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15/04/2004 - 05h21

Dulce Pontes investiga dor do fado hoje em São Paulo

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EDSON FRANCO
editor de Veículos e Construção

Amar é doloroso. Essa é a impressão que vai tomar conta dos corações e mentes que forem hoje ao DirecTV Music Hall ver a apresentação da portuguesa Dulce Pontes, 35, atualmente a maior especialista na arte de investigar os meandros melancólicos do fado.

Pelo jeito, a melancolia fica restrita aos palcos e aos estúdios. Exemplo de que ela leva a vida na esportiva aconteceu na última segunda. "Parece que havia pessoas dançando no quarto sobre o meu. Quase virei um zumbi e quis pôr rolhas nos ouvidos", disse, entre risadas, referindo-se ao hotel curitibano de onde falou à Folha.

Motivos para afastar a tristeza não faltam. Além de ser considerada a porta-voz da musicalidade lusitana, no ano passado a moça viu virar realidade uma promessa de oito anos: gravar o CD "Focus", em que divide os microfones com a orquestra do maestro italiano Ennio Morricone, 75, célebre por ter composto as trilhas de filmes como "Cinema Paradiso" e faroestes de Sergio Leone.

"A idéia partiu do maestro. Nós nos conhecemos em 1995, quando cantei 'A Brisa do Coração' na trilha do filme 'Sostiene Pereira'. Três anos depois, comecei a participar de várias apresentações dele." Reza a lenda que, naquele primeiro encontro, Morricone disse que só gravaria com Pontes após ela completar 30 anos.

Apesar de se julgar madura o suficiente, a cantora afirma que seu encontro com a orquestra não foi desprovido de frios na barriga. "Sentir aquela sonoridade toda atrás de mim foi como estar no céu, mas com um pé no inferno", conta ela para descrever a dificuldade que foi ajustar o seu timbre delicado a uma convivência pacífica com cordas, peles e metais.

Além do repertório e da voz, pouco do disco sobe ao palco hoje. "Nós nem tentamos reproduzir o som de Morricone. Seria ridículo. Até porque o show não será baseado apenas em 'Focus'."

Assim, além de algumas canções do CD, a cantora vai passear por fados tradicionais, composições de Astor Piazzolla e música brasileira, uma paixão antiga, segundo ela. "Sempre fui contaminada pela música daqui. Lembro que, na minha primeira audição, misturei Amália Rodrigues com uma leitura de 'Fascinação' muito próxima da que Elis fazia."

Pontes diz que em sua infância não teve aulas de canto, só de piano. Em seu currículo, traz uma passagem pela banda de rock urbano Os Per Capta. "Ensaiávamos no sótão. Até que um dia a polícia chegou e acabou com tudo."

Depois de mulher feita, uma professora ajudou a domesticar os registros mais agudos de sua voz, que, segundo a cantora, eram fortes demais, próximos ao de um trompete. O resto de seu talento de intérprete foi lapidado em experiências em comédias musicais.

Foi assim que, aos 23 anos, chegou ao seu primeiro disco, "Lusitana", pontapé inicial numa carreira que decolaria com o disco seguinte, "Lágrimas" (93), que a fez receber convites para colocar a voz ao lado das de José Carreras, Cesária Évora e Caetano Veloso.

DULCE PONTES
Quando:
hoje, às 21h30
Onde: DirecTV Music Hall (av. dos Jamaris, 213, Moema, SP, tel. 0/xx/11/ 6846-6040)
Quanto: de R$ 60 a R$ 100
 

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