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21/05/2004
-
06h59
LUIZ FERNANDO VIANNA
da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio
Jorge Drexler é uruguaio e, de tanto visitar o Brasil, aprendeu a falar um ótimo português. Apesar da vizinhança e da afinidade, sua música de levada pop e letras poéticas teve de passar por Espanha e Estados Unidos antes de ter a chance de chegar aqui.
Após se radicar em Madri, há nove anos, ele começou a ter alguma entrada no mercado americano e a chegar a ouvidos de músicos brasileiros. A boa acolhida resulta agora no lançamento pela Warner nacional de seu último disco, "Eco", e em shows no Rio (anteontem) e em São Paulo (hoje no Sesc Vila Mariana).
"Estranho não é eu cantar pela primeira vez no Brasil. Estranho é eu ter essa oportunidade. São poucos os músicos uruguaios ou espanhóis que conseguem", diz Drexler, 40.
Ele estréia aqui também impulsionado por "Al Otro Lado del Río", a música que toca no final de "Diários de Motocicleta", o filme de Walter Salles. Drexler fez a canção sob encomenda do cineasta, que lhe telefonou dizendo ter todos os seus discos (com "Eco", totalizam sete).
O músico pretende ver o longa no Brasil e brinca com o fato de não ter incluído "Al Otro Lado del Río" no seu último CD: "Esse meu tino comercial vai acabar com a minha carreira".
Mas a música estará no show de hoje, assim como as duas gravadas por Moska no CD "Tudo Novo de Novo": "La Edad del Cielo" e "Dos Colores: Blanco y Negro".
Convidados
O show deve ter a participação de Moska, assim como de outros músicos-fãs brasileiros: Celso Fonseca, Ramiro Musotto e Marcos Suzano, que toca em quase todas as faixas de "Eco". Drexler tocará guitarra e comandará um aparelho de sampler.
A ligação do Brasil com o disco também está presente na epígrafe, retirada de "Futuros Amantes", de Chico Buarque: "... Futuros amantes, quiçá/ se amarão sem saber/ com o amor que eu um dia/ deixei pra você".
"Na década de 1970, eu ouvia muito [os discos] 'Construção', que é um dos maiores discos da história, e 'Meus Caros Amigos'. Naquele mundo excessivamente politizado, o Chico era um oásis de musicalidade, porque suas canções não eram meramente politicas", afirma o músico.
Caetano Veloso e Gilberto Gil completam a trinca brasileira que fez boa parte da cabeça musical do artista vizinho. O primeiro é lembrado em "Eco" na canção "Don de Fluir", variação de "Dom de Iludir", de Caetano.
O segundo é uma influência mais conceitual. Tendo exercido a medicina por três anos antes de se profissionalizar como músico, Drexler credita à sua formação acadêmica o desejo de juntar ciência e arte em seu trabalho, como fez Gil em "Quanta".
"Repare que [a canção] 'Todo se Transforma' está baseada na lei de Lavoisier ['Nada se cria, tudo se transforma'], mas, assim como 'Eco', tem essa crença na eternidade de um sentimento de que fala 'Futuros Amantes'. E 'Guitarra y Vos' começa com 'que viva la ciencia, que viva la poesía!'. Procuro integrar as coisas", explica Drexler.
Integrar é fundamental para ele, um neto de judeu polonês fugido da Segunda Guerra Mundial, filho de um judeu alemão com uma "uruguaia da terra" e pai de um espanhol de seis anos.
"Identidade é um tema fundamental para mim. Mas sem confundir identidade com exclusão, como tem acontecido nos Estados Unidos, na Espanha, em vários lugares. É incrível ver que, no atentado de Madri de 11 de março, morreram pessoas de 17 nacionalidades. Não dá mais para esconder essa multiculturalidade", diz o cantor.
