também tem carnaval" (em minúsculas).
Como conseqüência do desempenho na prova pública, a montagem fez temporada em janeiro e reestreou ontem no Fringe.
A curitibana Michelle Siqueira, 22, assina direção e dramaturgia. O projeto soa como rito de passagem (é seu primeiro texto, sua primeira encenação), mas a lida com teatro vem desde os 14. Atualmente, está vinculada ao Ateliê de Criação Teatral (ACT), referência de pesquisa na cidade, coordenado pelo ator Luís Melo.
É a essa bagagem que Siqueira atribui a boa receptividade de público e crítica a "... embora eu não queira...". Tinha convicção de que não se tratava "apenas" de prova pública do curso de direção, orientada por Paulo Biscaia e Márcio Mattana, mas chance para criar com autonomia.
Traçou que falaria sobre solidão, vazio contemporâneo. Subjetivismos que procurou trazer para a concretude das cenas por meio da palavra e das atrizes que durante três meses contribuíram com depoimentos.
Quatro mulheres isoladas tentam escapar de si mesmas e das neuroses do cotidiano. Elas se encontram num lugar indefinido.
O título reflete o isolamento dessas mulheres que odeiam a festa e preferem ficar em casa lendo um livro a pular Carnaval.
Depois, descobriu a autora, o título passou a ser interpretado também como uma provocação a Curitiba que fica mais solitária em fevereiro, ainda que se ouça tamborim e reco-reco aqui e ali.
"O texto toca com profundidade em lembranças e reflexões. Na verdade, as personagens são até ácidas, falam diretamente ao público porque nem sempre têm algo a dizer", diz Siqueira, leitora de Hilda Hilst e Clarice Lispector.
A fotógrafa Lenise Pinheiro e o repórter Valmir Santos viajam a convite da organização do 13º Festival de Teatro de Curitiba
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Espetáculos criados em universidades, a maioria como prova pública de conclusão de curso, ocupam cada vez mais espaço no Fringe de Curitiba.
Todos buscam saltar os campi universitários e ganhar vida própria. Foi o que aconteceu com o grupo XIX de Teatro, revelado no Fringe em 2001 com "Hysteria", cuja pesquisa ganhou corpo na USP e culminou com apresentações na França em 2003.
Como prata da casa (mais da metade dos cerca de 130 espetáculos são curitibanos), participa um dos projetos do curso de direção da Faculdade de Artes do Paraná (FAP) no ano passado, o espetáculo "... embora eu não queira, aqui também tem carnaval" (em minúsculas).
Como conseqüência do desempenho na prova pública, a montagem fez temporada em janeiro e reestreou ontem no Fringe.
A curitibana Michelle Siqueira, 22, assina direção e dramaturgia. O projeto soa como rito de passagem (é seu primeiro texto, sua primeira encenação), mas a lida com teatro vem desde os 14. Atualmente, está vinculada ao Ateliê de Criação Teatral (ACT), referência de pesquisa na cidade, coordenado pelo ator Luís Melo.
É a essa bagagem que Siqueira atribui a boa receptividade de público e crítica a "... embora eu não queira...". Tinha convicção de que não se tratava "apenas" de prova pública do curso de direção, orientada por Paulo Biscaia e Márcio Mattana, mas chance para criar com autonomia.
Traçou que falaria sobre solidão, vazio contemporâneo. Subjetivismos que procurou trazer para a concretude das cenas por meio da palavra e das atrizes que durante três meses contribuíram com depoimentos.
Quatro mulheres isoladas tentam escapar de si mesmas e das neuroses do cotidiano. Elas se encontram num lugar indefinido.
O título reflete o isolamento dessas mulheres que odeiam a festa e preferem ficar em casa lendo um livro a pular Carnaval.
Depois, descobriu a autora, o título passou a ser interpretado também como uma provocação a Curitiba que fica mais solitária em fevereiro, ainda que se ouça tamborim e reco-reco aqui e ali.
"O texto toca com profundidade em lembranças e reflexões. Na verdade, as personagens são até ácidas, falam diretamente ao público porque nem sempre têm algo a dizer", diz Siqueira, leitora de Hilda Hilst e Clarice Lispector.
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