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25/06/2004
-
07h28
LUIZ FERNANDO VIANNA
da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio
Paulo Moura tem 71 anos, nasceu em São José do Rio Preto (SP) e há cinco décadas exerce uma carioquice indiscutível. Yamandú Costa tem 24, é gaúcho da quase-fronteira (Passo Fundo) e se radicou no Rio apenas em 2001. Em que lugar neutro perfis tão diferentes poderiam se encontrar? Resposta: América Latina.
Fazendo show até domingo no Mistura Fina, no Rio, os dois levam para o palco o recém-lançado "El Negro del Blanco" (Biscoito Fino), CD em que, além de música brasileira, tocam peças de Argentina, Chile, Venezuela e Cuba.
"O disco é até uma crítica ao desinteresse do Brasil pela América Latina", aponta Yamandú. "Ficamos sempre olhando para coisas norte-americanas, européias, e esquecemos como somos parecidos com as pessoas do nosso continente. Eu, quando viajo, procuro logo um latino para tomar um trago e falar de igual para igual."
"Acabei de voltar da França e raramente faço shows na América Latina. É mais fácil tocar em Tóquio do que em Buenos Aires", reforça Paulo Moura.
Questões político-culturais à parte, os dois músicos foram para o estúdio com 12 temas e muito espaço para improvisações. Yamandú, mais do que Moura, acredita que é possível identificar afinidades entre os nacionais samba e choro e gêneros vizinhos como o tango e a valsa venezuelana.
Seu colega de disco é mais filosófico. "Nós trabalhamos muito entre o escrito e o não-escrito. Obedecemos às composições, mas nas improvisações entraram todas as nossas referências", diz o clarinetista.
O projeto surgiu por acaso. Convidado por Moura, em 2001, para ser o violonista do show "Eternamente Baden", em homenagem a Baden Powell, Yamandú tocou canções latinas num ensaio. Halina Grynberg, mulher de Moura, empolgou-se e imaginou o disco, agora realizado.
Para Moura, o trabalho enterra uma antiga frustração: ele nunca gostou muito de "Tangos e Boleros", disco que gravou em 1960, e sempre sonhou com uma nova incursão pela música latina.
Já Yamandú afirma que o CD chega num momento em que ele, mais conhecido, não é tão comparado com Raphael Rabello (1962-1995), outro virtuose do violão que gravou um disco com Moura, em 1992. "Essa chatice já acabou. Não vim suprir a falta de ninguém e estou longe de chegar aonde o Raphael chegou", diz.
Na formação do repertório do disco, o violonista entrou mais com os temas latinos, a começar pela faixa-título, composta por ele. Já Moura é íntimo das peças que integram a porção verde-amarela do CD, como a de Jacob do Bandolim.
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Virtuosismo dialoga com a suavidade em CD de Moura e Yamandú
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Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o músico Paulo Moura
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Paulo Moura e Yamandú Costa celebram latinidade em disco
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da sucursal da Folha de S.Paulo no Rio
Paulo Moura tem 71 anos, nasceu em São José do Rio Preto (SP) e há cinco décadas exerce uma carioquice indiscutível. Yamandú Costa tem 24, é gaúcho da quase-fronteira (Passo Fundo) e se radicou no Rio apenas em 2001. Em que lugar neutro perfis tão diferentes poderiam se encontrar? Resposta: América Latina.
Fazendo show até domingo no Mistura Fina, no Rio, os dois levam para o palco o recém-lançado "El Negro del Blanco" (Biscoito Fino), CD em que, além de música brasileira, tocam peças de Argentina, Chile, Venezuela e Cuba.
"O disco é até uma crítica ao desinteresse do Brasil pela América Latina", aponta Yamandú. "Ficamos sempre olhando para coisas norte-americanas, européias, e esquecemos como somos parecidos com as pessoas do nosso continente. Eu, quando viajo, procuro logo um latino para tomar um trago e falar de igual para igual."
"Acabei de voltar da França e raramente faço shows na América Latina. É mais fácil tocar em Tóquio do que em Buenos Aires", reforça Paulo Moura.
Questões político-culturais à parte, os dois músicos foram para o estúdio com 12 temas e muito espaço para improvisações. Yamandú, mais do que Moura, acredita que é possível identificar afinidades entre os nacionais samba e choro e gêneros vizinhos como o tango e a valsa venezuelana.
Seu colega de disco é mais filosófico. "Nós trabalhamos muito entre o escrito e o não-escrito. Obedecemos às composições, mas nas improvisações entraram todas as nossas referências", diz o clarinetista.
O projeto surgiu por acaso. Convidado por Moura, em 2001, para ser o violonista do show "Eternamente Baden", em homenagem a Baden Powell, Yamandú tocou canções latinas num ensaio. Halina Grynberg, mulher de Moura, empolgou-se e imaginou o disco, agora realizado.
Para Moura, o trabalho enterra uma antiga frustração: ele nunca gostou muito de "Tangos e Boleros", disco que gravou em 1960, e sempre sonhou com uma nova incursão pela música latina.
Já Yamandú afirma que o CD chega num momento em que ele, mais conhecido, não é tão comparado com Raphael Rabello (1962-1995), outro virtuose do violão que gravou um disco com Moura, em 1992. "Essa chatice já acabou. Não vim suprir a falta de ninguém e estou longe de chegar aonde o Raphael chegou", diz.
Na formação do repertório do disco, o violonista entrou mais com os temas latinos, a começar pela faixa-título, composta por ele. Já Moura é íntimo das peças que integram a porção verde-amarela do CD, como a de Jacob do Bandolim.
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