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24/06/2004
-
10h00
MARIA LORENTE
da France Presse, em Los Angeles
Na contagem regressiva para sua estréia nacional em mais de 800 salas de cinema dos Estados Unidos e após pré-estréia em Nova York, o documentário "Fahrenheit 9/11" eleva a temperatura num país que já está em ebulição devido a uma disputada campanha eleitoral e da polêmica sobre o papel das tropas americanas no Iraque.
Verdadeiro canhão voltado para a cabeça do presidente e candidato à reeleição, George W. Bush, o filme promete virar ouro em pó para os irmãos Bob e Harvey Weinstein, proprietários da Miramax e donos dos direitos de exibição da fita, que conseguiram fechar um acordo de distribuição com as companhias Lions Gate Entertainment e IFC Films.
O documentário --no qual Moore revela os supostos vínculos entre a família do presidente Bush e a do terrorista saudita Osama bin Laden-- foi exibido para a imprensa e lançado em algumas salas de Nova York ontem, mas a estréia nacional em 868 salas dos Estados Unidos e do Canadá só acontecerá amanhã. O número de salas corresponde a mais que o triplo das que exibiram o filme anterior de Moore, "Tiros em Columbine", que lhe rendeu um Oscar em 2002.
O lançamento do filme representa mais um troféu para o diretor, que a todo custo queria exibi-lo antes de 2 de novembro, data das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
"Quero que Bush deixe a Casa Branca", disse Moore, em tom desafiador, em entrevista concedida na noite de domingo (20) à emissora ABC.
Campanha de marketing
O sucesso de bilheteria do novo filme de Moore em sua semana de estréia está amparado numa campanha de marketing sem precedentes para um documentário, na qual suas distribuidoras investiram US$ 10 milhões.
Ainda que o montante seja modesto para os padrões de Hollywood, é uma fortuna para um filme do gênero.
"Mas não foi o dinheiro que lhe deu a maior publicidade e sim a polêmica gerada num ano eleitoral, com um país dividido. Não há melhor publicidade que esta", disse Marty Kaplan, da Universidade do Sul da Califórnia.
"Com as acusações de antiamericano, panfletário e mentiroso, o filme se promoveu praticamente sozinho", acrescentou.
Moore causou uma polêmica mundial ao anunciar em sua página na internet, no início de maio, que a Disney, proprietária da Miramax --estúdios com os quais o diretor rodou o filme--, tinha se negado a distribui-lo por considerar seu conteúdo muito partidário.
Pouco depois, o filme ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes e transformou Moore no primeiro cineasta a faturar o prêmio com um filme de não-ficção desde 1956.
"A vitória em Cannes lhe deu legitimidade: não só demonstrou que Moore é um gênio na arte da propaganda política, mas também que é um diretor de primeira classe", disse Kaplan.
Reações negativas
Funcionários do governo qualificaram o filme de "terrivelmente falso" e grupos conservadores conspiraram para evitar a sua estréia.
"Por que as salas de cinema exibem este filme?: 'Fahrenheit 9/11' deveria ser exibido como um vídeo para recrutar soldados para a Al Qaeda e não em nossos cinemas", escreveu o grupo Move America Forward em seu site na internet.
Moore "faz mal a nossas tropas no Iraque e causa danos a nossa imagem no exterior", disse Siobhan Guiney, diretora do grupo conservador.
Das salas de cinema consultadas, todas informaram que receberam cerca de mil e-mails fazendo críticas, mas também muitas outras mensagens de apoio.
"A maioria dos mil e-mails que recebemos contra o filme dizem que Michael Moore é um mentiroso e alguns ameaçam não vir mais a nossas salas. Mas a maioria, uns 3.000, são a favor", disse John Mccauley, proprietário do Loews Cineplex Entertainment em Nova York.
Por suas "imagens violentas", o filme foi censurado para menores de 17 anos. Os mais jovens só poderão assistir o longa acompanhados dos responsáveis.
"Tudo isso causa um efeito bumerangue: garante o sucesso de bilheteria", disse Howard Suber, da Universidade da Califórnia.
Nos últimos dias, o site de Moore foi um dos mais visitados da web. O polêmico diretor se encarregou de atualizar seu site com todas as opiniões contra e a favor sobre o filme.
"Com seu jeitão de americano médio, Moore é um gênio da arte do marketing e da promoção. A outra pergunta é: 'Poderá influenciar a opinião dos americanos na hora de votar, em novembro?'", questionou Suber.
"Não, acho que não", apressou-se em responder à France Presse. "O cinema não serve para influenciar a opinião pública: isto já foi demonstrado", afirmou.
