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12/04/2004 - 07h31

Diretor de Columbine lembra o massacre provocado por dois alunos

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RAFAEL CARIELLO
da Folha de S.Paulo, de Nova York

"Minha secretária entrou em meu escritório e disse: "Estão atirando lá embaixo". Respondi: "como assim, tiros?" Desci para o hall e me dei conta de que, de fato, havia uma pessoa caminhando pelo corredor com uma arma, atirando, balas passaram por mim, vidros quebraram e achei que fosse morrer", disse Frank DeAngelis à Folha de S.Paulo.

Há quase cinco anos, no dia 20 de abril de 1999, dois alunos de DeAngelis, diretor da escola secundária Columbine, nos Estados Unidos, mataram doze colegas e um professor, numa tragédia que aterrorizou o mundo e para a qual até hoje não se encontrou explicação.

"Continuei descendo pelo corredor, e o atirador vinha na minha direção. Fiquei congelado, com medo de morrer. Ouvi vozes vindo do vestiário. Eram meninas que estavam se preparando para a aula de ginástica, e elas iam entrar no corredor, no meio do tiroteio."

Naquele momento, DeAngelis ainda não havia percebido que quem atirava era um de seus alunos. "Só ouvia os tiros e via os vidros quebrando; via que era um sujeito com jeans, camiseta branca, casaco e um boné de beisebol". Enquanto isso, o outro mantinha colegas presos na cafeteria.

"Fui até as meninas, levei-as para o ginásio e fechei as portas. Não entendi por que o atirador não veio atrás de mim. Há pouco tempo descobri que aquele foi o mesmo momento em que um professor subia as escadas para o corredor. O atirador parou e foi atrás dele. Vinha para tentar tirar os alunos do prédio. Esse professor salvou a minha vida."

O diretor conseguiu então sair do ginásio por uma porta lateral e chegar à rua, na cidade de Littleton, no Estado americano do Colorado. Viu a polícia chegar e cercar Eric Harris, 18, e Dylan Klebold, 17, os adolescentes que se prepararam por meses para esse dia.

"Sabia que havia tiros sendo disparados. Um estudante com celular falava com o pai, de dentro da escola. E deu para ouvir os tiros."

Eric e Dylan se mataram, e a tragédia de Columbine acabou tendo várias conseqüências.

Em primeiro lugar, fizeram os EUA se questionarem sobre o que, em sua própria sociedade, tinha provocado aquele comportamento dos adolescentes.

"Não passa um dia sem que eu pense por que fizeram aquilo. Não sei o que pode causar tanto ódio numa pessoa. Havia tanto ódio neles. Há poucos anos, falava com um repórter alemão. Ele dizia que lá jamais havia acontecido algo parecido. No dia seguinte, aconteceu algo semelhante na Alemanha. Ninguém pode dizer que isso jamais acontecerá na sua escola, no seu país."

Para o diretor, a tragédia deixou as pessoas mais atentas. "Hoje, mais estudantes nos reportam comportamentos estranhos em Columbine."

DeAngelis, porém, não foi convencido a adotar as medidas extremas de segurança que se espalharam por muitas escolas públicas americanas.

"Sempre tivemos um policial na escola. Ele não carrega armas. Não colocamos detetores de metal. Detetores não teriam parado os estudantes naquele dia. Mesmo se você tivesse alguém lá, armado, eles teriam matado essa pessoa. Diferente de muita gente, não acho que essa seja a solução", conclui.

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