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28/05/2004 - 07h44

Curitiba ganha sua academia de cinema

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JANAINA ROCHA
free-lance para a Folha de S.Paulo

Após criar uma tradição cultural ao sediar eventos como o Festival de Teatro de Curitiba e o show único dos Pixies no Brasil, a capital paranaense ganha, a partir de julho, uma escola de cinema: a Academia Internacional de Cinema de Curitiba (AICC), no bairro Rebouças, antiga área industrial.

A atitude de abrir uma escola ali, e não no Brooklyn (Nova York), também está de acordo com um momento particular do cinema brasileiro. Em duas palavras, segundo o co-fundador e diretor da AICC, o fotógrafo norte-americano Steven Richter: "Wide open" (muito aberto), conforme define a produção atual no país.

Richter quis criar a escola, cujas matrículas já estão abertas, para defender o setor como arte e a relação entre cinema e tecnologia. "Sempre acreditei que as pessoas que fazem o melhor cinema são as que o tratam como arte. A partir dessa noção, podem fazer o que quiserem, mas precisam ser livres para explorar as opções criativas."

As instalações da AICC serão iguais às de uma produtora, já que, segundo ele, "um problema das escolas é se tornarem muito institucionais, prejudicando o trabalho". Para isso, é importante haver prática e compreensão dos equipamentos e materiais --"como um pintor entende suas tintas e os valores que cada tinta tem".

Richter afirma que, mesmo com "ótimos filmes sendo feitos no Brasil e um mercado cada vez mais forte", a maioria das escolas de cinema ainda ensina teoria, o que é importante, mas não forma um cineasta. "As escolas que ensinam aplicação prática estão geralmente ligadas aos departamentos de publicidade, mas que não ensinam cinema", diz ele.

"Sei que a ECA, na Universidade de São Paulo (USP), tem um programa maravilhoso, mas é uma universidade --e o programa é muito longo. Além disso, aceita um número muito limitado de estudantes por ano. A verdade é que cinema e televisão são uma indústria milionária nos EUA e na França. O Brasil tem potencial para se tornar um grande mercado. Mas, para desenvolver um mercado, é também preciso capacitar mais profissionais."

Um novo cinema

Essa ambição, a possibilidade de ampliação de mercado, pode ser conseqüência de uma outra questão: a fomentação de novas formas de fazer cinema, com tecnologias e visões de profissionais de outros países. Por isso, afirma Flávia Rocha, uma das editoras da revista de cultura e literatura "Rattapallax" (de Nova York) e co-fundadora da escola, a escolha de cineastas que estão no topo da onda da profissão.

"Procuramos profissionais que tenham uma apreciação verdadeira pela história do cinema, uma experiência que veio de lugares como a escola de Lodz, onde estudaram os diretores Kieslowski e Polanski, da New York University, por onde passaram Martin Scorsese, Spike Lee e Jim Jarmusch, da escola de Los Baños, em Cuba, onde lecionou o escritor Gabriel García Márquez, e da Fabrica, de Oliviero Toscani, na Itália, entre outras boas instituições internacionais", diz Rocha.

"Nosso impulso é reunir, sob um mesmo teto, cinema de culturas diferentes. Acho que lugares como Nova York e Los Angeles floresceram no cinema por causa de suas equipes internacionais."

Entretanto, estudar nos EUA, com professores do mundo todo, é algo caro e pouco acessível à realidade brasileira. "Nos EUA, as pessoas gastam muito dinheiro para entrar nas universidades privadas e em instituições de ensino independentes. Por exemplo: estudar cinema na New York University custa aproximadamente US$ 30 mil por ano", diz Richter.

"No Brasil, muitas das melhores universidades são federais e, portanto, gratuitas --é um sistema completamente diferente, uma outra cultura da educação. Não se pode basear o ensino na cultura do negócio. Abaixamos os preços na AICC maciçamente e continuamos com a mesma tecnologia, qualidade de professores e prática metodológica que se encontraria numa escola dos EUA."
 

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