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29/05/2004 - 03h22

"Prêt-à-Porter" de Antunes Filho se amplia em livro

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Desde 1998, exatos 20 anos depois da histórica montagem de sua adaptação de "Macunaíma", a obra de Mário de Andrade, o diretor Antunes Filho enveredou por uma costura que causou muito estranhamento e dá o que falar até hoje. "Por que algumas pessoas ainda tratam o 'Prêt-à-Porter' como exercício de alunos? Já virou evento, espetáculo, e lota há cinco anos", diz Antunes, 74.

O projeto paralelo às últimas tragédias que montou ("Fragmentos Troianos" e "Medéia") trouxe à luz o que o encenador define como "o primado do ator".
São exercícios criados no Centro de Pesquisa Teatral (CPT), em São Paulo, nos quais o intérprete toma para si as funções de autor e diretor.

Essa tentativa de ampliar as potencialidades do ator-criador estão espraiadas nos cinco espetáculos da série que inspiram o livro "Prêt-à-Porter 1, 2, 3, 4, 5...", organizado pelo produtor Ricardo Muniz Fernandes.

Não espere tratativas sobre os "PP", como são chamados internamente no grupo. Não há retrospecto dos espetáculos, tampouco os diálogos escritos.

"A idéia do livro é estabelecer um processo aberto a vários pontos de vista, como o próprio 'PP' fez ao ir além do teatro, incluindo questões éticas, dando mais liberdade ao ator", diz Fernandes, 45.

Em caprichada edição, formato 29 cm x 29 cm, o livro reúne 15 ensaios de textos e imagens. Os filósofos e professores da USP Olgária Matos e Renato Janine Ribeiro discorrem, por exemplo, sobre o trauma das guerras e a representação teatral que invade a política e o poder (trechos nesta página).

A dramaturga Marici Salomão, o psicoterapeuta junguiano Roberto Cirani e a psicanalista Vera Lucia Felicio lançam perspectivas a partir de suas áreas de atuação.

Há ainda ensaios dos fotógrafos Emídio Luisi, Lenise Pinheiro (colaboradora da Folha) e Paquito, entre outros.

Antunes Filho é artista influenciado pela geração de estrangeiros que chegou ao Brasil nos anos 40, 50 e 60 (Adolfo Celi, Ruggero Jacobbi, Ziembinski, entre outros), na qual o diretor tomava as rédeas do espetáculo. Daí a surpresa quando do lançamento dos "PP".

No início, em 1998, até as denominações oscilavam. Movimentos, performances, exercícios. Hoje, Antunes trata-os como espetáculos, ponto. O encenador diz recuar de seu papel para a condição de coordenador, a quem as duplas de atores submetem as cenas prontas.

As melhores são agrupadas em três e cumprem temporadas no palco improvisado no hall do Sesc Consolação.

Há uma sessão por semana, em horário alternativo (atualmente, às 19h de sábado), luz em geral, cenários e objetos ínfimos.

Os atores respondem a perguntas do público ao final (até o "PP-3", eles expunham também a "gênese" de cada uma das histórias apresentadas em intervalos; agora, vão direto aos personagens, sem mediações).

No início de maio, os atores do CPT fizeram em Cuba a pré-estréia de "Prêt-à-Porter 6", o novo espetáculo que deve estrear no dia 2 de julho, na programação do Fórum Cultural Mundial, em São Paulo, quando também será lançado o livro (preço a definir).

O elenco voltou com o Prêmio El Gallo de La Habana, entregue pela Casa de las Américas, "pelo compromisso com a investigação dirigida ao estudo do homem brasileiro".

Essa recepção deixa Antunes ainda mais entusiasmado com o que ele acredita ser a dimensão social do projeto. "É a lei da inclusão também para o 'Prêt-à-Porter', inclusão nas artes cênicas que são praticadas num país emergente como o nosso. Trabalhamos somente com o necessário, com a essencialidade do ator", diz o diretor.

As cenas de "PP-6" são "A Casa da Laurinha" (por Juliana Galdhino e Simone Feliciano, sobre dona de bordel que prepara vestido de noiva para sua protegida); "Senhorita Helena" (por Arieta Corrêa e Carlos Morelli, sobre seqüestro de uma jovem rica por um empregado da fazenda na qual cresceram juntos); e "Estrela da Manhã" (por Emerson Danesi e Kaio Pezzutti, sobre cirurgião plástico que recebe um paciente que deseja implantar seios de silicone).

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