Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
02/04/2004 - 06h01

The Coral mistura tudo e alcança som inclassificável

Publicidade

THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

Se os caras do Coral tivessem que "bater cartão" na gravadora, já estariam com um monte de horas extras para reivindicar.

O grupo, formado por seis jovens entre 20 e 23 anos de Liverpool, acaba de lançar o terceiro disco --menos de um ano após "Magic and Medicine", o segundo; o primeiro álbum, homônimo, é do "longínquo" 2002.

"Nightfreak and the Sons of Becker", diz a banda, foi gravado em apenas uma semana. Nos EUA, como o segundo disco saiu atrasado, os dois foram lançados juntos, num pacote.

Três álbuns em três anos era coisa normal nos anos 60 e 70, mas hoje, quando as bandas raramente conseguem fugir do círculo disco-turnê-férias (que leva por baixo uns dois anos), é coisa que chama a atenção.

"Eu gostaria de não ter feito nenhum show na época de 'Magic and Medicine'", disse James Skelly, vocalista do grupo, em entrevista ao jornal britânico "Independent". "Para ser sincero, não gosto muito de tocar ao vivo. Outro dia vi uma apresentação nossa na TV e, se eu não soubesse que éramos nós, teria dormido."

Sorte de Skelly que a fama do sexteto não aconteceu exclusivamente por causa de seus shows. Ao mesmo tempo que pode ser comparado a quase tudo --rock psicodélico dos anos 60, trilhas sonoras, Beatles, Oasis, Pink Floyd--, o som do Coral, desde o primeiro disco, não se atém a nenhum rótulo convencional.

A estranheza é característica inerente ao grupo. "The Coral", quando surgiu, gerou comparações ao esquisito Captain Beef heart. "Magic and Medicine" chamava para perto tanto Echo & the Bunnymen quanto Bob Dylan e The Fall --e chegou perto do topo da parada britânica. "Nightfreak..." segue na mesma linha.

Ambição

"O entretenimento hoje é movido apenas pela ambição. Você pode ser ambicioso em querer criar um grande álbum ou se tornar um ótimo jogador de futebol, mas não tenha a ambição de ser apenas famoso", afirmou Skelly ao jornal britânico. É o mundo anticelebridade do Coral, ilustrado até na capa do CD --uma imagem desfocada de alguém vestindo uma máscara de urso.

As canções de "Nightfreak and the Sons..." escapam do formato "pop radiofônico". Não há nenhum "hit", nenhuma música de refrão fácil ou melodia ortodoxa, mas nem por isso deixa de ser menos prazeroso. "Venom Cable", que já foi tocada até na pista de clubes europeus, é cativante; "Auntie's Operation" e "Migraine" podem ser encaixadas como "rock"; "Sorrow or the Song" é bonita e "Lovers Paradise" tem certo charme rockabilly-anos 50.

Detalhe: o Becker do título do álbum é aquele Becker. O Boris. O tenista.

NIGHTFREAK AND THE SONS OF BECKER
Artista: The Coral
Lançamento: Sony
Quanto: R$ 30, em média
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página