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27/09/2000
-
04h45
LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre
Giuseppe Garibaldi, o "herói de dois mundos", contou a seu amigo Alexandre Dumas suas peripécias guerreiras nas fileiras gaúchas da Revolução Farroupilha (1835-1845). E o resultado foi "Memórias de Garibaldi", que a editora L&PM acaba de relançar.
A edição pode ser considerada um lançamento, já que em junho de 98 o livro saiu em edição limitada e só no mercado gaúcho. Na esteira da biografia de Garibaldi, Dumas (1802-1870) descreve a geografia do Rio Grande do Sul e as características das pessoas.
A partir de conversas entre os dois, no final de 1860, em Paris, o autor mostra ao leitor as passagens mais intimistas de vivência gaúcha de Garibaldi. Como quando conheceu a catarinense Anita Maria Ribeiro, que se tornaria Anita Garibaldi (1821-1849).
"(...) Oh, bela moça do continente americano! Enobreceste-me e fui feliz por pertencer-te, do modo que se fez possível, em pensamento. Estavas prometida e devias pertencer a um outro, ao passo que o destino reservava-me esta outra flor do Brasil, essa que hoje choro e chorarei durante toda a minha vida, doce mãe dos meus filhos! Essa, eu a conheci não na vitória, mas na adversidade e no naufrágio. Bem mais que a minha juventude, que a minha aparência ou que os meus méritos, foram as minhas dores que a uniram a mim, pela vida. Anita! Querida Anita!"
Antes de Anita, o herói se apaixonara por Manoela, prometida a um filho de Bento Gonçalves (1788-1847), líder da Revolução Farroupilha e presidente da República Rio-Grandense. ''As mulheres do Rio Grande são geralmente lindíssimas'', comentou, pela pena de Dumas.
Garibaldi (1807-1882) nasceu em Nice, cidade que pertencia ao reino da Sardenha. Em 1832, participou de movimentos pela reunificação italiana. Foi preso e fugiu para a América do Sul.
Sua participação na Revolução Farroupilha ocorreu entre 1837 e 1841. Depois, voltou à Itália e se consagrou como "herói de dois mundos" na unificação do país.
A introdução do livro, em que é relatada a situação política da Itália na época, é o ponto mais cansativo. Ao entrar na vida de Garibaldi, o texto flui.
Dizendo-se soldado da causa republicana, Garibaldi exagera em algumas descrições do RS.
"Assim, chegamos a Piratini, a sede do governo do Rio Grande. A capital, de fato, era Porto Alegre, mas, estando esta sob controle imperial, a República transferira-se para Piratini, sem dúvida uma das mais belas povoações do mundo, com as suas duas regiões, a das planícies e a das montanhas".
Em seguida, há algumas imprecisões: "A região das planícies é absolutamente tropical. A banana, a cana-de-açúcar e a laranja são as suas culturas (...)". "A região das montanhas tem o clima agradável, como o meu clima de Nice. Nela, colhem-se o pêssego, a pêra, a ameixa, todas as frutas da Europa. Lá crescem aqueles magníficos bosques, dos quais nenhuma literatura jamais dará a exata descrição."
Piratini (340 km de Porto Alegre), na verdade, não poderia ser um paraíso tropical. Mais adiante, Garibaldi descreve o chimarrão dizendo que ele é tomado com um ''canudo de vidro ou de pau'' (a bomba é de metal ou prata).
Na volta ao velho mundo o herói leva sua definição do gaúcho: "um centauro".
Livro: Memórias de Garibaldi
Autor: Alexandre Dumas
Tradução: Antonio Caruccio-Caporale
Editora: L&PM
Quanto: R$ 12 (355 págs.)
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Dumas conta a saga de Garibaldi no Sul do país
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Giuseppe Garibaldi, o "herói de dois mundos", contou a seu amigo Alexandre Dumas suas peripécias guerreiras nas fileiras gaúchas da Revolução Farroupilha (1835-1845). E o resultado foi "Memórias de Garibaldi", que a editora L&PM acaba de relançar.
A edição pode ser considerada um lançamento, já que em junho de 98 o livro saiu em edição limitada e só no mercado gaúcho. Na esteira da biografia de Garibaldi, Dumas (1802-1870) descreve a geografia do Rio Grande do Sul e as características das pessoas.
A partir de conversas entre os dois, no final de 1860, em Paris, o autor mostra ao leitor as passagens mais intimistas de vivência gaúcha de Garibaldi. Como quando conheceu a catarinense Anita Maria Ribeiro, que se tornaria Anita Garibaldi (1821-1849).
"(...) Oh, bela moça do continente americano! Enobreceste-me e fui feliz por pertencer-te, do modo que se fez possível, em pensamento. Estavas prometida e devias pertencer a um outro, ao passo que o destino reservava-me esta outra flor do Brasil, essa que hoje choro e chorarei durante toda a minha vida, doce mãe dos meus filhos! Essa, eu a conheci não na vitória, mas na adversidade e no naufrágio. Bem mais que a minha juventude, que a minha aparência ou que os meus méritos, foram as minhas dores que a uniram a mim, pela vida. Anita! Querida Anita!"
Antes de Anita, o herói se apaixonara por Manoela, prometida a um filho de Bento Gonçalves (1788-1847), líder da Revolução Farroupilha e presidente da República Rio-Grandense. ''As mulheres do Rio Grande são geralmente lindíssimas'', comentou, pela pena de Dumas.
Garibaldi (1807-1882) nasceu em Nice, cidade que pertencia ao reino da Sardenha. Em 1832, participou de movimentos pela reunificação italiana. Foi preso e fugiu para a América do Sul.
Sua participação na Revolução Farroupilha ocorreu entre 1837 e 1841. Depois, voltou à Itália e se consagrou como "herói de dois mundos" na unificação do país.
A introdução do livro, em que é relatada a situação política da Itália na época, é o ponto mais cansativo. Ao entrar na vida de Garibaldi, o texto flui.
Dizendo-se soldado da causa republicana, Garibaldi exagera em algumas descrições do RS.
"Assim, chegamos a Piratini, a sede do governo do Rio Grande. A capital, de fato, era Porto Alegre, mas, estando esta sob controle imperial, a República transferira-se para Piratini, sem dúvida uma das mais belas povoações do mundo, com as suas duas regiões, a das planícies e a das montanhas".
Em seguida, há algumas imprecisões: "A região das planícies é absolutamente tropical. A banana, a cana-de-açúcar e a laranja são as suas culturas (...)". "A região das montanhas tem o clima agradável, como o meu clima de Nice. Nela, colhem-se o pêssego, a pêra, a ameixa, todas as frutas da Europa. Lá crescem aqueles magníficos bosques, dos quais nenhuma literatura jamais dará a exata descrição."
Piratini (340 km de Porto Alegre), na verdade, não poderia ser um paraíso tropical. Mais adiante, Garibaldi descreve o chimarrão dizendo que ele é tomado com um ''canudo de vidro ou de pau'' (a bomba é de metal ou prata).
Na volta ao velho mundo o herói leva sua definição do gaúcho: "um centauro".
Livro: Memórias de Garibaldi
Autor: Alexandre Dumas
Tradução: Antonio Caruccio-Caporale
Editora: L&PM
Quanto: R$ 12 (355 págs.)
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