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06/04/2004 - 03h23

Festival de Cannes homenageia o Brasil

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PEDRO BUTCHER
Crítico da Folha de S.Paulo

2004 não só marca o 40º aniversário do golpe militar, mas também os 40 anos da eclosão internacional do cinema novo. A participação do Brasil no Festival de Cannes de 1964 foi histórica, com a seleção de "Vidas Secas", de Nelson Pereira dos Santos, e "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, em competição, e de "Ganga Zumba", estréia de Carlos Diegues, na Semana da Crítica.

Era --e ainda hoje é-- feito raro para as cinematografias periféricas emplacar três produções em Cannes. A repercussão foi imensa e, dizem, prêmios oficiais só não vieram porque dois anos antes "O Pagador de Promessas" havia recebido uma Palma de Ouro "apressada" para o cinema novo.

Mas a própria organização de Cannes quis celebrar o aniversário dessa participação fazendo do cinema brasileiro um dos centros do evento de 2004 (o outro será a África do Sul, que festeja dez anos da primeira eleição direta).

Além de "Vidas Secas" e de "Deus e o Diabo", serão exibidos "Terra em Transe", de Glauber, "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Bruno Barreto, "Bye Bye Brasil", de Carlos Diegues, e "Cinema Falado", de Caetano Veloso. "Limite", de Mario Peixoto, cuja restauração ainda está em andamento, só não será exibido porque a cópia não ficará pronta a tempo. A homenagem a Glauber provavelmente se estenderá com a exibição de "Glauber, o Filme - Labirinto do Brasil", de Silvio Tendler.

"A idéia inicial era promover um dia dedicado ao cinema brasileiro, mas, como são muitos filmes, o foco se espalhou pelos dias 14 e 18 de maio", explica o presidente da Riofilme, José Wilker, que produz a participação nacional em Cannes. "É importante frisar que a iniciativa e a seleção dos títulos partiram do festival. Estamos correndo atrás das cópias", explica. Cannes começa em 12 de maio, com a première internacional de "La Mala Educación", de Pedro Almodóvar.

As projeções especiais levarão a Cannes uma das maiores delegações brasileiras em anos. Nelson Pereira dos Santos confirma presença, lembrando-se da viagem de 40 anos atrás. "Fui obrigado a assinar um termo de compromisso na polícia, garantindo que não daria declarações que manchassem a imagem do Brasil." Carlos Diegues voltará com "Bye Bye Brasil", assim como os produtores do filme, Lucy e Luiz Carlos Barreto, que também representarão "Dona Flor". José Wilker terá participação dupla: como presidente da Riofilme e como ator desses dois últimos filmes.

Entre os dias 14 e 18, haverá ainda uma festa organizada em parceria com o Grupo Novo e o Festival do Rio no hotel Majestic. Existem fortes chances de uma apresentação do ministro da Cultura, Gilberto Gil. Segundo Wilker, essa presença maciça será um aquecimento para 2005, o ano da cultura brasileira na França, quando Cannes abrigará um grande Pavilhão do Cinema Brasileiro.

Oficialmente, a organização somente divulgou o presidente do júri (Quentin Tarantino) e os filmes de abertura e encerramento. O festival terminará com uma homenagem aos 80 anos dos estúdios MGM, com a première mundial de um musical inspirado na vida de Cole Porter, seguida de um show ao ar livre.

A lista completa do festival só sai no fim de abril, mas revistas especializadas como "Variety" e "Screen International" já deram como certas as participações, em competição, de "Diários de Motocicleta", de Walter Salles, e "Assassinos de Velhinhas", refilmagem de "Quinteto da Morte" pelos irmãos Coen com Tom Hanks no papel que foi de Alec Guiness. Fora de competição, estão certas as participações da superprodução "Tróia", com Brad Pitt, "Shrek 2", "Bad Santa" e "Kill Bill 2", de Tarantino.

No terreno especulativo, é bem provável que a competição conte com os novos filmes de Mike Leigh, Emir Kusturica, Jean-Luc Godard, Wong Kar-wai, Michael Moore e Hou Hsiao Hsien.
 

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