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25/03/2004 - 05h29

Montagens honram o slogan "intenso como a vida"

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SERGIO SALVIA COELHO
Enviado especial da Folha de S.Paulo a Curitiba

Intensa e delicada como uma paixão que já começa trêmula em pensar que um dia deverá terminar é "Coisas Invisíveis", da Cia. Clara, de Belo Horizonte.

Em um palco nu, Ana Vida, Henrique Meirelles (que em 2003 já tinham vindo a Curitiba com um "Vereda da Salvação" marcante), Grace Passô e Gustavo Bones compartilham com a platéia trama de pequenas epifanias.

Otto, paixão de duas pessoas da turma, morre atropelado: seus amigos devem continuar a viver normalmente, "como uma homenagem", mas revendo suas vidas. O texto de Gustavo Naves Franco tem uma poesia de palavras cotidianas, com um tom confessional que os atores, guiados com suavidade e precisão por Anderson Aníbal, sabem tingir de silêncio e intensidade, evitando o piegas.

Na outra ponta desse espectro solar está o monólogo "Licurgo - Olhos de Cão", do paulistano Celso Alves Cruz. É o mesmo despojamento de um cenário mínimo tornado mágico por luz precisa, mas a poesia de Cruz, que ultrapassa o cotidiano com uma tragédia de excessos que se apropria do trash sem cair no mau gosto, pede ator mais maduro.

Marcos Suchara faz um professor que encarna a loucura de Licurgo, o legislador grego condenado a matar o filho por ter menosprezado Dioníso. Impressiona ver como Suchara deixa a dor interna o devorar aos poucos, expondo o fato consumado que se percebe cada vez mais terrível, sem perder a verossimilhança.

Da dor cotidiana ao excesso trágico, tendo o teatro por instrumento, e honrando o slogan "intenso como a vida" deste 13º festival, ambas as montagens tornam visível a luta cotidiana por preencher a solidão do mundo. Dioníso, e o público, agradecem.

O crítico Sergio Salvia Coelho viajou a convite da organização do FTC

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