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13/06/2004 - 09h00

Teatro Municipal revive Romeu e Julieta

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JOÃO BATISTA NATALI
da Folha de S.Paulo

O Teatro Municipal de São Paulo começa a viver hoje um de seus grandes momentos do ano, com a primeira das cinco récitas de "Romeu e Julieta", ópera francesa de Charles Gounod (1818-1893), baseada na tragédia homônima de William Shakespeare (1564-1616).

A Orquestra Experimental de Repertório estará sob a regência de Jamil Maluf. A direção cênica é de José Possi Neto, e o elenco vem com três das melhores vozes brasileiras do momento: a soprano Rosana Lamosa (Julieta) e os tenores Fernando Portari e Paulo Szot (Romeu e Mercutio).

É um espetáculo longo, com três horas e dez minutos. As récitas noturnas começam excepcionalmente mais cedo, às 20h.

"É a história de amor mais conhecida da cultura ocidental", constata José Possi. Em sua produção, os cenários abstratos e os figurinos mais para atemporais não indicam de imediato o momento histórico da ação.

Mas alguns adereços a trazem para os dias de hoje. E a própria sensualidade explícita apresentada entre Romeu e Julieta --o segundo ato se passa em grande parte na cama-- aponta para um quadro de referências com o qual se identificariam casais contemporâneos de namorados.

Shakespeare escreveu "Romeu e Julieta" em 1594 ou em 1595. A tragédia esteve presente em outras composições líricas. Hoje, no entanto, a de Gounod é a mais encenada. Ao lado de "Fausto" (1859), sua versão dos amantes de Verona, estreada em 1867, não caiu no esquecimento, como os dez outros empreendimentos líricos em que ele se empenhou.

Detalhe importante: a ópera "Romeu e Julieta", francesa por excelência, nunca foi encenada no Municipal de São Paulo, submetido por longas décadas ao capricho da programação de empresários italianos. Segundo Jamil Maluf, ela foi vista pela última vez no Rio de Janeiro, mas ainda na década de 40.

Ação em dois planos

As famílias Montecchio e Capuletto --afrancesadas para Montaigu e Capulet-- são inimigas e produzem como vítimas do confronto sucessivos cadáveres. Julieta é uma Capuletto; Romeu, um Montecchio. O amor é impossível. Os dois amantes morrem ao final do quinto e último ato.

A montagem, diversificada e engenhosa, traz em cena 450 figurinos, ou, em média, três para cada personagem ou integrante do coro. José Possi, o diretor cênico, opera com equilíbrio entre os dois planos da ação.

De um lado, aquilo que qualifica de "turbulência e violência avassaladoras" entre os dois clãs veroneses. De outro, a história de amor, que a seu ver propicia "a eterna contemporaneidade do texto" de Shakespeare, visto desta vez pela música de Gounod.

Rosana Lamosa diz sentir-se à vontade como uma Julieta "por vezes sem grandes pudores". Fernando Portari é seu parceiro de cena e também há sete anos seu marido. "Facilita o entrosamento, conheço a sensibilidade de minha amada", diz ele.

Ambos têm pela frente papéis densos, que exigem presenças demoradas em cena. Estarão cantando essa partitura de Gounod pela primeira vez e dizem que essa amostra preciosa do romantismo musical francês está adequada ao grau de maturidade que atingiram em suas carreiras.

Uma curiosidade: Rosana já morreu em cena algumas vezes nos braços de Portari (como em "La Bohème", de Puccini, no teatro Alfa, em 1998). Mas é a primeira vez que eles morrerão juntos.

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