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11/06/2004 - 06h28

Guerra do Golfo ganha longa sobre atuação da CNN

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Antes da Guerra do Golfo, em 1991, a CNN era conhecida apenas como um capricho de seu criador, o empresário Ted Turner. Apelidada de "CNN - Chicken Noodle News" (a "rede da canja de galinha", por sua falta de consistência), era uma sombra do que é hoje a emissora de notícias 24 horas por dia no ar.

Há 14 anos, o jornalismo e os jornalistas das outras três grandes emissoras norte-americanas não levavam a sério seus colegas da CNN, e os telespectadores ignoravam sua existência. Isso tudo mudaria por conta de um produtor, Robert Wiener, e sua atuação nos meses que precederam a guerra e durante o conflito, se você acreditar no relato de seu livro, "Ao Vivo de Bagdá", que virou um telefilme do canal de TV paga HBO americano, exibido com relativo sucesso de audiência e crítica.

Em 1990, com a invasão do Kuwait por Saddam Hussein, Bagdá foi inundada por jornalistas do mundo inteiro. A imprensa apostava que os EUA retaliariam, o que aconteceu efetivamente em janeiro do ano seguinte. Todos ficavam hospedados no hotel Al Rasheed, antes da reforma e antes de virar alvo militar (o que aconteceria na guerra de 2003).

Durante esse período, Wiener e sua colega, a produtora Ingrid Formanek (Helena Bonham Carter), vão ganhando a confiança de seus chefes em Atlanta e, principalmente, do temido Ministério da Informação iraquiano ao dar furos como a primeira entrevista com um dos reféns ocidentais que Saddam Hussein mantinha como escudo humano, desmontar a farsa propagada pelos serviços de inteligência ocidentais de que bebês kuwaitianos estavam sendo roubados das maternidades por soldados iraquianos e finalmente uma entrevista com o então presidente iraquiano.

Esta acontece no começo de janeiro e, para ela, é enviado o principal âncora da rede, o negro Bernard Shaw (interpretado por Robert Wisdom), hoje aposentado. Para Bagdá vai também o neozelandês Peter Arnett (Bruce McGill), que, apesar de cobrir conflitos desde os anos 60, começava a ganhar fama na TV naquele momento --e teria sido o único repórter da CNN a aceitar ser enviado para o que poderia vir a ser o olho do furacão da guerra.

O ataque norte-americano acontece no dia 16 de janeiro de 1991. As principais redes e suas equipes haviam deixado ou estavam deixando o país, menos uma. Era a CNN de Robert Wiener, Bernard Shaw e Peter Arnett, que seguiriam transmitindo 24 horas por dia do Al Rasheed, sob a complacência de Saddam Hussein, que enxergaria neles uma maneira de manter um canal aberto com o Ocidente, e graças a uma tecnicalidade, um prosaico cabo que permitia o envio de imagens.

O resto é literalmente história.

É pena que o DVD lançado agora seja pobrezinho, sem um único extra digno do nome --apenas sinopse, ficha técnica e trailer. Poderia ter sido enriquecido com uma entrevista com o próprio Wiener, que está vivo e continua trabalhando, com Bernard Shaw, que se aposentou no começo da década, e mesmo com Peter Arnett, que sairia em desgraça da CNN anos depois, ao fazer uma reportagem falsa, e seria demitido pela NBC no meio de sua cobertura da guerra de 2003, por ter dado uma entrevista a uma rede de TV iraquiana criticando a estratégia militar dos EUA.

Avaliação:

Ao Vivo de Bagdá (Live from Baghdad)
Direção: Mick Jackson
Produção: EUA/2002
Com: Michael Keaton, Helena B. Carter
Distribuidora: Warner

Especial
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