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17/05/2004
-
08h12
DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo
Depois de quase um ano e meio cavoucando bandas no "subterrâneo" brasileiro, a gravadora Trama anunciou na semana passada o primeiro broto de sua nova investida no campo da música digital: o site www.tramavirtual.com.
O projeto, que já vinha sendo testado extra-oficialmente desde novembro de 2002, reúne atualmente mais de 5.700 faixas de grupos independentes, do Rio Grande do Sul à Paraíba, disponibilizadas gratuitamente no site.
Entre outras ferramentas, oferece serviço de classificados, notícias, fóruns, página pessoal e um curioso sistema em que o usuário critica as músicas das bandas.
A direção do projeto está a cargo do produtor musical Carlos Eduardo Miranda, 42, que tenta realizar uma espécie de curadoria sobre o que está acontecendo nas diversas "cenas" do país. Os destaques vão para um top 100, que é atualizado semanalmente. Lá estão o hard rock paulista do Lastpain, o trance do DJ carioca Flowhere e a garageira dos gaúchos do... Hipnóticos? Muito prazer.
"O mercado independente não pára de crescer. E é disso mesmo que a gente precisa, de renovação na música, renovação na nossa cultura. Acabou o império do marketing", profetiza Miranda. "Quem sabe uma gravadora grande não entra no site e descobre um artista aqui? Seria ótimo!"
Apesar do pouco tempo de vida, Miranda já se vangloria da primeira banda 100% lançada no site: o grupo de electrorock Cansei de Ser Sexy, que há semanas ocupa a lista dos dez mais baixados.
"Eles surgiram aqui dentro e acabaram virando uma banda cult, ativa no cenário nacional. Noutro dia, me disseram que não estão nem pensando em fazer um disco ainda", conta Miranda, que não descarta a hipótese de as bandas virem a participar de coletâneas de artistas da própria gravadora. "Tudo pode acontecer, talvez até no futuro cobrar pelas músicas, se os artistas quiserem, se a comunidade aceitar", relativiza.
Vale frisar que, apesar da presença de alguns "veteranos", como a gauchada do Júpiter Maçã e Wander Wildner, os artistas oficiais da gravadora não fazem parte do projeto. A idéia é juntar a fome (dos independentes) com a vontade de comer (da gravadora), no novo banquete da distribuição de música na web onde, até agora, não se sabe quem pagará a conta:
"As bandas independentes têm consciência de que a gente está num primeiro ponto conquistando o consumidor. Até ontem a indústria estava processando os "file-sharers'", afirma João Marcelo Boscolli, 32, sócio-fundador da gravadora Trama.
"Não estamos preocupados em ganhar dinheiro nem acho que a internet vá destruir a música. Existem momentos na história em que se precisa correr o risco. O mercado tende a ser muito maior do que já é hoje", conclui.
Independentes aderem à rede da gravadora Trama
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da Folha de S.Paulo
Depois de quase um ano e meio cavoucando bandas no "subterrâneo" brasileiro, a gravadora Trama anunciou na semana passada o primeiro broto de sua nova investida no campo da música digital: o site www.tramavirtual.com.
O projeto, que já vinha sendo testado extra-oficialmente desde novembro de 2002, reúne atualmente mais de 5.700 faixas de grupos independentes, do Rio Grande do Sul à Paraíba, disponibilizadas gratuitamente no site.
Entre outras ferramentas, oferece serviço de classificados, notícias, fóruns, página pessoal e um curioso sistema em que o usuário critica as músicas das bandas.
A direção do projeto está a cargo do produtor musical Carlos Eduardo Miranda, 42, que tenta realizar uma espécie de curadoria sobre o que está acontecendo nas diversas "cenas" do país. Os destaques vão para um top 100, que é atualizado semanalmente. Lá estão o hard rock paulista do Lastpain, o trance do DJ carioca Flowhere e a garageira dos gaúchos do... Hipnóticos? Muito prazer.
"O mercado independente não pára de crescer. E é disso mesmo que a gente precisa, de renovação na música, renovação na nossa cultura. Acabou o império do marketing", profetiza Miranda. "Quem sabe uma gravadora grande não entra no site e descobre um artista aqui? Seria ótimo!"
Apesar do pouco tempo de vida, Miranda já se vangloria da primeira banda 100% lançada no site: o grupo de electrorock Cansei de Ser Sexy, que há semanas ocupa a lista dos dez mais baixados.
"Eles surgiram aqui dentro e acabaram virando uma banda cult, ativa no cenário nacional. Noutro dia, me disseram que não estão nem pensando em fazer um disco ainda", conta Miranda, que não descarta a hipótese de as bandas virem a participar de coletâneas de artistas da própria gravadora. "Tudo pode acontecer, talvez até no futuro cobrar pelas músicas, se os artistas quiserem, se a comunidade aceitar", relativiza.
Vale frisar que, apesar da presença de alguns "veteranos", como a gauchada do Júpiter Maçã e Wander Wildner, os artistas oficiais da gravadora não fazem parte do projeto. A idéia é juntar a fome (dos independentes) com a vontade de comer (da gravadora), no novo banquete da distribuição de música na web onde, até agora, não se sabe quem pagará a conta:
"As bandas independentes têm consciência de que a gente está num primeiro ponto conquistando o consumidor. Até ontem a indústria estava processando os "file-sharers'", afirma João Marcelo Boscolli, 32, sócio-fundador da gravadora Trama.
"Não estamos preocupados em ganhar dinheiro nem acho que a internet vá destruir a música. Existem momentos na história em que se precisa correr o risco. O mercado tende a ser muito maior do que já é hoje", conclui.
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