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14/05/2004
-
08h46
GUILHERME BAHIA
da Folha de S.Paulo
Uma foto de Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, é a última imagem do documentário "Ato de Fé", que trata da relação dos frades dominicanos com a Aliança Libertadora Nacional (ALN) e será exibido hoje pela Rede SescSenac.
O filme narra fatos já bem conhecidos da luta armada na voz de alguns de seus personagens. Os depoimentos dominam o documentário, sobretudo os dos frades. São complementados por algumas --não muitas-- imagens de época.
A morte de Frei Tito foi emblemática da luta contra a ditadura. Ele foi preso em 1969, acusado de subversão. Depois de torturado, tentou se matar cortando os pulsos. Exilado e com a saúde mental debilitada, se enforcou na França, em 1974, aos 29 anos.
A tortura de Frei Tito é a mais marcante nos depoimentos do documentário. Ele foi um dos dominicanos que deram cobertura a ações da ALN, das quais a mais significativa foi o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969.
Essa ação pegou de surpresa o líder da guerrilha, Carlos Marighella (1911-69), conta o escritor Emiliano José. O guerrilheiro previu que o seqüestro faria o governo intensificar a repressão. "E foi o que o ocorreu", diz o escritor.
Depois da libertação do embaixador, o hoje assessor da Presidência Frei Betto montou um esquema para retirar os seqüestradores do país via Uruguai. No documentário, ele conta detalhes do esquema, cuja descoberta atribui a uma infiltração policial na ALN.
A morte de Marighella veio na seqüência. Os jornais noticiaram que os dominicanos o traíram --uma das "vergonhas máximas" da imprensa no período, diz Roberto Romano, ex-frei dominicano e hoje filósofo da Unicamp.
Frei Oswaldo Rezende, os ex-freis João Valença e Ivo Lesbaupin, o jornalista Franklin Martins (que escreveu o manifesto dos seqüestradores do embaixador), o economista Paulo de Tarso Venceslau --outro que seqüestrou Elbrick e que em 1997 denunciou supostas fraudes em prefeituras do PT-- e a historiadora Maria Aparecida de Aquino são outros narradores de "Ato de Fé".
ATO DE FÉ. Quando: hoje, às 22h, na Rede SescSenac.
Religiosos e ditadura movem documentário "Ato de Fé"
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da Folha de S.Paulo
Uma foto de Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, é a última imagem do documentário "Ato de Fé", que trata da relação dos frades dominicanos com a Aliança Libertadora Nacional (ALN) e será exibido hoje pela Rede SescSenac.
O filme narra fatos já bem conhecidos da luta armada na voz de alguns de seus personagens. Os depoimentos dominam o documentário, sobretudo os dos frades. São complementados por algumas --não muitas-- imagens de época.
A morte de Frei Tito foi emblemática da luta contra a ditadura. Ele foi preso em 1969, acusado de subversão. Depois de torturado, tentou se matar cortando os pulsos. Exilado e com a saúde mental debilitada, se enforcou na França, em 1974, aos 29 anos.
A tortura de Frei Tito é a mais marcante nos depoimentos do documentário. Ele foi um dos dominicanos que deram cobertura a ações da ALN, das quais a mais significativa foi o seqüestro do embaixador americano Charles Elbrick, em 1969.
Essa ação pegou de surpresa o líder da guerrilha, Carlos Marighella (1911-69), conta o escritor Emiliano José. O guerrilheiro previu que o seqüestro faria o governo intensificar a repressão. "E foi o que o ocorreu", diz o escritor.
Depois da libertação do embaixador, o hoje assessor da Presidência Frei Betto montou um esquema para retirar os seqüestradores do país via Uruguai. No documentário, ele conta detalhes do esquema, cuja descoberta atribui a uma infiltração policial na ALN.
A morte de Marighella veio na seqüência. Os jornais noticiaram que os dominicanos o traíram --uma das "vergonhas máximas" da imprensa no período, diz Roberto Romano, ex-frei dominicano e hoje filósofo da Unicamp.
Frei Oswaldo Rezende, os ex-freis João Valença e Ivo Lesbaupin, o jornalista Franklin Martins (que escreveu o manifesto dos seqüestradores do embaixador), o economista Paulo de Tarso Venceslau --outro que seqüestrou Elbrick e que em 1997 denunciou supostas fraudes em prefeituras do PT-- e a historiadora Maria Aparecida de Aquino são outros narradores de "Ato de Fé".
ATO DE FÉ. Quando: hoje, às 22h, na Rede SescSenac.
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