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22/03/2004 - 19h32

Pianista Nelson Freire realiza concerto em Paris e encanta público

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da France Presse, em Paris

O pianista brasileiro Nelson Freire, 59, encantou o público do Teatro Chatelet, em Paris, neste fim de semana. Freire interpretou peças de Beethoven, Schumann e Chopin para uma platéia que se manteve em silêncio durante vários segundos, no final do concerto, antes de explodir em aplausos e ficar de pé até fazer o músico voltar ao piano para executar mais algumas composições.

"É um dos pianistas mais empolgantes de todos os tempos", diz um artigo da revista "Time", depois do primeiro concerto do brasileiro em Nova York. A imprensa européia elogia a combinação equilibrada de espontaneidade, mistério, conhecimento, análise e honestidade de sua música.

"Nasci quase morto. Alérgico à vida, não suportava nenhum alimento. Vivia sob constante proteção e todos os jogos me foram proibidos", contou o pianista ao jornal francês "Le Monde".

"Meu pai logo experimentou a necessidade de escrever uma longa carta para lembrar este calvário da minha infância, em que só o piano, que minha irmã tocava, era o único consolo", lembrou Freire, que nasceu na pequena cidade de Boa Esperança, em Minas Gerais, em 1944.

Ele tinha três anos quando começou a tocar, de memória, obras inteiras que ouvia sua irmã mais velha ensaiar no piano. Percebendo o talento natural do filho, os pais se mudaram para o Rio de Janeiro, onde Freire começou a estudar piano. Aos quatro anos, deu seu primeiro concerto, interpretando um obra de Mozart.

"Tinha cinco anos e umas cinqüenta obras no meu repertório, entre elas a célebre "Rapsodia número 2", de Liszt", contou, lembrando que no Rio de Janeiro sua saúde melhorou, pela proximidade com o mar, mas que seu caráter continuava sendo "tempestuoso".

O sucesso chegou cedo. Aos doze anos, venceu o Concurso Internacional de Piano, no Rio de Janeiro, ao tocar o "Concerto do Imperador", de Beethoven.

Em 1959, Freire conseguiu uma bolsa do governo brasileiro e foi estudar em Viena, onde conheceu a pianista argentina Martha Argerich, sua acompanhante em dezenas de viagens musicais e com quem gravou o "Carnaval dos Animais", de Saint-Säens.

Depois de ganhar, aos 19 anos, a Medalha Dinu Lipatti, em Londres, e o primeiro prêmio do Concurso Internacional Vienna da Motta, em Lisboa, Freire gravou seus primeiros discos.

"Eu descobri que podia ganhar dinheiro tocando piano", brincou.

Vivendo há vários anos numa pequena casa numa rua tranqüila de Paris, Freire tem no currículo interpretações como solista com a Filarmônica de Berlim, a Sinfônica de Londres e a Sinfônica de Viena, entre outras, colaborando com diretores como Pierre Boulez, Eugen Jochum, Lorin Maazel, Kurt Masur e Andre Previn.

Após 25 anos de exílio voluntário dos estúdios, ele decidiu gravar dois discos, com obras de Chopin e Schumann, pela Decca, que foram recebidos com muitos elogios pela crítica.

No ano passado, o cineasta João Moreira Salles lançou o documentário "Nelson Freire", sobre a relação entre o artista --considerado um dos maiores pianistas da atualidade-- e sua música.
 

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