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28/05/2004 - 22h58

Paul McCartney conquista portugueses com show memorável

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GUILHERME GORGULHO
Enviado especial a Lisboa

O show de Paul McCartney em Lisboa na noite desta sexta-feira teve um gosto especial para o público e também para o próprio músico. Em mais de 40 anos de carreira, o ex-beatle nunca havia se apresentado em terras lusitanas, mas suas andanças pelo país ibérico renderam a ele a mais famosa de suas canções.

Três semanas antes de completar 62 anos, a lenda do rock'n'roll deu uma demonstração de rara disposição sobre o palco do Rock in Rio-Lisboa e fez um agradecimento especial ao lugar que lhe trouxe inspiração para escrever a letra de sua música mais famosa.

"Eu quero fazer um agradecimento especial a Portugal. Muitos anos atrás, eu estive aqui em férias. Viajando de Lisboa ao Algarve, eu escrevi a letra desta música", e começou os acordes de "Yesterday".

Neste ponto, McCartney estava voltando para o primeiro bis da apresentação de duas horas e meia de duração, depois de relembrar faixas de sua carreira solo, dos Wings e inusitadas versões ao vivo dos Fab Four.

Raridades

Entre as 35 músicas tocadas pelo compositor britânico, 24 foram do quarteto de Liverpool. Nesta nova turnê européia --iniciada em Gijón, na Espanha, na última terça-feira (25)--, McCartney desenterrou faixas obscuras ou poucas vezes executadas ao vivo em sua carreira.

Repetindo o repertório da estréia da 04 Summer Tour, sir Paul recorreu a temas menos famosos da sua ex-banda, como "I've Just Seen a Face", "She's a Woman" e "You Won't See Me". A escolha chegou ao ponto de buscar literalmente uma do fundo do baú: "In Spite of All The Danger" foi uma música gravada por Paul, John, George e outros dois amigos que faziam parte do Quarry Men em 1958. A gravação caseira ficou famosa em bootlegs dos Beatles, mas só acabou vindo ao grande público com o lançamento do primeiro disco da série "Anthology".

Tradução

Brincando muito com o público, e com a dificuldade de se comunicar em português, McCartney recorreu a uma tradução simultânea nos telões para melhor se expressar.

Fora a energia de Paul neste início de temporada, o ex-beatle é muito ajudado pela sua ótima banda, formada, em sua grande maioria, por músicos pouco conhecidos. O principal destaque do grupo é, sem dúvida o baterista Abe Laboriel Jr..

Sempre preciso e com grande espírito de palco, Laboriel Jr. vai além das fórmulas de percussão conhecidas das canções de Paul e põe sua criatividade a serviço do conjunto.

Homenagens

Outro momento marcante da apresentação foi as homenagens prestadas aos seus ex-parceiros de Liverpool. Primeiro, dentro do set acústico --que teve também "In Spite of All The Danger", "Blackbird" e "We Can Work It Out"--, McCartney lembrou de John Lennon.

"Às vezes eu penso na vida, e a gente nem sempre diz o que deveria dizer para as pessoas. É muito triste, depois que alguém se vai, a gente perceber isso. Escrevi esta canção depois da morte de meu amigo John". "Here Today", uma singela homenagem gravada no disco "Tug of War" (1982), foi tocada com muita emoção e com a imagem de uma caudalosa cachoeira como pano de fundo.

Depois, foi a vez de recordar do beatle calado. "Esta canção é em memória de meu amigo George", disse McCartney emendando os acordes de "All Things Must Pass", de autoria de Harrison.

No embalo da velha turma, ele acabou puxando um pequeno trecho de "Yellow Submarine", acompanhado animadamente pelo público.

Recorrendo também a recursos pirotécnicos no show, "Live and Let Die" empolgou o público português com chamas saindo pelo palco e fogos de artifício lançados nos ares de Lisboa.

Antes de voltar ao palco duas vezes para o bis, McCartney encerrou o set com a apoteótica "Hey Jude", cantada em uníssono, com as mãos ao ar, pelas cerca de 45 mil pessoas presentes, segundo números parciais divulgados pela organização do festival.

Depois de uma arrasadora "Helter Skelter", o ex-beatle terminou a apresentação com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" e "The End". Um belo final para um show que vai ficar na memória dos portugueses.

O jornalista Guilherme Gorgulho viaja a convite da organização do Rock in Rio-Lisboa

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