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24/05/2004
-
10h05
SÉRGIO DÁVILA
Enviado especial a Cannes
A escolha do explosivo documentário "Fahrenheit 9/11", do polêmico Michael Moore, para ser o ganhador da Palma de Ouro do 57º Festival de Cinema de Cannes não foi política, mas cinematográfica, justificou Quentin Tarantino, que nas duas ultimas semanas presidiu o júri. "O filme é bom como cinema, não importa quem tenha feito e por que tenha feito", disse ele. "O próprio Michael Moore falou que se quisesse ser político concorreria a algum cargo e não faria cinema."
A justificativa veio em meio a polêmicas alimentadas pelo resultado da noite de sábado. Primeiro porque, dos sete prêmios possíveis, quatro foram para o cinema asiático, ao qual Tarantino é intimamente ligado. Segundo pois, de acordo com as vozes mais críticas, o prêmio máximo saiu para um filme que tem seu lugar no mundo atual mas acrescenta pouco como cinema --e é norte-americano, como quatro dos nove membros do júri, inclusive seu presidente. Sobre o primeiro aspecto, Tarantino foi direto: "Os melhores filmes do mundo vêm hoje em dia do Japão e da Coréia".
Sobre o segundo havia ainda uma dúvida extra ligada à escolha: "Fahrenheit" foi produzido pela Miramax, a mesma produtora dos filmes de Tarantino. Vários relatos davam conta de Harvey Weinstein, um dos proprietários do estúdio, dizendo em festas já no começo da semana passada que o filme seria o grande premiado. Tarantino não fez comentários a esse respeito na entrevista, a primeira vez que o júri se justifica perante a imprensa em 57 anos.
Indagados sobre a ausência de prêmio para "Diários de Motocicleta", dirigido pelo brasileiro Walter Salles, o segundo filme mais aplaudido pelo público no festival, atrás apenas do próprio "Fahrenheit 9/11", os membros do júri riram, e Tarantino respondeu que não iriam comentar caso a caso os filmes não-premiados. Com a insistência, a atriz escocesa Tilda Swinton acabou respondendo: "Nós simplesmente não quisemos dar um prêmio ao filme".
"Não foi uma surpresa, já que o cinema no qual Tarantino acredita não tem nenhuma intersecção com o cinema que nós fazemos hoje na América Latina", disse à Folha Walter Salles, por telefone --o cineasta havia deixado a cidade já na sexta-feira. "Não tem nada a ver com "Diários" ou o cinema poético e delicado de Lucrecia Martel ["La Nina Santa", também não-premiado]."
Quentin Tarantino nega política no Festival de Cinema de Cannes
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Enviado especial a Cannes
A escolha do explosivo documentário "Fahrenheit 9/11", do polêmico Michael Moore, para ser o ganhador da Palma de Ouro do 57º Festival de Cinema de Cannes não foi política, mas cinematográfica, justificou Quentin Tarantino, que nas duas ultimas semanas presidiu o júri. "O filme é bom como cinema, não importa quem tenha feito e por que tenha feito", disse ele. "O próprio Michael Moore falou que se quisesse ser político concorreria a algum cargo e não faria cinema."
A justificativa veio em meio a polêmicas alimentadas pelo resultado da noite de sábado. Primeiro porque, dos sete prêmios possíveis, quatro foram para o cinema asiático, ao qual Tarantino é intimamente ligado. Segundo pois, de acordo com as vozes mais críticas, o prêmio máximo saiu para um filme que tem seu lugar no mundo atual mas acrescenta pouco como cinema --e é norte-americano, como quatro dos nove membros do júri, inclusive seu presidente. Sobre o primeiro aspecto, Tarantino foi direto: "Os melhores filmes do mundo vêm hoje em dia do Japão e da Coréia".
Sobre o segundo havia ainda uma dúvida extra ligada à escolha: "Fahrenheit" foi produzido pela Miramax, a mesma produtora dos filmes de Tarantino. Vários relatos davam conta de Harvey Weinstein, um dos proprietários do estúdio, dizendo em festas já no começo da semana passada que o filme seria o grande premiado. Tarantino não fez comentários a esse respeito na entrevista, a primeira vez que o júri se justifica perante a imprensa em 57 anos.
Indagados sobre a ausência de prêmio para "Diários de Motocicleta", dirigido pelo brasileiro Walter Salles, o segundo filme mais aplaudido pelo público no festival, atrás apenas do próprio "Fahrenheit 9/11", os membros do júri riram, e Tarantino respondeu que não iriam comentar caso a caso os filmes não-premiados. Com a insistência, a atriz escocesa Tilda Swinton acabou respondendo: "Nós simplesmente não quisemos dar um prêmio ao filme".
"Não foi uma surpresa, já que o cinema no qual Tarantino acredita não tem nenhuma intersecção com o cinema que nós fazemos hoje na América Latina", disse à Folha Walter Salles, por telefone --o cineasta havia deixado a cidade já na sexta-feira. "Não tem nada a ver com "Diários" ou o cinema poético e delicado de Lucrecia Martel ["La Nina Santa", também não-premiado]."
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