Especial
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre "Fahrenheit 9/11"
"Fahrenheit 9/11" eleva a temperatura de ano eleitoral nos EUA
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da France Presse, em Los Angeles
Na contagem regressiva para sua estréia nacional em mais de 800 salas de cinema dos Estados Unidos e após pré-estréia em Nova York, o documentário "Fahrenheit 9/11" eleva a temperatura num país que já está em ebulição devido a uma disputada campanha eleitoral e da polêmica sobre o papel das tropas americanas no Iraque.
Verdadeiro canhão voltado para a cabeça do presidente e candidato à reeleição, George W. Bush, o filme promete virar ouro em pó para os irmãos Bob e Harvey Weinstein, proprietários da Miramax e donos dos direitos de exibição da fita, que conseguiram fechar um acordo de distribuição com as companhias Lions Gate Entertainment e IFC Films.
O documentário --no qual Moore revela os supostos vínculos entre a família do presidente Bush e a do terrorista saudita Osama bin Laden-- foi exibido para a imprensa e lançado em algumas salas de Nova York ontem, mas a estréia nacional em 868 salas dos Estados Unidos e do Canadá só acontecerá amanhã. O número de salas corresponde a mais que o triplo das que exibiram o filme anterior de Moore, "Tiros em Columbine", que lhe rendeu um Oscar em 2002.
O lançamento do filme representa mais um troféu para o diretor, que a todo custo queria exibi-lo antes de 2 de novembro, data das eleições presidenciais nos Estados Unidos.
"Quero que Bush deixe a Casa Branca", disse Moore, em tom desafiador, em entrevista concedida na noite de domingo (20) à emissora ABC.
Campanha de marketing
O sucesso de bilheteria do novo filme de Moore em sua semana de estréia está amparado numa campanha de marketing sem precedentes para um documentário, na qual suas distribuidoras investiram US$ 10 milhões.
Ainda que o montante seja modesto para os padrões de Hollywood, é uma fortuna para um filme do gênero.
"Mas não foi o dinheiro que lhe deu a maior publicidade e sim a polêmica gerada num ano eleitoral, com um país dividido. Não há melhor publicidade que esta", disse Marty Kaplan, da Universidade do Sul da Califórnia.
"Com as acusações de antiamericano, panfletário e mentiroso, o filme se promoveu praticamente sozinho", acrescentou.
Moore causou uma polêmica mundial ao anunciar em sua página na internet, no início de maio, que a Disney, proprietária da Miramax --estúdios com os quais o diretor rodou o filme--, tinha se negado a distribui-lo por considerar seu conteúdo muito partidário.
Pouco depois, o filme ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes e transformou Moore no primeiro cineasta a faturar o prêmio com um filme de não-ficção desde 1956.
"A vitória em Cannes lhe deu legitimidade: não só demonstrou que Moore é um gênio na arte da propaganda política, mas também que é um diretor de primeira classe", disse Kaplan.
Reações negativas
Funcionários do governo qualificaram o filme de "terrivelmente falso" e grupos conservadores conspiraram para evitar a sua estréia.
"Por que as salas de cinema exibem este filme?: 'Fahrenheit 9/11' deveria ser exibido como um vídeo para recrutar soldados para a Al Qaeda e não em nossos cinemas", escreveu o grupo Move America Forward em seu site na internet.
Moore "faz mal a nossas tropas no Iraque e causa danos a nossa imagem no exterior", disse Siobhan Guiney, diretora do grupo conservador.
Das salas de cinema consultadas, todas informaram que receberam cerca de mil e-mails fazendo críticas, mas também muitas outras mensagens de apoio.
"A maioria dos mil e-mails que recebemos contra o filme dizem que Michael Moore é um mentiroso e alguns ameaçam não vir mais a nossas salas. Mas a maioria, uns 3.000, são a favor", disse John Mccauley, proprietário do Loews Cineplex Entertainment em Nova York.
Por suas "imagens violentas", o filme foi censurado para menores de 17 anos. Os mais jovens só poderão assistir o longa acompanhados dos responsáveis.
"Tudo isso causa um efeito bumerangue: garante o sucesso de bilheteria", disse Howard Suber, da Universidade da Califórnia.
Nos últimos dias, o site de Moore foi um dos mais visitados da web. O polêmico diretor se encarregou de atualizar seu site com todas as opiniões contra e a favor sobre o filme.
"Com seu jeitão de americano médio, Moore é um gênio da arte do marketing e da promoção. A outra pergunta é: 'Poderá influenciar a opinião dos americanos na hora de votar, em novembro?'", questionou Suber.
"Não, acho que não", apressou-se em responder à France Presse. "O cinema não serve para influenciar a opinião pública: isto já foi demonstrado", afirmou.
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