JORGE DREXLER
Quando: hoje, às 20h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 5080-3000)
Quanto: de R$ 2,50 a R$ 5
Músico uruguaio Jorge Drexler se apresenta hoje em São Paulo
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da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio
Jorge Drexler é uruguaio e, de tanto visitar o Brasil, aprendeu a falar um ótimo português. Apesar da vizinhança e da afinidade, sua música de levada pop e letras poéticas teve de passar por Espanha e Estados Unidos antes de ter a chance de chegar aqui.
Após se radicar em Madri, há nove anos, ele começou a ter alguma entrada no mercado americano e a chegar a ouvidos de músicos brasileiros. A boa acolhida resulta agora no lançamento pela Warner nacional de seu último disco, "Eco", e em shows no Rio (anteontem) e em São Paulo (hoje no Sesc Vila Mariana).
"Estranho não é eu cantar pela primeira vez no Brasil. Estranho é eu ter essa oportunidade. São poucos os músicos uruguaios ou espanhóis que conseguem", diz Drexler, 40.
Ele estréia aqui também impulsionado por "Al Otro Lado del Río", a música que toca no final de "Diários de Motocicleta", o filme de Walter Salles. Drexler fez a canção sob encomenda do cineasta, que lhe telefonou dizendo ter todos os seus discos (com "Eco", totalizam sete).
O músico pretende ver o longa no Brasil e brinca com o fato de não ter incluído "Al Otro Lado del Río" no seu último CD: "Esse meu tino comercial vai acabar com a minha carreira".
Mas a música estará no show de hoje, assim como as duas gravadas por Moska no CD "Tudo Novo de Novo": "La Edad del Cielo" e "Dos Colores: Blanco y Negro".
Convidados
O show deve ter a participação de Moska, assim como de outros músicos-fãs brasileiros: Celso Fonseca, Ramiro Musotto e Marcos Suzano, que toca em quase todas as faixas de "Eco". Drexler tocará guitarra e comandará um aparelho de sampler.
A ligação do Brasil com o disco também está presente na epígrafe, retirada de "Futuros Amantes", de Chico Buarque: "... Futuros amantes, quiçá/ se amarão sem saber/ com o amor que eu um dia/ deixei pra você".
"Na década de 1970, eu ouvia muito [os discos] 'Construção', que é um dos maiores discos da história, e 'Meus Caros Amigos'. Naquele mundo excessivamente politizado, o Chico era um oásis de musicalidade, porque suas canções não eram meramente politicas", afirma o músico.
Caetano Veloso e Gilberto Gil completam a trinca brasileira que fez boa parte da cabeça musical do artista vizinho. O primeiro é lembrado em "Eco" na canção "Don de Fluir", variação de "Dom de Iludir", de Caetano.
O segundo é uma influência mais conceitual. Tendo exercido a medicina por três anos antes de se profissionalizar como músico, Drexler credita à sua formação acadêmica o desejo de juntar ciência e arte em seu trabalho, como fez Gil em "Quanta".
"Repare que [a canção] 'Todo se Transforma' está baseada na lei de Lavoisier ['Nada se cria, tudo se transforma'], mas, assim como 'Eco', tem essa crença na eternidade de um sentimento de que fala 'Futuros Amantes'. E 'Guitarra y Vos' começa com 'que viva la ciencia, que viva la poesía!'. Procuro integrar as coisas", explica Drexler.
Integrar é fundamental para ele, um neto de judeu polonês fugido da Segunda Guerra Mundial, filho de um judeu alemão com uma "uruguaia da terra" e pai de um espanhol de seis anos.
"Identidade é um tema fundamental para mim. Mas sem confundir identidade com exclusão, como tem acontecido nos Estados Unidos, na Espanha, em vários lugares. É incrível ver que, no atentado de Madri de 11 de março, morreram pessoas de 17 nacionalidades. Não dá mais para esconder essa multiculturalidade", diz o cantor.
JORGE DREXLER
Quando: hoje, às 20h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila Mariana, São Paulo, tel. 0/xx/11/ 5080-3000)
Quanto: de R$ 2,50 a R$ 5
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