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18/05/2004 - 03h49

Filme de Moore flagra reação inédita de Bush

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SÉRGIO DÁVILA
Enviado especial a Cannes

Leia a seguir os principais tópicos da entrevista de Michael Moore ontem em Cannes, a propósito da estréia do documentário "Fahrenheit 9/11".

FATOS INÉDITOS - "Mostro, por exemplo, a ficha militar de Bush. Havia conseguido em 2000, via a lei que permite esse acesso. Baseado nela, eu o acusei de desertor no ano passado, o que levou a Casa Branca a divulgar essa mesma ficha. Só que agora com um nome riscado, exatamente o de James Bath (que foi companheiro de Bush e depois viraria o representante dos negócios da família Bin Laden nos EUA). Por que eles riscaram esse nome (mostra os dois documentos)? Mostro também os sete minutos em que Bush ficou sentado, na frente de uma classe de crianças, sem fazer absolutamente nada, depois que soube do segundo avião no World Trade Center --do primeiro ele já tinha sido avisado antes de começar a cerimônia. Como conseguimos essa? Ligamos para a escola em que ele esteve e perguntamos se alguém havia gravado. Gravaram, claro, estava lá. Eles estranharam que nenhuma TV antes tenha pedido as imagens...".

CENAS DOS PRISIONEIROS - "Isso é uma desgraça. E esse filme teve de depender de free-lancers para agora chegar ao povo dos EUA. Será um mistério revelado. O público, sim, vai ficar em "shock and awe" ("choque e pavor", nome da ofensiva no Iraque). O povo tem o direito de saber o que é feito com os dólares de seus impostos".

FALHA DE CARÁTER - "Quando Bush diz que os soldados que torturaram iraquianos têm 'falha de caráter', devia saber que o peixe começa a apodrecer pela cabeça. Mostro que ações imorais, como justificar uma guerra baseado numa mentira, dão margem a ações imorais, como torturas. Mas estou otimista. As sujeiras do Vietnã demoraram anos para vir à tona; as de agora, só alguns meses".

AUSÊNCIA DE BLAIR - "Peguei leve (com o primeiro-ministro britânico) porque sou americano e sei que o problema está na Casa Branca. O que eu posso dizer de Blair é que ele parece ser um sujeito que sabe o que faz, o que me espanta ainda mais o fato de ele ter se metido com alguém como Bush. No dia seguinte ao primeiro encontro deles em Camp David (uma das residências presidenciais), Bush começou a entrevista coletiva dizendo: 'Nós usamos o mesmo tipo de pasta de dente'! Essa deveria ter sido a primeira dica para Blair!".

INVASÃO DO IRAQUE - "Não adianta nada ter derrubado Saddam. O povo tem de querer primeiro, o desejo pela liberdade tem de ser orgânico, não forçado pela ponta da baioneta".

TEM MEDO - "Do quê? Esses aqui (aponta quatro seguranças que o esperam na porta) são meus instrutores de pilates (tipo de ginástica), meu massagista... Não tenho medo de nada, deveria ter?".

CASA BRANCA - "Adoraria que 'Fahrenheit' fosse exibido lá. Eu iria e me comportaria, me encontraria pela primeira vez com Bush e lembraria que um primo dele foi meu cameraman em 'Roger e Eu' (documentário que deu fama a Moore) e que Bush pai chegou mesmo a exibi-lo em Camp David, quando era presidente".

POR QUE O FILME - "Quando faço um filme, penso em algo que o espectador possa assistir na sexta à noite. O princípio é algo que entretenha, que você possa ver com sua namorada, comendo pipoca, e que ria e chore. Só que dessa vez eu sou o sério, e Bush é o responsável pelas falas cômicas. Tanto que tentei registrá-lo como co-autor do roteiro no sindicato que cuida disso, mas tive o pedido recusado".
 

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