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26/04/2004 - 09h24

Obras do artista alemão Joseph Beuys abrem galeria no Rio

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ANA PAULA CONDE
Free-lance para a Folha de S.Paulo

A escolha das obras de Joseph Beuys (1921-86) para abrir a galeria Theodor Lindner, em Ipanema (zona sul do Rio), não se deve somente à importância do artista alemão para a arte do século 20.

"O caráter democrático de sua trajetória foi o fator principal", explica o galerista e colecionador Theodor Lindner, 45.

A mostra "Joseph Beuys - Multiples", que será aberta hoje, reúne cerca de 20 obras, produzidas entre 1968 e 1985. Todas estarão à venda, com preço que variam entre R$ 120 e R$ 12 mil.

As mais baratas são os cartões postais de madeira e feltro, não-assinados. A mais cara é a peça "A Mesa", composta por uma lata com um filme mostrando uma performance de Beuys com Anatol Herzfeld, Ulrich Meister, Jochen Duckwitz e Johannes Stüttgen, seus alunos em 1971.

Lindner explica que os múltiplos, peças com diversas tiragens (como litografia, xilogravura ou gravura em metal), que dão nome à exposição, traduzem uma das questões centrais da obra de Beuys: a defesa da popularização da arte.

"O artista dizia que esse tipo de produção o interessava porque a multiplicação de idéias o interessava", afirma.

A vontade de retirar a arte do alcance somente da elite o fez aderir, ainda que por um curto período, ao movimento Fluxus. Criado no início da década de 60, o grupo pretendia abolir os limites da arte e transformar a autoria individual em obra coletiva.

A trajetória de Beuys é marcada pela experiência da Segunda Guerra Mundial. O avião em que estava, quando servia na Força Aérea, caiu e o artista foi salvo por homens nômades da Tartária (região na antiga União Soviética). Eles esfregaram o corpo do artista com gordura e o enrolaram em feltro. O acidente deixou marcas no seu conceito de arte e também na inovação do uso de materiais. A gordura e o feltro, por exemplo, aparecem em diversas de suas obras.

Lindner lembra que o artista também foi pioneiro na realização de performances políticas e na utilização do vídeo.

"Ele derrubou a idéia de suporte tradicional, uma questão fundamental na discussão contemporânea. Além disso, passou a se relacionar com aspectos que eram mais presentes na antropologia cultural, como os arquétipos", disse a artista Anna Bella Geiger.

O desejo de ultrapassar barreiras não se limitava ao uso de suportes diferenciados. Beuys acreditava que todos tinham potencial criativo e, quando era professor na Academia de Belas Artes em Düsseldorf (Alemanha), tentou aceitar todos que desejassem ser alunos. A iniciativa esbarrou no processo admissional da instituição e o artista acabou demitido.

"Essa postura evidencia que a análise de sua obra não pode ser feita somente pelo cenário artístico", disse Geiger. "A matéria de Beuys era toda a sociedade. Sua obra estava ligada a ações. Isso não era comum em outros artistas", afirma o galerista, lembrando que ele ajudou a criar o Partido Verde alemão, em 1979.

Lindner também é alemão. Está no Brasil há seis anos. Ele pretende transformar sua galeria num espaço de intercâmbio internacional para novos artistas. "Não quero expor somente arte consagrada, quero apostar no novo. Esse é o papel do galerista", disse.

JOSEPH BEUYS - MULTIPLES
Onde: galeria Theodor Lindner (r. Visconde de Pirajá, 444, loja 213. Ipanema, Rio, tel. 0/ xx/ 21/ 2522-3129)
Quando: hoje, às 18h30 (para convidados); de ter. a sex., das 14h às 19h; sáb., das 11h às 14h. Até 22/5
Quanto: entrada franca
 

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