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26/06/2004 - 08h15

Teatro Popular do Sesi reabre com "O que Leva Bofetadas"

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Faz 40 anos que uma das platéias mais diversas de São Paulo se enfileira na calçada ou no saguão do 1.313 da av. Paulista para ver os espetáculos gratuitos do Teatro Popular do Sesi.

A cena se repete hoje, com a reabertura do TPS, após cinco meses de reforma. Estréia "O que Leva Bofetadas", do russo Leonid Andreiev (1871-1919), direção de Antônio Abujamra.

Quando foi inaugurado, em setembro de 1963, o TPS, além do espaço físico, designava a companhia idealizada e dirigida por Osmar Rodrigues Cruz, 80.

Era o desdobramento profissional do Teatro Experimental do Sesi, grupo amador surgido em 1959 e capitaneado por Cruz para entreter funcionários da indústria. No período em que coordenou o TPS (1963-1992), Cruz assinava as montagens e procurava seguir os ideais do francês Jean Vilar (1912-71), que difundiu na França, a partir dos anos 50, o conceito de um teatro popular voltado para a formação de público, sobretudo aquele que jamais pusera os pés num teatro.

"O teatro popular, como a gente fez no Sesi, tinha um certo sentido de educar o público", reconhece Cruz em sua autobiografia "Uma Vida no Teatro" (Hucitec, 2001), que escreveu com a filha e atriz Maria Eugênia.

A primeira produção do TPS foi "Cidade Assassinada" (1963), de Antônio Callado. Seguiram-se peças de (ou baseadas em) Dostoiévski, Oduvaldo Vianna, pai, García Lorca, Molière, Martins Pena, Plínio Marcos, Maria Adelaide Amaral, Shakespeare etc.

O maior público de teatro adulto de Cruz foi registrado em "O Santo Milagroso", de Lauro César Muniz, que ficou em cartaz entre 1981 e 1983 e atraiu mais de 600 mil espectadores. Havia ainda sessões para escolas, peças para jovens e projeto itinerante pelo Estado, mantidos até hoje.

Essas longas temporadas cessaram a partir de meados dos anos 90, quando a direção do Serviço Social da Indústria mudou as diretrizes do TPS.

Cruz deixa a casa. Cada montagem fica em cartaz de seis meses a um ano e traz um diretor convidado. Entre eles, Gabriel Villela ("O Mambembe"), Ulysses Cruz ("Péricles") e Cacá Rosset ("O Avarento").

Ainda é assim, mas nos últimos anos o teatro investiu menos em clássicos da dramaturgia universal ou nacional, como no período de Cruz, em favor de novos grupos, autores ou diretores. Um exemplo disso foram as duas edições da Mostra de Dramaturgia Contemporânea (2002 e 2003).

"Oferecemos ao público a chance de conhecer linguagens experimentais, por exemplo, e decidir se gosta ou não. Evitamos determinar o que é popular", diz Silvio Anaz, 38, coordenador do Centro Cultural Fiesp, onde fica o prédio do TPS.

Os atuais 455 lugares são invariavelmente preenchidos. A gratuidade é fator evidente. Porém, entre os "fracassos" de público da história recente do TPS, estão "Futebol" (1994-95, média de 222 espectadores por sessão), dirigido por Bia Lessa, e "Temporada de Gripe" (2003, média de 218), com a Sutil Companhia, dirigida por Felipe Hirsch.

Agora, há o retorno de Abujamra, que marcou a nova fase do TPS em 1994, com "O Inspetor Geral", de Gogól, e elege outro dramaturgo russo, Andreiev, pouco encenado entre nós.

"O que Leva Bofetadas" recria o universo circense. Abujamra assina a livre adaptação e também atua na história do palhaço que apanha com freqüência em meio à trupe formada por uma domadora que desaprendeu a lidar com as feras, uma trapezista encantadora à espera do momento de ser vendida e um mestre-de-cerimônias com sua barriga cheia de serragem e ilusões.

A produção anual do TPS para os espetáculos é orçada em cerca de R$ 2 milhões. O Sesi gastou o dobro disso na última reforma.

O QUE LEVA BOFETADAS
Com:
Kito Junqueira, Paulo Herculano, Luiz Amorim, Natalia Correa
Onde: Teatro Popular do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 0/xx/11/3146-7405)
Quando: estréia hoje; sex. e sáb., às 20h; dom., às 19h
Quanto: grátis (retirar um ingresso por pessoa uma hora antes do início do espetáculo). Até 14/11

Especial
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o Teatro Popular do Sesi
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre Antônio Abujamra
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