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24/06/2004
-
06h40
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
Lar, o doce e distante lar como metáfora da família, do colo, da pátria. É esse lugar idealizado que mobiliza os personagens de "Turistas & Refugiados".
Na condição de viajante que usufrui o direito de ir e vir ou na pele de um cidadão em diáspora por conflitos políticos, econômicos, étnicos e afins, o espetáculo do norte-americano Joseph Chaikin, que faz parte do grupo de vanguarda Open Theatre, flagra esse ser deslocado.
Mais de duas décadas depois de ter assistido à montagem original no LaMama, em Nova York (1980), o ator Carlos Moreno encabeça a versão brasileira que estréia amanhã no Tucarena.
Quando procurou o Open Theatre para obter os direitos autorais, Moreno se deparou com o roteiro que Chaikin (1935-2003) criou em parceria com os atores, no que se conhece hoje no Brasil como processo colaborativo.
Moreno foi aconselhado pelo próprio grupo norte-americano a recriar o espetáculo a partir da experiência do seu elenco e equipe. Mergulhou então em cinco meses de ensaios dominados pelo improviso, ao lado de seis atores.
Realidade brasileira
A partir desses encontros diários, a dramaturga Marta Góes ("Um Porto para Elizabeth Bishop", 2001) e a coreógrafa Renata Melo ("Passatempo", 2002) chegaram a uma livre adaptação de "Turistas & Refugiados".
"Trouxemos o texto um pouco para a realidade brasileira, território dos refugiados econômicos, dos migrantes", diz Melo, que também assina a direção.
Não há uma história, mas colagem de quadros em que o espectador, espera-se, chegará ao passado dos personagens em trânsito, com saudades de casa ou desconsolados pela perda definitiva dela, restando-lhes a memória.
"Às vezes passamos tão batido pelo cotidiano que só nos damos conta disso quando saímos. Aí, vem a vontade de tomar aquele chá, naquele canto, sob aquele abajur, ler aquele livro, coisas banais e valiosas assim", diz Melo.
Em cenas tragicômicas, a saudade pode morar ainda "no corpo da companheira ou companheiro, no ventre da mãe ou no devir pós-morte", afirma Moreno, que faz 50 anos no sábado, metade deles como rosto exclusivo da Bombril (turista ou refugiado?).
TURISTAS & REFUGIADOS
Dramaturgia: Marta Góes e Renata Melo, a partir da peça homônima de Joseph Chaikin e Open Theatre
Direção: Renata Melo
Cenário e figurinos: Fábio Namatame
Com: Carlos Moreno, Cláudia Missura, Fábio Herford, Gabriela Flores, Patrícia Gaspar, Ravel Cabral e Roberto Alencar
Onde: Tucarena (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, região oeste, tel. 3670-8455)
Quando: estréia amanhã; sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 26/9
Quanto: R$ 30
Peça "Turistas & Refugiados" revira a metáfora do lar
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da Folha de S.Paulo
Lar, o doce e distante lar como metáfora da família, do colo, da pátria. É esse lugar idealizado que mobiliza os personagens de "Turistas & Refugiados".
Na condição de viajante que usufrui o direito de ir e vir ou na pele de um cidadão em diáspora por conflitos políticos, econômicos, étnicos e afins, o espetáculo do norte-americano Joseph Chaikin, que faz parte do grupo de vanguarda Open Theatre, flagra esse ser deslocado.
Mais de duas décadas depois de ter assistido à montagem original no LaMama, em Nova York (1980), o ator Carlos Moreno encabeça a versão brasileira que estréia amanhã no Tucarena.
Quando procurou o Open Theatre para obter os direitos autorais, Moreno se deparou com o roteiro que Chaikin (1935-2003) criou em parceria com os atores, no que se conhece hoje no Brasil como processo colaborativo.
Moreno foi aconselhado pelo próprio grupo norte-americano a recriar o espetáculo a partir da experiência do seu elenco e equipe. Mergulhou então em cinco meses de ensaios dominados pelo improviso, ao lado de seis atores.
Realidade brasileira
A partir desses encontros diários, a dramaturga Marta Góes ("Um Porto para Elizabeth Bishop", 2001) e a coreógrafa Renata Melo ("Passatempo", 2002) chegaram a uma livre adaptação de "Turistas & Refugiados".
"Trouxemos o texto um pouco para a realidade brasileira, território dos refugiados econômicos, dos migrantes", diz Melo, que também assina a direção.
Não há uma história, mas colagem de quadros em que o espectador, espera-se, chegará ao passado dos personagens em trânsito, com saudades de casa ou desconsolados pela perda definitiva dela, restando-lhes a memória.
"Às vezes passamos tão batido pelo cotidiano que só nos damos conta disso quando saímos. Aí, vem a vontade de tomar aquele chá, naquele canto, sob aquele abajur, ler aquele livro, coisas banais e valiosas assim", diz Melo.
Em cenas tragicômicas, a saudade pode morar ainda "no corpo da companheira ou companheiro, no ventre da mãe ou no devir pós-morte", afirma Moreno, que faz 50 anos no sábado, metade deles como rosto exclusivo da Bombril (turista ou refugiado?).
TURISTAS & REFUGIADOS
Dramaturgia: Marta Góes e Renata Melo, a partir da peça homônima de Joseph Chaikin e Open Theatre
Direção: Renata Melo
Cenário e figurinos: Fábio Namatame
Com: Carlos Moreno, Cláudia Missura, Fábio Herford, Gabriela Flores, Patrícia Gaspar, Ravel Cabral e Roberto Alencar
Onde: Tucarena (r. Monte Alegre, 1.024, Perdizes, região oeste, tel. 3670-8455)
Quando: estréia amanhã; sex. e sáb., às 21h; dom., às 19h; até 26/9
Quanto: R$ 30
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