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27/06/2004 - 07h48

Campanha quer criar culpa no usuário de produtos ilegais

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SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

"Por que você roubaria um filme?" A pergunta --que será repetida ao público das salas de cinema brasileiras nos próximos três meses, na forma de um trailer-- tem origem na sede da MPAA (Motion Picture Association of America), reunião dos sete gigantes cinematográficos dos Estados Unidos (Disney/Buena Vista, Sony, Fox, Metro, Warner, Universal e Paramount).

Habituados a mirar corações e mentes com seus produtos cinematográficos, os industriais dos estúdios norte-americanos desencadearam neste mês campanha mundial contra a pirataria audiovisual.
É uma questão de negócios. A MPAA estima em bilhões de dólares as perdas de sua indústria com o hábito de espectadores (do mundo inteiro) de comprar DVDs piratas ou baixar filmes na internet.

Amolecer os corações "piratas" e culpar suas mentes, igualando esse consumo ao roubo, é a estratégia adotada no Brasil, onde a MPAA estima perda de US$ 120 milhões/ano (R$ 372 milhões) e acusa complacência popular com a infração e inoperância do governo federal.

"Restam dois caminhos: o setor privado fazer sozinho [o combate] e a pressão de fora, do governo americano", diz Steve Solot, vice-presidente da MPAA na América Latina.

Nos EUA, a campanha antipirataria oferece incentivo financeiro na tentativa de barrar o início do processo. A MPAA dará US$ 500 para cada funcionário de cinema que impedir e denunciar a gravação de filmes com minicâmeras nas salas.

100% dos CD-Rs (os discos de gravação digital) usados nas cópias piratas de DVDs no Brasil vêm de fora do país, sobretudo do Paraguai, segundo a Adepi (Associação de Defesa da Propriedade Intelectual).

É crescente, ainda de acordo com a associação brasileira, a venda de minilaboratórios (orçados entre US$ 3.000 e US$ 5.000) para a copiagem ilegal, o que tende a pulverizar ainda mais a prática da venda ilegal.

A Adepi apóia a iniciativa da MPAA de centrar sua campanha antipirataria na consciência do público jovem, porque também avalia que têm sido ineficazes as tentativas de inibir a prática pela via legal.

Em 7.000 processos por pirataria audiovisual abertos no Brasil, houve apenas 16 condenações, e nenhum dos condenados cumpriu pena, segundo o diretor-executivo da Adepi, Carlos Alberto de Camargo.

Camargo afirma que mesmo o total de 7.000 processos é inexpressivo diante do volume dos "negócios", que, em sua estimativa, já respondem por 35% da indústria audiovisual brasileira, resultando numa evasão fiscal de cerca de R$ 100 milhões por ano.

Mas é duvidoso que o consumidor de DVDs piratas se inquiete com a pergunta que o trailer da MPAA lança ("Por que você roubaria um filme?"), na seqüência das afirmações de que "você não roubaria um carro, uma bolsa, um celular".

"Nossos jovens consomem produtos piratas pelo prazer da transgressão", diz Camargo. O mais grave, segundo ele, é que "a clandestinidade é um grande compartimento da sociedade, com vasos-comunicantes". Em resumo, a pirataria audiovisual é prima do roubo de cargas e do tráfico de drogas, na avaliação de seus combatentes.

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