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26/06/2004 - 18h42

Moore lança seu polêmico documentário anti-Bush em Washington

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GERSENDE RAMBOURG
da France Presse, em Washington

O impaciente público de Washington, um dos mais politizados dos Estados Unidos, invadiu as salas de cinema na noite de ontem para ver a estréia do polêmico documentário de Michael Moore, "Fahrenheit 9/11", uma dura crítica contra o presidente George W. Bush e sua política iraquiana.

Alexandra Moss, uma enfermeira de 31 anos, disse estar ansiosa que o documentário de Moore contribua para a derrota de Bush nas eleições do dia 2 de novembro, enquanto que Lynda Bond, republicana fervorosa, quis comprovar que o filme de Moore não passava de "um monte de mentiras".

Em Georgetown, coração da capital federal americana, o documentário está sendo exibido em 14 cinemas. Os ingressos se esgotaram com dois dias de antecedência através da venda em sites. Muitos espectadores tiveram de sentar no chão.

No início da projeção, uma primeira imagem causa impacto no público. Trata-se de alguns minutos durante a eleição presidencial de 2000, nas quais o candidato democrata Al Gore se declarou vencedor antes de conceder a vitória a seu adversário, George W. Bush.

Em seguida, o filme mostra o presidente americano de férias em seu rancho de Crawford, Texas. Criticado por deixar a Casa Branca durante longos períodos, o presidente se defende: "Vocês sabem, trabalho sobre vários temas", explica Bush de forma visivelmente atrapalhada, o que público no cinema vibrar.

Apesar de a argumentação de Moore parecer um pouco vazia e às vezes demagógica, o público gosta do seu trabalho, e chega até a chorar.

Ao evocar os atentados do dia 11 de setembro de 2001, a imagem é negra, e o barulho das explosões e dos gritos provoca comoção no público.

Segue a imagem de uma mulher iraquiana que implora a Alá diante das ruínas da casa de seu tio, destruída por um bombardeio.

Depois, a mãe de um soldado assassinado no Iraque chora sua dor pela morte do seu filho. "Achava que sabia, mas na verdade não sei nada" sobre os motivos desta guerra, se lamenta.

Antes da metade do filme, alguns espectadores preferiram sair, um ou dois visivelmente furiosos. Porém, alguns voltaram minutos depois com pipoca e refrigerantes.

Em um dos trechos do documentário, se vê o subsecretário da Defesa, Paul Wolfowitz, preocupado com a sua imagem: o número dois do Pentágono lambe seu pente para acertar em seguida seu penteado, provocando repulsão entre os espectadores.

Um soldado americano fala da música que gosta de ouvir no seu tanque para se dar coragem antes de um ataque.

Nadia McFarlane, estudante em medicina, comenta: "Isso me tranqüiliza, me digo que não sou louca, que o que penso sobre a guerra no Iraque é certo".

No final da projeção, o público aplaude durante vários segundos. "Estou comovida", confessa Robin Presta, 25, com os olhos lacrimejantes.

A republicana Lynda Bond, 47, ao contrário, sai furiosa da sala. "Queria ver este documentário para entender porque todo o mundo fala tanto dele. Mas comprei um ingresso para ver outro filme, e depois entrei nesta sala. Jamais daria dinheiro a Michael Moore", enfatiza Bond.

Na saída do cinema um jovem militante do partido democrata discursa à multidão, incentivando a união para derrotar Bush.

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