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10/06/2004 - 06h30

Cinema se encherá de som e fúria dos ídolos pop

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THIAGO NEY
da Folha de S.Paulo

A festa bancada pelo cinema com a música pop entre os convidados nunca termina. E segue com o som bem alto, algum sexo e bastante polêmica.

Morto prematuramente em maio de 1980, quando cometeu suicídio aos 23 anos, Ian Curtis, líder do Joy Division e uma das personalidades mais devotadas do rock em todos os tempos, é motivo de disputa entre duas produtoras interessadas em levar sua vida à telona.

No mês passado, foi anunciado que o produtor e músico americano Moby estaria envolvido na realização de um longa-metragem sobre Curtis. O projeto estava sendo encabeçado por Amy Hobby (que produziu "Secretária", com James Spader).

O filme seria feito a partir do livro "Touching from a Distance" (96), escrito pela viúva do cantor do Joy Division, Debora Curtis. Outro chamado para a empreitada foi o apresentador de TV e agitador cultural de Manchester Anthony Wilson (personagem central do filme "A Festa Nunca Termina"). Mas, Wilson contou à Folha, o projeto deve ser engavetado. "Amy teve três anos para iniciar as filmagens. Como nada aconteceu, ela perdeu os direitos. Agora tem uma produtora de Pittsburgh que fechou um novo acordo com Debora", disse.

Essa produtora é a Claraflora, do ator Todd Eckert. "Nós queremos mostrar Ian como ele realmente era. Devido ao seu suicídio, as pessoas se concentram muito no aspecto dark de sua vida. Pretendemos focar também na energia que levou o público a amar o Joy Division. Sua epilepsia, por exemplo, será colocada em perspectiva", afirmou Eckert ao jornal britânico "The Guardian".

O filme deve ser iniciado em 2005 e, segundo a assessora do New Order [banda originária do Joy Division], Rebecca Boulton, o grupo irá participar do projeto.

O sexo e as nove canções

Sem um ídolo pop como mote, mas não menos polêmico é o último longa de Michael Winterbottom, "Nine Songs".

Ganhador do Urso de Ouro no Festival de Berlim do ano passado com o "road movie afegão" "Neste Mundo", Winterbottom recebe agora o título de diretor do filme mais sexualmente explícito da história do cinema mainstream britânico --isso segundo jornais e revistas do Reino Unido.

O roteiro é simplíssimo: um jovem inglês, em viagem à Antártica, relembra seu intenso relacionamento com uma namorada. O título do longa faz referência às canções de nove shows que o casal freqüentou, de bandas como Super Furry Animals, Primal Scream e Franz Ferdinand.

No meio disso, os dois fazem sexo. E Winterbottom filmou essas cenas de forma "documental" --daí o choque da parcela assumidamente conservadora da imprensa inglesa (como os jornais "Daily Mail" e "The Sun").

Para apimentar ainda mais a polêmica, a garota que protagoniza o filme com o ator Kieran O'Brien é uma estudante e nunca havia trabalhado como atriz --aceitou participar com a condição de que seu nome não aparecesse nos créditos. Não fez diferença: os jornais ingleses localizaram a moça de 21 anos, Margo Stilley, na Carolina do Norte (EUA).

"Minha mãe teve que ligar para a escola do meu irmão e pedir a eles para não deixarem os repórteres entrarem lá", disse Stilley em entrevista. Sobre as cenas de sexo: "Não são chocantes. É sexo normal, como todas as pessoas fazem. Não é nada anormal".

Winterbottom carregou o projeto bem perto de si, desde os testes para os atores até sua finalização. No set de filmagens ficavam, além dele, apenas os protagonistas, o câmera e o técnico de som. Após dez dias filmando, "Nine Songs" estava pronto.

Confrontado com as críticas recebidas, o cineasta reagiu atacando o "puritanismo" da imprensa britânica e afirmou que seu filme é uma história de amor.

"A maioria das histórias de amor são filmadas sem o lado sexual dos relacionamentos, e isso me parece falso. Os livros lidam explicitamente com o sexo. Eu quis mostrar uma relação apenas pelo olhar sexual. Parte da motivação de realizar esse projeto era: 'O que tem de errado em mostrar sexo?'", disse o diretor.

A primeira exibição de "Nine Songs" aconteceu em sessão especial no último Festival de Cannes, em maio. Para entrar em cartaz no Reino Unido, o filme depende de liberação do órgão governamental responsável.

O elefante grunge

Responsável por um dos mais bem-sucedidos filmes do ano passado, "Elefante", o norte-americano Gus van Sant vai mostrar sua visão sobre a música pop e sobre um dos maiores ícones da história do rock com "Last Days".

Van Sant foi a Seattle iniciar as filmagens do longa que terá como pano de fundo o surgimento do grunge, no final dos anos 80/início dos 90, e a vida do maior ídolo local, Kurt Cobain, líder do Nirvana, que se matou com um tiro em 1994, aos 27 anos.

Segundo o diretor, a trama será "ficcional", e não uma biografia do Nirvana, mas seu roteiro tem um olho na trajetória pessoal de Cobain. O ator Michael Pitt (de "Bully") faz o papel de um rockstar que alcança a fama repentinamente. Asia Argento também está no projeto.

Pink e Janis

Também um ídolo pop, também morta tragicamente (overdose de heroína em 1970, aos 27 anos), Janis Joplin terá sua vida levada ao cinema, em "O Evangelho segundo Janis", da diretora Penelope Spheeris. Será interpretada pela cantora pop Pink.

Pink levou o papel após concorrência com, entre outras, Britanny Murphy e Scarlett Johansson. "Ela tem o espírito da Janis, o que algumas vezes me faz acreditar em reencarnação", disse Spheeris à MTV americana.

O filme, em produção, focará o período em que Joplin ingressou na Universidade do Texas, aos 19 anos, até sua morte.
 

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