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23/06/2004
-
05h12
XICO SÁ
crítico da Folha
O Santos dos anos 60 jogando sem Pelé em campo. Era essa a sensação inicial, entre o distinto público, com a ausência de Gisele, a galega que é a cara do Brasil --tem a fartura do Morumbi nos seios generosos e na beleza do rosto e revela a escassez e secura do vale do Jequitinhonha da cintura para baixo.
Os desfiles começaram, e as gazelas foram botando as suas asinhas para fora. "Esqueçam Gisele", pareciam soprar das passarelas. O loreal estava assanhado. Ana Hickmann à Del Fuego fez da cobra, igualmente galega, o primeiro cachecol vivo do mundo. Butantã fashion.
Ana Beatriz Barros em trajes de praia (que ilíaco, meu Deus!) também pisou machucando com jeitinho os nossos pobres corações. Lu Curtis, com seu vestidinho de deixar um sujeito mais derretido que manteiga de garrafa, exibia, logo na abertura, a prova de que foi-se o tempo em que a moda "enfeiava" ou tirava a feminilidade das raparigas em flor.
Uma graça também as meninas que desfilaram para a Zapping, todas mais enfeitadas que presépio de lapinha. Em especial aquela chinesinha de Godard... Lanternas vermelhas made in Paraguai.
Foi perdendo um pouco da pompa e do jeitão "cool" que a moda brasileira começou a tornar as mulheres mais desejáveis. Reina agora uma certa e necessária "fuleiragem"--esse estilo de viver que está para os brasileiros como a filosofia para os alemães.
E nada incorpora mais essa história do que a funkeira carioca Tati Quebra-Barraco, uma das estrelas da semana. A sua frase sobre esse circo todo é tão certeira quanto um aforismo que salta do bigode de Nietszche: "Sou feia, mas tô na moda".
E a Pietra, hein? Que saúde! Parodiou a sua própria condição de futura capa da "Playboy" e deixou cair o roupão. Fiquei esperando replay, como quando vejo os gols do meu Santos no estádio... Tão bom e relâmpago quanto o strip da diva Vera Fischer no teatro.
A fuzarca do "tomzeísta" Ronaldo Fraga deixou as meninas sapecas, como se brincassem de caçar palavras de sacanagem. Essa mesma inocência safada estava nas bonecas de Herchcovitch.
Mas o SPFW ainda anda muito branquelo, galegas demais para mestiças e negras de menos. Mais Naomis daqui é o caminho. Mais morenas cor de caldo de feijão, mais jambo-girls nas passarelas. Como as meninas, algumas até lindamente cheinhas, que a Melissa contratou para promover a marca nos corredores da Bienal. Luxo e riqueza em um ambiente cinco estrelas.
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Gazelas pisaram na passarela machucando com jeitinho
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crítico da Folha
O Santos dos anos 60 jogando sem Pelé em campo. Era essa a sensação inicial, entre o distinto público, com a ausência de Gisele, a galega que é a cara do Brasil --tem a fartura do Morumbi nos seios generosos e na beleza do rosto e revela a escassez e secura do vale do Jequitinhonha da cintura para baixo.
Os desfiles começaram, e as gazelas foram botando as suas asinhas para fora. "Esqueçam Gisele", pareciam soprar das passarelas. O loreal estava assanhado. Ana Hickmann à Del Fuego fez da cobra, igualmente galega, o primeiro cachecol vivo do mundo. Butantã fashion.
Ana Beatriz Barros em trajes de praia (que ilíaco, meu Deus!) também pisou machucando com jeitinho os nossos pobres corações. Lu Curtis, com seu vestidinho de deixar um sujeito mais derretido que manteiga de garrafa, exibia, logo na abertura, a prova de que foi-se o tempo em que a moda "enfeiava" ou tirava a feminilidade das raparigas em flor.
Uma graça também as meninas que desfilaram para a Zapping, todas mais enfeitadas que presépio de lapinha. Em especial aquela chinesinha de Godard... Lanternas vermelhas made in Paraguai.
Foi perdendo um pouco da pompa e do jeitão "cool" que a moda brasileira começou a tornar as mulheres mais desejáveis. Reina agora uma certa e necessária "fuleiragem"--esse estilo de viver que está para os brasileiros como a filosofia para os alemães.
E nada incorpora mais essa história do que a funkeira carioca Tati Quebra-Barraco, uma das estrelas da semana. A sua frase sobre esse circo todo é tão certeira quanto um aforismo que salta do bigode de Nietszche: "Sou feia, mas tô na moda".
E a Pietra, hein? Que saúde! Parodiou a sua própria condição de futura capa da "Playboy" e deixou cair o roupão. Fiquei esperando replay, como quando vejo os gols do meu Santos no estádio... Tão bom e relâmpago quanto o strip da diva Vera Fischer no teatro.
A fuzarca do "tomzeísta" Ronaldo Fraga deixou as meninas sapecas, como se brincassem de caçar palavras de sacanagem. Essa mesma inocência safada estava nas bonecas de Herchcovitch.
Mas o SPFW ainda anda muito branquelo, galegas demais para mestiças e negras de menos. Mais Naomis daqui é o caminho. Mais morenas cor de caldo de feijão, mais jambo-girls nas passarelas. Como as meninas, algumas até lindamente cheinhas, que a Melissa contratou para promover a marca nos corredores da Bienal. Luxo e riqueza em um ambiente cinco estrelas.
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