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29/03/2004 - 04h13

Saiba quais foram os destaques nas montagens teatrais do Fringe

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo, Enviado especial a Curitiba

A política em estado puro, regida pelas forças do poder econômico, militar; e a política demasiado humana, nascida das relações cotidianas, amorosas.

São as tônicas dos espetáculos que a equipe da Folha de S.Paulo escolheu na programação do Fringe, mostra paralela do Festival de Teatro de Curitiba, encerrado ontem.

Foram vistos 35 dos 128 espetáculos apresentados nesta 13ª edição. Seria impossível assistir a todos. Parâmetros de texto, direção, grupo e boca-a-boca serviram como bússolas nos 11 dias.

Duas montagens apresentaram ótima dramaturgia. Com "uma tentativa de peça, e jamais um espetáculo", a cia. Nossa Senhora de Teatro Contemporâneo mostrou "A Melhor Parte do Homem". A diretora Giovana Soar divide o texto metateatral com Octávio Camargo e Newton Moreno, sobre possibilidades de caminhos dramáticos e estéticos.

O paranaense Guilherme Durães escreveu e dirigiu "Opus 69". Montada num bar, a peça toma o período da ditadura militar brasileira (1964-85) como metáfora da "ânsia por liberdade".

"A exclusão social é mais nociva do que qualquer ditadura. A fome cerceia a vida", diz Durães, 47.

Também foram dois os melhores espetáculos. De Belo Horizonte, a cia. Clara trouxe "Coisas Invisíveis", escrita por Gustavo Naves Franco e dirigida por Anderson Aníbal. Tece variações afetivas de um grupo de amigos e seus encontros com a vida, o outro, o mistério.

"Falamos de sentimentos sem ser piegas. Não somos ingênuos, mas acreditamos na doçura com honestidade. Chega de tanto niilismo", diz Aníbal, 34.

A outra peça é "Terror e Miséria no Terceiro Reich" com a cia. Lês Commediens Tropicales, de Campinas, que adaptou texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956).

"Terror e Miséria" retrata a Alemanha no período em que Adolf Hitler (1889-1945) estava no poder. "Expõe como o nazismo contaminou a todos, famílias, operários, patrões", diz o diretor Marcelo Lazzaratto, 37, que ocupou um antigo edifício de moagem de trigo com 34 atores.

Brecht também serve de base para "Longa Viagem do Comandante Fulano de Tal Através do Grande Oceano", a melhor peça nos quesitos cenário, figurinos e iluminação.

O diretor Enéas Lour junta e adapta duas peças radiofônicas do alemão ("O Vôo Sobre o Oceano" e "Baden-Baden"). O comandante que tenta cruzar o oceano com máquina voadora remete à trajetória do homem comum.

O ator catarinense Marcos Suchara, 33, brilha no monólogo "Licurgo - Olhos de Cão". Radicado em São Paulo, Suchara descobriu a dança há três anos, o que diz ter lhe dado mais consciência corporal para interpretar o texto do diretor Celso Cruz, inspirado na história do legislador grego que renega o deus da orgia, Dionísio, e comete crimes terríveis.

Destaque feminino,Tatiana Blum, 24, que concluiu o curso de interpretação na Faculdade de Artes do Paraná (FAP) em 2002, co-escreveu e co-dirigiu com Calu Monteiro "As Confidências da Gorda e o Rato", comédia sobre uma diva às voltas com a ditadura da beleza.

A nota dissonante no Fringe é "Eu Quero Sexo - Parte 3 --Nosso Louco Amor", texto e direção de João Luiz Fiani, que explora a seminudez de jovens deslumbrados pela "fama". Medo.

A organização estima público de cerca de 110 mil, soma do Fringe, Mostra Oficial, Mostra Metropolitana e demais atividades.

A fotógrafa Lenise Pinheiro, o crítico Sergio Salvia Coelho e o repórter Valmir Santos viajaram a convite do festival

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