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13/04/2004 - 06h27

Curadores vêm ao Brasil em busca de integração com arte nacional

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Envolvimento. Nos últimos 15 dias, vários e importantes curadores estrangeiros passaram por São Paulo com um novo discurso nas mostras sobre arte brasileira que pretendem organizar em seu país de origem: querem maior integração com o circuito nacional.

Em fevereiro, num encontro sobre cultura brasileira em Paris, a pesquisadora Ana Letícia Fialho, que realiza um doutorado lá, apresentou uma avaliação negativa sobre recentes mostras com temas nacional no exterior: "A fim de participar da cena internacional, os agentes brasileiros estão sempre prontos para fazer concessões excessivas", disse Fialho.

Passaram por aqui atrás de maior envolvimento os franceses Corine Diserens, diretora do Museu de Belas Artes de Nantes, Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Europeènne de la Photographie, em Paris, Alfred Pacquement, diretor do Museu Nacional de Arte Moderna de Paris, e o americano Peter Marzio, diretor do Museu de Belas Artes de Houston, nos EUA.

Das propostas, a mais radical é de Marzio, diretor do museu há 22 anos. Ele criou um Centro Internacional de Artes das Américas, vinculado à sua instituição, dirigido por Mari Carmen Ramirez, que investirá, em dez anos, US$ 50 milhões em quatro grandes mostras, aquisição de obras e edição de dez volumes sobre arte latino-americana. A primeira exposição, "Utopias Invertidas - As Vanguardas Artísticas na América Latina", com 200 obras, será aberta no dia 20 de junho, e o primeiro livro, dedicado a manifestos, está sendo elaborado, na parte correspondente ao Brasil, em parceria com a Fapesp, sob coordenação de Ana Maria Belluzzo.

Um dos motivos é criar um diferencial: "Os museus dos EUA e Europa apresentam sempre os mesmos artistas. Não podemos direcionar nossa atuação apenas pensando em atrair público, mas na relevância; é preciso ter relação com o contexto", defende Marzio, que explica que a comunidade latino-americana é a que mais cresce em sua cidade.

Já os diretores franceses têm marcado presença porque o Brasil é o tema da temporada cultural do país, no próximo ano. Em Nantes, Diserens organiza em parceria com a Fundação Lygia Clark uma mostra sobre a artista, com curadoria de Suely Rolnik, que terá um enfoque de pesquisa, a partir dos arquivos da instituições e de depoimentos dos que conviveram com Clark (1920-88), durante seus anos em Paris. A previsão é para agosto de 2005.

"É preciso trabalhar muito um artista para que ele possa ser exibido. É papel dos museus hoje estar atento à pesquisa", afirmou Diserens, que prepara uma parceria com a Pinacoteca de SP para exposição de fotógrafos franceses, curada por Lisette Lagnado.

Já Monterosso prepara duas exposições para seu museu, uma sobre a relação pintura e fotografia na obra de Miguel Rio Branco e outra sobre fotografias de Edemar Cid Ferreira. "Nas duas exposições temos uma grande colaboração com brasileiros. O próprio Miguel está pensando na forma de apresentar o trabalho e opinando na seleção das obras", conta o diretor, que assume só uma curadoria a cada três anos. Ambas estão previstas para setembro de 2005 e ocuparão toda a Maison.

Finalmente, Pacquement, do museu do Centro Pompidou, ainda não tem definida a mostra sobre o Brasil, para o próximo ano, mas promete que ela impressionará "até os especialistas brasileiros". O diretor não fala sem conhecimento: ele foi o responsável, como diretor da galeria do Jeu de Paume, em Paris, pela retrospectiva de Hélio Oiticica (1937-80), com cinco curadores, entre eles a francesa Catherine David e o brasileiro Luciano Figueiredo, em 92, que inseriu definitivamente o artista no circuito internacional.

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