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16/04/2004 - 04h57

Sistema oferece disco "ao vivo e instantâneo"

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SHIN OLIVA SUZUKI
da Folha de S.Paulo

Imagine aquele show que todos esperam só mais do mesmo. Você decide assisti-lo e, por um motivo ou por outro, a tal apresentação se mostra única, fato digno de entrar para a história. Sem ninguém para registrar, agora fica por conta da memória, não é? Não, porque a tecnologia se meteu a dar uma mãozinha para resolver isso.

Um sistema que já vem sendo comercializado no mercado norte-americano desde o ano passado propõe que o espectador já tenha um CD debaixo do braço 20 minutos após o término de uma apresentação, pronto para ser ouvido no carro ou em casa.

O lançamento oficial de vários shows de uma turnê, com intuito de combater a pirataria ao vivo, já vinha sendo feito por grupos como Pearl Jam e Phish, mas o álbum só estava nas lojas meses depois. A idéia não chegou a ser abraçada com entusiasmo pela grande maioria dos artistas.

Agora, com a possibilidade de que o show em si já seja institucionalizado como souvenir, a expectativa é que a resistência caia. Duas empresas dos Estados Unidos, a DiscLive e a Rockslide, já estão no novo negócio. A Clear Channel, gigante promotora de shows do mercado mundial, promete também entrar na parada dentro de alguns meses.

A Rockslide trabalha com foco em obscuros artistas do underground americano, como Antibalas e Blue Dogs, e entrega o CD ao vivo em 24 horas, por meio de sedex. A DiscLive já registrou shows de Billy Idol e da versão repaginada dos Doors e ganhou destaque com o contrato firmado recentemente para gravar toda a turnê de retorno dos Pixies no Canadá e nos Estados Unidos.

A empresa, segundo seu site, possui um trailer de oito metros de comprimento com um equipamento que grava e embala os CDs, em processo que fabrica 200 discos em menos de cinco minutos. Na turnês dos Pixies, cada show terá mil álbuns numerados, sendo 500 vendidos antecipadamente via internet, 500 no local da apresentação.

O presidente da DiscLive, Sami Valkonen, disse à Folha que a estratégia comercial da companhia será a de enfatizar a venda de "uma edição limitada". "Uma vez esgotado o disco, ele se torna item de colecionador e poderá ser encontrado só em sites de leilão, provavelmente a peso de ouro."

É, na opinião de Valkonen, o que também justifica o preço de US$ 25 de cada disco, bastante salgado para tempos de crise do formato. "Na verdade são dois discos pelo valor, porque as apresentações têm duração superior aos 76 minutos do CD", explica.

Segundo o executivo, a comercialização é negociada entre todas as partes envolvidas --artistas, gravadoras e promotores--, para não haver entraves legais. "Nós vemos isso como uma oportunidade de lucro, de capitalização para todos os que detêm direitos envolvidos no negócio. Há margens de ganho para todos."

Os CDs instantâneos vêm atingindo uma média de 15% do público que vai aos shows com o sistema disponível. Com a expectativa em torno da volta dos Pixies --que fizeram o primeiro show da turnê anteontem, na cidade de Minneapolis--, a empresa espera que esse número suba para 30%.

Futuramente, de acordo com Valkonen, há a possibilidade de a DiscLive comercializar algumas faixas --que contenham algum "momento histórico"-- à parte, em sites de download pago.

Mercados mais visados, como a Europa, deverão ser atendidos em breve, mas o Brasil ainda irá ficar com o show de 8 de maio dos Pixies na memória --ou em uma cópia pirata. Algo que, mesmo com o advento do sistema, não deverá desaparecer, reconhece o próprio presidente da Disclive: "Seria ingênuo acreditar que o CD instantâneo representa definitivamente o fim da pirataria".
 

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