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14/05/2004 - 08h37

Multas fazem TVs e rádios norte-americanas adotar censura

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FERNANDO CANZIAN
da Folha de S.Paulo, de Washington

Emissoras de rádio e TV norte-americanas estão adotando a autocensura para se prevenir contra uma nova onda conservadora das autoridades que controlam a mídia no país e contra leis e multas mais duras aprovadas há poucos dias pelo Congresso dos EUA.

Algumas rádios chegaram a proibir a veiculação de certas músicas da banda Rolling Stones e do cantor Elton John por conter palavras como "bitch" (puta).

Outras passaram a usar equipamentos que retardam em alguns segundos o que vai ao ar em programas ao vivo, dando tempo para eliminar palavras indesejadas.

A nova onda conservadora começou timidamente no início de fevereiro, quando a FCC (Federal Communications Commision, que controla o setor) ameaçou punir a rede de TV CBS por ter veiculado imagens da cantora Janet Jackson com um seio à mostra em um intervalo do Super Bowl, a final do campeonato de futebol americano.

Após o episódio, a FCC (controlada por Michael Powell, filho de Colin Powell, secretário de Estado de Bush) e o Congresso (dominado pelos republicanos do partido do presidente) partiram para uma ofensiva que culminou com a suspensão de programas e a adoção de multas elevadas.

Os novos valores para empresas que veicularem "obscenidades" variam de US$ 500 mil a US$ 3 milhões --contra um valor máximo de US$ 27,5 mil cobrado até o fim de março. Para emissoras menores, se aplicadas, as multas podem arruinar seus negócios.

O "neoconservadorismo" da FCC mostrou-se inclusive "retroativo" ao punir recentemente a rede NBC por ter veiculado, ainda em 2003, um comentário do líder da banda U2, Bono Vox. Ao ser prestigiado no Globo de Ouro na NBC, Bono qualificou a homenagem como "fucking brilliant".

Além de programas ao vivo, o secretário de Justiça dos EUA, John Ashcroft, já manifestou a intenção de proibir redes como a HBO de veicular séries noturnas de sexo e de restringir a veiculação de material do mesmo tipo em redes de hotéis no país.

A maior vítima, no entanto, foi o radialista Howard Stern, conhecido por comandar um "talk show" com forte conteúdo sexual.

Veiculado em seis emissoras da rede Clear Channel, Stern foi retirado do ar depois que a empresa foi ameaçada de ter de recolher US$ 500 mil para cada rádio que veicular programa do radialista.

Na véspera, Stern voltava das férias com o livro "Mentiras e os Mentirosos que as Contam", de Al Franken. Seu comentário: "Se você ler este livro, nunca mais vai votar em Bush. Acho que esse cara é um fanático religioso e um Jesus maluco que quer aprovar uma agenda bizarra para este país".

Em seguida, Stern entrevistou Rick Salomon, ex-namorado de Paris Hilton, herdeira da rede de hotéis do mesmo nome. O casal ficou conhecido após aparecer em cenas de sexo na web. Dois dias depois, Stern estava fora do ar.
 

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