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22/03/2004 - 21h44

Próximo filme de Roman Polanski será para o público infantil

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

O diretor franco-polonês Roman Polanski, 70, que está em São Paulo para participar da mostra que faz uma retrospectiva de sua obra, concedeu hoje uma entrevista no CineSesc. No encontro com jornalistas, Polanski falou de sua "incapacidade" em explicar alguns elementos que fazem parte de seus filmes e fez comentários sobre seu próximo projeto: uma produção para o público infantil baseada na obra "Oliver Twist", de Charles Dickens (1812-1870). O motivo da escolha foram os filhos do diretor.

Tuca Vieira/Folha Imagem
Diretor Roman Polanski durante
encontro em São Paulo

"Estava brincando com os meus filhos e vi que gostaria de fazer um filme para crianças. Pensei nos livros que eu gostava quando era pequeno, e me lembrei de 'Oliver Twist', que será meu próximo projeto."

O encontro foi da tietagem à saia justa. O diretor polonês vestiu uma camisa da seleção brasileira de futebol depois de receber o presente durante a entrevista e também falou da impossibilidade de participar da cerimônia de premiação do Oscar 2003.

A organização do encontro vetou as perguntas referentes ao impedimento de o diretor entrar nos EUA, o que gerou um certo constrangimento. No entanto, Polanski disse que não tinha problemas em responder às perguntas: "Eu posso lidar com isso".

"Há na América um grande número de cineastas que aprecia meu trabalho e onde sou muito popular. Se vocês assistiram [à entrega do Oscar], fui aplaudido de pé e isso não tem nada a ver com meus problemas na Califórnia", disse.

Nascido em Paris, de pais poloneses, o diretor, de origem judaica, se mudou para os Estados Unidos para filmar "O Bebê de Rosemary" ("Rosemary's Baby"). Em 1977 ele foi acusado de estuprar uma adolescente de 13 anos, depois de fazê-la consumir álcool e drogas durante uma sessão de fotos. O processo não foi concluído e o diretor deixou os EUA em 1978 e ainda é considerado um fugitivo pela Justiça americana.

O filme "O Pianista", que relata a história de um pianista judeu durante a ocupação nazista da Polônia, recebeu a Palma de Ouro no Festival Internacional de Cannes (França) de 2002 e levou os prêmios de Melhor Ator, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado no Oscar 2003.

Ainda em relação ao filme, o diretor disse que "não gosta de falar sobre coisas muito próximas" e que por isso, só "recentemente" fez a obra. "Sempre quis fazer uma coisa a respeito, mas esperava algum material, um livro que se prestasse a esse objetivo", acrescentou.

Ao ser indagado se consegue ser crítico em relação a seus filmes e se mudaria alguma coisa neles, o diretor disse: "São dois problemas diferentes: além de não ser capaz, não tenho a menor vontade de fazê-lo [crítica]. Revendo a minha obra, vejo alguns defeitos que gostaria de corrigir, mas não tem jeito. Dependendo da perspectiva, há sempre alguma coisa que gostaria de mudar".

O cineasta afirmou ainda que, "em geral tem orgulho de seus filmes", mas fez uma ressalva ao citar os curtas realizados quando era estudante e que estão sendo exibidos na mostra. Polanski disse que nunca imaginou que esses filmes chegassem ao público e que estava "incomodado" com a situação e brincou ao pedir que ninguém fosse vê-los.

Aparentemente avesso a definições sobre sua obra, Polanski disse não poder responder a algumas questões que considerou serem mais "filosóficas". Cineasta de uma ou de várias inquietações? "Sou incapaz de responder a essa questão. Não é assim que isso funciona comigo. Não tenho esse tipo de cartesianismo no meu caráter. Faço cinema como faço outras coisas na vida. Busco a satisfação. Essa questão deve ser colocada para teóricos, críticos, ou até mesmo para artistas, mas não para pessoas como eu, que criam".

O filme "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles (indicado em quatro categorias do Oscar 2004) foi citado durante o encontro. "Achei impressionante e tenho certeza que o diretor desse filme ainda mostrará outras coisas interessantes", disse Polanski

A pedido de um dos jornalistas, o diretor encerrou o encontro com um "conselho" para quem pretende seguir a carreira: "Nesse trabalho é preciso muita perseverança. O que é triste é que, muitas vezes, é preciso mais perseverança do que talento".

Mostra

A mostra "Roman Polanski" está sendo realizada no CineSesc, em São Paulo, e no Sesc Santo André, na região do ABC paulista, até o dia 25 de março.

Entre os filmes da mostra estão "O Bebê de Rosemary", "O Pianista", "A Faca na Água" (1962), "Repulsa ao Sexo" (1965), "Armadilha do Destino" (1966), "A Dança dos Vampiros" (1967), "O Inquilino" (1976), "Tess" (1979), "Lua de Fel" (1992), "A Morte e a Donzela" (1994) e "O Último Portal" (1999).

Depois de São Paulo e Santo André, a retrospectiva irá para Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Curitiba.

A mostra é uma realização do Sesc de São Paulo e da Urszula Groska Produções e conta com apoio institucional da Embaixada da França e do Consulado Geral da Polônia em São Paulo e apoio cultural da Magnesita e da Fundação Santo André.

O CineSesc fica na rua Augusta, 2075, Cerqueira César, São Paulo, tel. 0/xx/11/3082-0213. O Sesc Santo André fica na rua Tamarutaca, 302, Vila Guiomar, Santo André, tel. 0/xx/11/4469-1250.
 

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