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09/04/2004 - 08h35

Hurtmold alinha mil faces no disco "Mestro"

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ALEXANDRE MATIAS
Free-lance para a Folha de S.Paulo

"Nada que signifique algo pra você", confunde ainda mais a única música com letra e vocal do novo disco do Hurtmold, que acaba de ser gravado no estúdio El Rocha. Batizado de "Mestro", o disco será lançado em maio pela gravadora mineira Submarine, a mesma que lançou os outros três CDs da banda. O Hurtmold é um dos principais nomes de uma nova cena de vanguarda que vem surgindo do rock independente brasileiro e já é conhecido por suas longas incursões instrumentais que viajam por diferentes escolas do rock.

A faixa citada ("Chuva Negra") é uma boa amostra da erudição rock do Hurtmold. Ela abre ecoando o pós-punk de bandas como Cure, Sonic Youth e Wire --tensão rock'n'roll tornada sentimental que não faria feio na pista de dança da Funhouse. Passados quase três minutos e a bateria assume o comando do improviso enquanto guitarras, antes sólidas e em primeiro plano, se esfacelam ao fundo. As cordas saem de cena, dando espaço a beats eletrônicos e belos sopros desencontrados, antes da retomada do tema inicial.

"Não consigo nos colocar num gênero definido, até porque essas coisas não servem pra nada", diz Guilherme Granado, que além dos vocais ainda toca escaleta, vibrafone e teclado no grupo. Ele cita como referências musicais bandas da atual cena de Chicago, como Tortoise, Chicago Underground, Isotope 217 e Eternals. Esta última banda dividiu seu último EP com o Hurtmold, no único lançamento do grupo do ano passado. Além do EP, eles têm outros dois CDs ("Et Cetera" e "Cozido") e dois cassetes.

A banda existe desde 1998. "Começamos do fim de outra banda em que eu, o Fernando (Cappi, guitarra e bateria) e o Marcos (Gerez, baixo) tocávamos", lembra Guilherme, referindo-se ao grupo Pudding Lane. Nesta época, o baterista Maurício Takara tocava na banda Small Talk, e Mário Cappi (guitarra) e seu irmão Fernando tocavam no grupo Default. "Quando o Pudding Lane acabou, resolvemos tirar um som juntos por amizade e uma certa afinidade musical e estamos aí até hoje", completa Maurício, que ainda toca no Instituto e com Otto e Xis.

Além de Maurício, outros integrantes também têm seus trabalhos paralelos: Guilherme toca nas bandas Againe e Van Damien, banda em que também toca o baixista Marcos Gerez. Mário Cappi também toca no Polara. O novo disco ainda inclui um sexto integrante na banda: o percussionista e clarinetista Rogério Martins.

"É difícil definir música", continua Maurício. "Acho que a gente faz um rock nem um pouco ortodoxo, coisa que muitas bandas vem fazendo há anos". Apesar de, com esta definição, Takara parecer criar um cânone secular para o som do grupo, não é difícil alinhá-lo com o amadurecimento do rock underground norte-americano na virada dos anos 80 pros 90, um movimento que encontra pontos em comum em bandas como Nirvana, Built to Spill, Fugazi e Hüsker Dü, mas que pode ser mais facilmente resumido em discos como "Millions of Now Living Will Never Die", do grupo Tortoise, ou "Spiderland", do Slint.

Mesmo fazendo parte de uma nova geração de bandas de vanguarda (como Objeto Amarelo, Pex BaA, Vurla, Screams of Life e Diagonal), o Hurtmold se vê sozinho no cenário. "Não acho que existam bandas na mesma praia em termos de sonoridade, e sim bandas com quem nos identificamos", conta Granado, citando bandas como Cidadão Instigado, Discarga e Space Invaders.
 

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