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21/05/2004 - 04h45

Em dia morno, filme de Walter Salles confirma favoritismo

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SÉRGIO DÁVILA
Enviado especial a Cannes

No "day after" da exibição de "Diários de Motocicleta" para os jurados, a imprensa e os convidados, o longa-metragem de Walter Salles ainda foi o principal assunto do Festival de Cannes.

Em parte porque o diretor brasileiro foi escolhido pelo cineasta italiano Gillo Pontecorvo para receber o Prêmio Cidade de Roma - Arco-Íris Latino, criado em 2002 no Festival de Veneza pelo diretor de "Queimada" (1969).

Todos os anos desde então, o troféu é entregue pelo Instituto Internacional para Cinema e Audiovisuais de Países Latinos, presidido por Pontecorvo, para o que é considerado por eles o melhor filme de qualquer mostra --seja oficial ou paralela-- dos principais festivais de cinema europeus (Cannes, Veneza e Berlim). "'Diários' não cai na sedução fácil das ideologias, antes nos faz lembrar do espírito pioneiro que se perdeu", disse Pontecorvo. "Adelante, Walter!"

O prêmio veio engrossar a safra de frutos que o brasileiro Walter Salles e sua equipe colhiam a partir da boa recepção que "Diários" teve anteontem e enquanto "2046", do favorito Wong Kar-wai, não era exibido na mostra cinematográfica.

A primeira sessão em Cannes dessa produção de temática futurista foi finalmente confirmada para ontem, às 19h30 locais (14h30 de Brasília), depois de ter suas sessões diurnas canceladas, devido a um atraso nas filmagens, que levaram três anos para serem concluídas.

Houve ainda uma série de boas críticas, encabeçadas pela imprensa britânica ("Diários" recebeu quatro de cinco estrelas possíveis do "Times" de Londres e foi definido como a "dica quente" para a Palma de Ouro deste ano pelo "Guardian"), seguidas pela italiana e pelo "New York Times", que chamou a obra de Salles de "uma lírica e apaixonada narrativa de viagem".

Recepção francesa

Os franceses foram mais mornos, especialmente o "Libération", que considerou o filme "superficial", embora conceda que pode estar perto da premiação máxima "ou ao menos de um prêmio de interpretação masculina para Gael García Bernal". Já o "Le Monde" de hoje, que saiu ontem à noite, elogia o filme já em sua primeira página.

O mesmo ocorre nas revistas especializadas, que soltam edições diárias consumidas avidamente pelos jogadores que importam em Cannes.

O painel de críticos internacionais da "Screen" de ontem trazia "Diários" em segundo lugar, atrás apenas de "Olhe para Mim", da francesa Agnès Jaoui, e à frente dos outros 13 avaliados. Em reportagem na primeira página, a revista de cinema afirma: "'Motocicleta' aumenta a velocidade de um Cannes combalido. Filme de Salles é dos poucos a realmente se manter de pé".

Decepção na disputa

Enquanto isso, a competição oficial pela Palma de Ouro mostrou mais dois filmes entre a noite de anteontem e a manhã de ontem (agora, permanecem inéditos apenas o longa de Wong Kar-wai e o telefilme "The Life and Death of Peter Sellers", de Stephen Hopkins, mais conhecido por dirigir episódios da telessérie "24 Horas", que tem exibição agendada para hoje). Pois o resultado foi decepcionante.

"Ghost in the Shell 2 - Innocence", do cineasta japonês Oshii Mamoru, não surpreendeu como prometia. Pelo contrário, deu uma sensação de déjà-vu ao misturar um enredo que lembra muito o de "Blade Runner" (1982), de Ridley Scott. Aqui, ele fala sobre Batou, um ciborgue em crise existencial, com uma estética que avança muito pouco em relação ao original de 1995.

Já "Clean" é o mais normal --e sem graça-- da carreira do diretor francês Olivier Assayas ("Destinos Sentimentais", "Demonlover" e "Alice e Martin").
 

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