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19/05/2004
-
13h26
MARÍA CARMONA
da France Presse, em Cannes (França)
Com o longa "Diários de Motocicleta", o diretor brasileiro Walter Salles nos leva a uma viagem pela América Latina, seguindo os passos de Ernesto Guevara num rito de passagem decisivo para que o então jovem médico argentino se transformasse no mítico Che, mas o filme também é uma declaração de amor à região.
Acolhido triunfalmente ao ser apresentado hoje no Festival de Cannes, "Diários de Motocicleta", cujo produtor é o ator e diretor americano Robert Redford, é baseado nos "Diários de Viagens", de Che, e no livro e em testemunhos de Alberto Granado, amigo de Che e autor de um livro sobre esta viagem que os dois fizeram juntos.
O longa foi filmado em espanhol na Argentina, no Chile, no Peru, nos mesmos lugares em que Ernesto Guevara e seu amigo, Alberto Granado, percorreram há 50 anos.
Em 1952, Ernesto Guevara tinha 23 anos e Alberto Granado, 29. Eram jovens com sede de aventuras e que queriam conhecer o mundo. Os dois partiram de moto de Buenos Aires e percorreram uma Argentina que não conheciam, além de Chile e Peru. Descobriram a vida dos camponeses, dos mineiros e trabalharam num leprosário da Amazônia peruana. A aventura terminou na Venezuela, onde os amigos se separaram.
Uma viagem durante a qual o futuro Che conheceu a América do Sul, descobriu toda a sua injustiça, sua beleza, sua gente mais humilde, mas também seus escritores e a obra de Mariátegui.
Walter Salles queria mostrar o personagem "como era e não como chegou a ser depois", mas consegue narrar sutilmente uma tomada de consciência, uma mudança. Ao terminar o filme, Granado se despede de Guevara e lhe pergunta o que o amigo vai fazer. Ele responde: "Não sei. Quanta injustiça, não?"
Mas, ao revisitar a viagem do Che, Walter Salles também fala da sua própria.
O filme "descreve a América Latina de hoje", disse o diretor na entrevista coletiva que se seguiu à exibição do filme.
O que os livros de Guevara e Granado "contavam em 1953 descreve a América Latina de hoje". "Os problemas de pobreza, de injustiça, de propriedade de terra são os mesmos hoje do que então", disse o cineasta.
"Não tive a impressão de fazer um filme 'histórico', mas tive um sentimento de urgência. Não senti que era uma história, que se conjuga no passado, mas no presente", continuou.
Salles e sua equipe percorreram o caminho feito por Che e Granado três vezes, duas para a preparação e uma para a filmagem do longa.
"Quisemos aceitar o convite à viagem e à descoberta de uma realidade que nós tampouco conhecíamos realmente. Vivemos este filme coletivamente na realidade, no presente", reforçou.
Foi um filme decisivo para o diretor, que confessa ter sido transformado. "Comecei este filme considerando-me um diretor brasileiro e o terminei ainda me sentindo brasileiro, mas também e sobretudo latino-americano", disse.
"Diários de Motocicleta" é protagonizado pelo mexicano Gael García Bernal, no papel de Ernesto Guevara, e pelo argentino Rodrigo de la Serna, no de Alberto Granado.
O ator mexicano, que já tinha impressionado por sua interpretação em "La Mala Educación", de Pedro Almodóvar, até agora aparece como favorito nos prognósticos ao prêmio de melhor ator.
E a acolhida triunfal que o Festival reservou a Walter Salles parece ser de muito bom augúrio. Ao que tudo indica, a premiação desta 57ª edição de Cannes poderá ter sabor latino-americano.
"Diários de Motocicleta" faz declaração de amor à América Latina
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da France Presse, em Cannes (França)
Com o longa "Diários de Motocicleta", o diretor brasileiro Walter Salles nos leva a uma viagem pela América Latina, seguindo os passos de Ernesto Guevara num rito de passagem decisivo para que o então jovem médico argentino se transformasse no mítico Che, mas o filme também é uma declaração de amor à região.
Acolhido triunfalmente ao ser apresentado hoje no Festival de Cannes, "Diários de Motocicleta", cujo produtor é o ator e diretor americano Robert Redford, é baseado nos "Diários de Viagens", de Che, e no livro e em testemunhos de Alberto Granado, amigo de Che e autor de um livro sobre esta viagem que os dois fizeram juntos.
O longa foi filmado em espanhol na Argentina, no Chile, no Peru, nos mesmos lugares em que Ernesto Guevara e seu amigo, Alberto Granado, percorreram há 50 anos.
Em 1952, Ernesto Guevara tinha 23 anos e Alberto Granado, 29. Eram jovens com sede de aventuras e que queriam conhecer o mundo. Os dois partiram de moto de Buenos Aires e percorreram uma Argentina que não conheciam, além de Chile e Peru. Descobriram a vida dos camponeses, dos mineiros e trabalharam num leprosário da Amazônia peruana. A aventura terminou na Venezuela, onde os amigos se separaram.
Uma viagem durante a qual o futuro Che conheceu a América do Sul, descobriu toda a sua injustiça, sua beleza, sua gente mais humilde, mas também seus escritores e a obra de Mariátegui.
Walter Salles queria mostrar o personagem "como era e não como chegou a ser depois", mas consegue narrar sutilmente uma tomada de consciência, uma mudança. Ao terminar o filme, Granado se despede de Guevara e lhe pergunta o que o amigo vai fazer. Ele responde: "Não sei. Quanta injustiça, não?"
Mas, ao revisitar a viagem do Che, Walter Salles também fala da sua própria.
O filme "descreve a América Latina de hoje", disse o diretor na entrevista coletiva que se seguiu à exibição do filme.
O que os livros de Guevara e Granado "contavam em 1953 descreve a América Latina de hoje". "Os problemas de pobreza, de injustiça, de propriedade de terra são os mesmos hoje do que então", disse o cineasta.
"Não tive a impressão de fazer um filme 'histórico', mas tive um sentimento de urgência. Não senti que era uma história, que se conjuga no passado, mas no presente", continuou.
Salles e sua equipe percorreram o caminho feito por Che e Granado três vezes, duas para a preparação e uma para a filmagem do longa.
"Quisemos aceitar o convite à viagem e à descoberta de uma realidade que nós tampouco conhecíamos realmente. Vivemos este filme coletivamente na realidade, no presente", reforçou.
Foi um filme decisivo para o diretor, que confessa ter sido transformado. "Comecei este filme considerando-me um diretor brasileiro e o terminei ainda me sentindo brasileiro, mas também e sobretudo latino-americano", disse.
"Diários de Motocicleta" é protagonizado pelo mexicano Gael García Bernal, no papel de Ernesto Guevara, e pelo argentino Rodrigo de la Serna, no de Alberto Granado.
O ator mexicano, que já tinha impressionado por sua interpretação em "La Mala Educación", de Pedro Almodóvar, até agora aparece como favorito nos prognósticos ao prêmio de melhor ator.
E a acolhida triunfal que o Festival reservou a Walter Salles parece ser de muito bom augúrio. Ao que tudo indica, a premiação desta 57ª edição de Cannes poderá ter sabor latino-americano.
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