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10/04/2004 - 07h44

"Mochileiro" espacial retorna às prateleiras

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ALEXANDRE MATIAS
Free-lance para a Folha de S.Paulo

Seja apenas uma coincidência sem sentido, como brincava o autor, ou parte de um cada vez maior intenso interesse por ficção científica, Douglas Adams volta às prateleiras do Brasil com sua "trilogia em cinco partes". "The Hitchhiker's Guide to the Galaxy" foi publicado na Inglaterra em 1979, e traduzido no Brasil em 86, pela editora Brasiliense, com o título de "O Mochileiro das Galáxias". A nova edição, que conta com ótimo prefácio de Bradley Trevor Greive, corrige o título, aproximando-o do original: "O Guia do Mochileiro das Galáxias".

Seguindo a tradição do clássico inglês "As Aventuras de Gulliver", de Johnathan Swift (publicado em 1726 e precursor do gênero ficção científica), o "Guia" parte de uma constatação contemporânea para criar um universo absurdo que funciona como crítica e sátira ao comportamento humano. E se Swift criou o falso diário de bordo do Doutor Lemuel Gulliver a partir da febre de publicações sobre os recém-descobertos confins da Terra, o "Guia" fundiu a cultura dos caroneiros que fervia na Europa dos anos 60 com o interesse da segunda metade do século 20 pela conquista do espaço.

A saga começa com a última rodada de bebidas entre Arthur Dent e Ford Prefect. Arthur é um inglês típico, com manias e convicções que o tornam tão exótico quanto os alienígenas que iremos conhecer nas páginas seguintes. Prefect é um de seus melhores amigos e, aparentemente, apenas um ator desempregado. Mas esconde um segredo.

Ele é, na verdade, um pesquisador de campo do livro "O Guia do Mochileiro das Galáxias", "o mais extraordinário livro jamais publicado pelas grandes editoras da Ursa Menor", um compêndio eletrônico com dicas de viagens pelo espaço resumido numa espécie de palmtop com cem teclas, cuja capa anunciava "...NÃO ENTRE EM PÂNICO". Nascido no planeta de Betelguese, Ford é o único ser na Terra que percebe que o planeta está prestes a ser destruído --o que de fato acontece-- e convence o amigo a acompanhá-lo em sua viagem de volta ao outro lado da galáxia.

O que parece uma história absurda e nonsense é, na verdade, uma desculpa para Adams ridicularizar a natureza humana em criar problemas inexistentes e se estranhar consigo mesma.

Da cosmogonia de Adams, saltaram para a realidade nomes como "Babelfish" (tradutor online do site Altavista), além de influenciar o disco mais celebrado do grupo Radiohead: a frase "OK Computer" saiu do "Guia", e "Paranoid Android" (Andróide Paranóico) é como um dos personagens da saga é descrito.

A série de livros foi publicada logo após o enorme sucesso da primeira versão da saga, que surgiu como uma radionovela transmitida pela BBC. Adams chegou a trabalhar na cultuada série "Dr. Who" e a escrever quadros para o programa do grupo Monty Python. Mas foi com o "Guia" que se tornou conhecido.

O livro fez mais sucesso que a série de rádio, dando origem a desdobramentos que geraram uma série para a TV, video game, peças de teatro, quadrinhos, além da própria saga literária, que ainda teve outros quatro volumes.

A nova edição de "Mochileiro" contempla a publicação dos próximos livros ao estampar o número 1 na capa e anunciar os próximos três lançamentos: "O Restaurante no Fim do Universo", "A Vida, o Universo e Tudo Mais" e "Até Mais, e Obrigado pelos Peixes!", todos já publicados no Brasil. Falta definir se o único livro da série inédito no país ("Mostly Harmless", de 92) será incluído na programação da editora.

A obra de Adams, que morreu vítima de ataque cardíaco em 2001, aos 49 anos, volta a gerar interesse, culminando a realização de um filme baseado na série, a ser lançado no ano que vem.

O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS
Autor: Douglas Adams
Editora: Sextante
Quanto: R$ 19,90 (210 págs.)
 

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