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23/03/2004 - 13h30

Hotel queniano é cenário do novo filme de Fernando Meirelles

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GÉRARD VANDENBERGHE
da France Presse, em Loyangalani (Quênia)

O hotel e seu proprietário alemão impressionaram tanto o escritor britânico John Le Carré que ele os citou com seus nomes verdadeiros no romance "The Constant Gardner", que o cineasta brasileiro Fernando Meirelles levará para o cinema com o título de "O Jardineiro Fiel", ambientado no cenário real do Oasis Lodge de Wolfgang Deschler, no norte do Quênia.

O Oasis Lodge fica no norte do Quênia, perto da fronteira com a Etiópia, onde um deserto rochoso termina nas águas do Lago Turkana. O lugar é extraordinário. Assim como o proprietário. É um personagem que marca, escreveu Le Carré, que assinou o livro como David Cornwell, seu nome de batismo.

Dirigida por Fernando Meirelles, a adaptação para o cinema de "The Constant Gardner" terá o ator britânico Ralph Fiennes no papel principal.

Wolfgang, a quem o destino levou para as margens do Turkana em 1981, continua vivendo no local, cercado de trinta empregados Samburu, etnia próxima à dos Masai, num hotel quase vazio.

Nos anos 80, o ambiente era, ao contrário, extremamente animado, a julgar pela galeria de fotos penduradas nas paredes do restaurante.

"Estava sempre cheio, era freqüentado por celebridades: Mick Jagger, Laureen Hutton, Iman, a mulher de David Bowie. Muitos fotógrafos de moda e suas modelos e também gente de cinema", lembra o proprietário.

"Foi assim até 1991. A primeira Guerra do Golfo foi o primeiro freio. Desde então, os turistas deixaram de vir, por causa dos atentados e dos alertas terroristas contra o Quênia", lamenta.

"Enfim, hoje estou aposentado", diz com um sorriso nos lábios Deschler, 53, que conversa por rádio com seus vizinhos, todos a mais de 100 km de distância. Quando precisa ir a Nairóbi, pilota ele mesmo o seu avião.

Mas, apesar de tudo, o Oasis Lodge continua aberto, assim como sua maravilhosa piscina, alimentada por uma fonte de água que brota a 40 graus centígrados. Um verdadeiro luxo merecido pelos visitantes que chegam ao local depois de horas de viagem por estradas esburacadas.

Em junho e julho, o local voltará aos tempos de esplendor, durante as filmagens do longa.

"Me anunciaram 150 pessoas. Não tenho bangalôs suficientes, mas eles trazem tudo, material e barracas de camping, de avião", explica.

A pista de pouso termina a poucos metros do restaurante.

"Se tivessem me contado que viveria aqui, eu não teria acreditado. Eu era um homem urbano, gostava da vida noturna. Aqui, quando o cozinheiro diz que a geladeira está vazia, vou para o lago pescar", espanta-se.

O turismo é escasso, mas o Oasis Lodge teve uma grande festa no fim de semana passado.

"Tínhamos marcado em Kalacha com todos os caubóis quenianos da região jogar uma partida de críquete", conta.

"Depois, todo mundo veio para cá, para participar de um jantar de gala", lembra.

Kalacha é outro oásis do mesmo deserto, situado a um dia de carro, mas a minutos de avião, meio de transporte habitual para os herdeiros dos primeiros colonos ingleses.
 

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