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26/09/2000 - 04h11

Jairzinho põe cuíca e jazz cara a cara em seu CD

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MARCELO RUBENS PAIVA, da Folha de S.Paulo

Em 98, o filho de Elis Regina, João Marcelo, montou com o grupo VR a gravadora Trama e lançou discos do grande parceiro de sua mãe, Jair Rodrigues, do irmão, Pedro Mariano, e dois discos dos filhos de Wilson Simonal, Simoninha e Max de Castro. A filha de Jair Rodrigues, Luciana
Mello, também teve disco lançado.

Por trás desses projetos, assinando a produção, algumas composições e tocando, estava Jairzinho Oliveira, 25, filho de Jair Rodrigues, que na infância integrava o grupo Balão Mágico.

Agora, a família Trama pára as máquinas para se dedicar ao lançamento do mais esperado disco da turma, "Dis'Ritmia", de Jairzinho, fechando um ciclo.

"Quando o Balão Mágico acabou, lancei ainda dois discos solo, como "Jairzinho e a Patrulha do Barulho", e mudei para os Estados Unidos. Parar e sair do Brasil para estudar música foi uma forma de me livrar dos produtores, que já chegavam com um projeto pronto, quem ia tocar e quais músicas eu ia cantar. Queriam me transformar num cantor romântico juvenil", explica Jairzinho.

Depois de frequentar quatro meses o curso de jornalismo da Universidade de São Paulo, em 93, Jairzinho virou a mesa: mudou para os EUA para estudar em Berklee, onde ficou cinco anos. Voltou para o Brasil em 98 e deslanchou uma carreira de produtor, começando pela irmã e, depois, pelo pai.

"Curiosamente, minha praia era o soul. Foi nos Estados Unidos que comecei a ouvir mais música brasileira, especialmente o samba da década de 40, e jazz. Fiz um curso de produção musical e engenharia de som. Foram dois anos de instrumento, harmonia, arranjo, que são básicos, para depois me especializar", disse.

Hip hop

Compositor de mais de 170 músicas, Jairzinho lança o CD em que participam alguns amigos, homenageia o pai e os pais de seus amigos, celebra o movimento hip hop, incluindo Mano Brown, com quem joga futebol na casa do pai, relê o samba, temperado por soul.

Na música "Falta Dizer" ("quero ver se encontro minha paz/ dentro de tuas mãos/ quero ver se encontro minha vida/ dentro de tuas mãos"), uma cuíca faz um contraponto com um naipe jazzístico de metais. É onde Berklee se encontra com o Vidigal.

Jairzinho faz letras, conta historinhas, cria imagens. "Chove, é Deus chorando por mim/ neva, é Deus se derretendo por mim/ venta, é Deus suspirando por mim/ para levar a minha confissão", está em "Chore a Chuva". "Envergonhada/ você já me pegou sem roupa/ e eu já te vi pelada/ depois a gente disfarçou e deu risada", está em "Falta Dizer".

Ele faz do samba algo mais do que uma simples expressão do ritmo e da tradição. Ele junta funk, suingue e jazz.

"Pessoas da minha geração me falam com muito carinho do Jairzinho do Balão Mágico. Mas minha ida a Boston foi para dar uma guinada. Com 13 anos comecei a escrever. Muita coisa está no baú. Passei a gostar das coisas que escrevia. Todas as músicas do disco são minhas", conta.

Não só as músicas. Quase todos os arranjos, a programação da bateria, o baixo, teclados e violão têm a sua mão.

A Trama, que o lança agora, promove, às quartas-feiras, no Blen Blen, casa noturna da zona oeste de São Paulo, o projeto "Trama ao Vivo". Aos sábados, o selo leva à periferia e ao interior do Estado o "Música na Rua", show feito em um palco móvel transmitido pelo Canal 21.

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