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31/03/2004 - 05h48

Bienal do Livro leva humor de Quino a sério

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DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Não há como falar de Quino, 71, sem falar de Mafalda, 40, personagem da tirinha que lhe trouxe fama internacional desde a sua estréia em 1964 até muito além de sua "morte", dez anos depois.

Mas, por ora, chega de Mafalda. Apesar da insistência dessa garotinha em continuar por aí, fazendo sempre as suas perguntas certas nos momentos mais incertos, Quino precisa ser reconhecido pelo que ele é: "o melhor cartunista do mundo", segundo o pesquisador brasileiro Alvaro de Moya.

"A linguagem dele nos cartuns é muito superior à linguagem dele nos quadrinhos. Muitas coisas que poderiam ter sido feitas com dois quadrinhos, em 'Mafalda', ele fez com quatro", afirma Moya, que, em 24 de abril, participa de uma palestra na Bienal do Livro sobre a obra de Quino.

O evento acontece por ocasião do lançamento de três novos álbuns do cartunista argentino, "Bem, Obrigado. E Você?", de 1974, "Quinoterapia", de 1985, e "Quanta Bondade", de 1999. Com isso a Martins Fontes, que no ano passado já havia lançado três outras antologias de cartuns de Quino no país ("Não Fui Eu!", "Que Gente Má" e "Potentes, Prepotentes e Impotentes"), chega cada vez mais perto de trazer aos brasileiros a obra completa do argentino.

Apesar das tintas políticas mais fortes aqui (em "Bem, Obrigado...", realizado em plena ditadura militar argentina), da crítica às relações de poder entre médicos e pacientes acolá ("Quinoterapia") e das reflexões mais atuais sobre o avanço da tecnologia ("Quanta Bondade!"), os álbuns seguem bem a linha daquilo que o próprio Quino defendeu, em uma entrevista à Folha de S.Paulo no ano passado: "Sou um franco-atirador".

Mais do que a anarquia de assuntos, portanto, os cartuns de Quino demonstram muitas vezes uma anarquia de estilos. "Há casos em que ele detalha ao máximo todos os elementos do cartum. Em outros, é simplesmente um esboço", explica Moya, autor entre outros de "História das Histórias em Quadrinhos". "Embora ele tenha ficado conhecido mundialmente pelos quadrinhos, Quino é melhor como cartunista."

Questionado se concordava com a afirmação, Quino declarou: "Acho que limita muito desenhar sempre os mesmos personagens, sempre na mesma medida. Sempre gostei de fazer páginas de humor. Se não tivessem me encomendado uma tira, acho que não teria feito nunca", disse em referência a seu primeiro trabalho, aos 18 anos, quando foi contratado para desenhar uma tirinha institucional para uma loja que vendia quadros na Argentina.

Publicados regularmente na Argentina, Itália e Espanha, os cartuns de Quino raramente chegam ao Brasil. Os álbuns, assim, são uma forma de recuperar parte desse tempo perdido. "Meu ideal seria fazer um dia um livro com desenhos nunca publicados, mas como tenho sempre que entregar um a cada semana, não dá."

BEM, OBRIGADO. E VOCÊ?/QUINOTERAPIA/QUANTA BONDADE. Autor: Quino. Tradução: Monica Stahel. Lançamento: Martins Fontes. Preço: R$ 40, em média, cada um. Debate com Alvaro de Moya e Sonia Luyten. Quando: 24/4, às 15h30. Onde: Bienal do Livro - auditório 3 (Centro de Exposições Imigrantes, pavilhão, entrada pela av. Miguel Stefano, zona sul, SP).
 

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