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01/06/2004 - 05h11

Banda Beastie Boys volta com Bush, Nova York e suingue

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ALEXANDRE MATIAS
free-lance para a Folha de S.Paulo

No final do mês passado, os Beastie Boys estavam nos estúdios da MTV norte-americana em Nova York, fazendo a maratona de lançamento do seu novo clipe, "Ch-Check It Out", o primeiro single do novo disco do grupo, "To the 5 Boroughs", que será lançado em todo o mundo no próximo dia 15. Eminem, que estava na emissora no mesmo dia, promovendo o novo disco de sua banda D12, "D12 World", soube que o trio estava por perto e resolveu cumprimentá-los.

Encontrou-os num camarim, pouco depois de Adam "King AdRock" Horovitz, Michael "Mike D" Diamond e Adam "MCA" Yauch conversarem e rirem com alguns conhecidos sobre a possibilidade de batizar o novo disco de "Still Doin' It, Huh?" (Ainda Fazendo, Hein?, com vários sentidos para o verbo "fazer").

Após entrar e conversar com os três, Eminem despediu-se dizendo que "ainda estava fazendo", como saudação ao trio, que não conteve a gargalhada, deixando o rapper de Detroit intrigado.

O site canadense Chart Attack, que presenciou a cena, ainda cogitou a possibilidade de Eminem, que está gravando seu quarto álbum solo, usar o mal-entendido como motivo para listar o trio em sua extensa lista de desafetos citados em disco, mas os próprios beasties desconversaram: "Nah... Eu não acho que ele ligou... Não foi nada demais", disse Mike D, "e ele tem senso de humor".

É o destino aproximando duas lendas vivas do hip hop, representantes de uma linhagem única no gênero. Bufões e controversos à medida que dominam o mercado de discos, o gosto da molecada e o controle de qualidade de suas rimas.

"Ch-Check It Out" abre com MCA intimando "trekkies e viciados em TV" e "Klingons na casa da vovó" numa faixa com o impacto explosivo do mesmo calibre de canções como "Sure Shot", "So what'cha Want" e "Body Movin" e repleta de referências a velhos programas de TV americanos, tornando sua letra praticamente alienígena a ouvidos brasileiros. É só um aperitivo de um disco que tem como um de seus três pilares básicos a citação exaustiva de ícones da cultura de baixo nível, um tema já caro aos Beastie Boys, mas desta vez levado às últimas conseqüências.

Outro ponto de apoio do grupo são grooves cavalares e faixas para dançar, tomando mais da metade do disco. Das 15 faixas, dez focam no suingue pesado e usam bases às vezes manjadas, como "Good Times", hino disco do Chic. Outra faixa sampleada é "Sonic Reducer", dos Dead Boys, usada como base para "An Open Letter to NYC", que enfatiza o terceiro pilar do novo disco: a cidade de Nova York depois do atentado contra o World Trade Center.

"Desde o 11 de Setembro estamos vivendo/ E amando a vida que nos foi dada/ Nada vai tirar isso de nós/ Estamos bem e unidos, pois acreditamos na cidade", cantam na faixa.

O disco aproveita o sentimento de reconstrução que assolou a maior cidade dos EUA após o 11 de Setembro para fazer duras críticas à mentalidade estreita da administração Bush. "George W. não é nada meu", cantam em "That It's that All", "temos que tirar o poder dele". Em "Time to Built", depois de cantarem sobre terem "um presidente que nunca foi eleito", critica a xenofobia crescente nos EUA: "Por que você odeia pessoas que nunca viu? Sua mãe não te deu educação?". "All Lifestyles" bate na mesma tecla, só que num outro ponto de vista: "Temos que manter a festa rolando/ Todos os estilos de vida, tamanhos, formas e formatos".

O álbum marca o fim de um período complicado para o grupo, que culminou com a falência de sua gravadora, Grand Royal, no fim de 2001. O novo disco é o primeiro desde "Licensed to Ill", a estréia do grupo, a não sair por seu próprio selo, e sim pela gravadora major logo acima, a Capitol.

TO THE 5 BOROUGHS
Artista: Beastie Boys
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 35, em média (a partir de 15/6)
 

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