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10/04/2004 - 07h23

Michael Moore volta maniqueísta e bajulador

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MARCIO AITH
da Folha de S.Paulo

Uma indústria floresce na esteira do ódio da "esquerda" americana e da opinião pública internacional à George W. Bush.

Lucro fácil é obtido por quem zomba da mediocridade do presidente. Vale tudo, desde chavões previsíveis a depoimentos sobre o já lendário déficit de perspicácia do ex-governador do Texas.

O documentarista e escritor Michael Moore tornou-se ícone desse mercado ao protestar contra a invasão do Iraque durante cerimônia na qual recebeu o Oscar por "Tiros em Columbine".

O documentário foi visto pelos brasileiros em 2003, assim como outra obra celebrada de Moore --o best-seller "Stupid White Men - Uma Nação de Idiotas".

Moore volta ao Brasil em nova dose dupla, repleta de maniqueísmo, protecionismo e tentativas de bajular o público brasileiro.

No livro "Cara, Cadê o Meu País", acusa o presidente americano de tirar proveito político do 11 de Setembro e dá lições aos democratas sobre como vencer a próxima disputa pela Casa Branca.

A edição brasileira traz um prefácio especial no qual Moore lamenta a ignorância dos americanos sobre o Brasil e descreve-nos como "o belo povo brasileiro".

Já em"Roger e Eu", documentário feito em 1989 e lançado agora no Brasil, tenta forçar o então presidente da General Motors, Roger Smith, a confrontar a ruína social em Flint (Michigan) causada pela decisão da empresa de levar para o México a fábrica na cidade.

As duas obras mostram a trajetória de um autor simplista e oportunista. A coerência exigiria de Moore, entre outras coisas, que pregasse, em seu prefácio brasileiro do livro, o fechamento dos quatro complexos industriais da GM no Brasil. Nada mais lógico, já que, em sua visão, latinos roubam empregos de americanos.

Mas Moore, como as corporações que ele critica, desenvolveu a capacidade de omitir dados inconvenientes. Um mínimo esforço faria com que registrasse que o Brasil é o segundo país em exportações de revólveres para os EUA. Entre outros episódios patrocinados pelo "belo povo brasileiro", nossa indústria forneceu a arma usada em crimes raciais nos EUA e no assassinato, entre outros, do designer Gianni Versace.

Mas Moore prefere surfar na popularidade do antibushismo mundial, sob o pretexto de refletir sobre os EUA pós-11 de Setembro. Em meio à multiplicidade de dúvidas e de suspeitas advindas dos atentados, Moore destaca como escandalosa, em "Cara, Cadê o Meu País", a autorização oficial para que membros da família Bin Laden saíssem dos EUA nos dias seguintes aos atentados.

Bush autorizou a saída com receio de que eles viessem a ser vítimas de represálias dos americanos, e de posse de dados segundo os quais esses familiares, ricos e americanizados, haviam rompido há anos sua relação com Osama.

Mas Moore, num acesso racista, diz que eles deveriam ter sido detidos. No livro, afirma também ser contra o consumo de drogas e o sexo antes dos 18 anos. Curiosamente, dá provas de ser mais parecido com Bush do que aparenta.

Cara, Cadê o Meu País
Avaliação:
Autor: Michael Moore
Editora: Francis
Quanto: R$ 34 (276 págs.)

Roger e Eu
Avaliação:
Direção: Michael Moore
Produção: EUA, 1989
Quanto: R$ 38 (90 min.)
 

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