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01/07/2004 - 08h32

Diretora basca aborda imigração na Espanha

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JANAÍNA ROCHA
free-lance para a Folha de S.Paulo

A cineasta basca Helena Taberna participa amanhã, na sala B, do debate "Minorias e Suas Culturas - Direitos Humanos e Riquezas Humanas", uma das séries de atividades associadas à Convenção Global no Fórum Cultural Mundial, que ocorrem no intervalo das principais conferências, entre 11h e 13h, ou no fim da tarde, das 16h30 às 18h30, no Anhembi.

Taberna diz que não é especialista na maioria dos temas do fórum, no entanto, sua recente produção, o documentário "Estrangeiras", toca nos assuntos da conferência de forma concreta, a partir do cotidiano de 30 mulheres imigrantes moradoras de Madri. E seu filme, inédito no Brasil, será exibido no Cinesesc domingo.

"Como cineasta, sou como uma curiosa das coisas que ocorrem no mundo, das atualidades. Minha filmografia vai se apossando disso e quando vejo são temas que muito têm a ver com os direitos humanos, com os respeitos às minorias", afirma.

Antes de "Estrangeiras", Taberna invadiu um território delicado: o ETA. O longa-metragem ficcional "Yoyes" (2000) conta a história da primeira mulher que foi dirigente no ETA e que morreu assassinada pelos próprios companheiros, quando passeava com seu filho na rua. "Eles consideraram a saída dela como uma traição, mas nunca foi. Ela jamais relatou algo à polícia", diz ela.

"Sua morte provocou muitas discussões, e sua vida se tornou muito cinematográfica. Só pude chegar realmente à questão do respeito às minorias, como em "Estrangeiras", após "Yoyes'; ao contar uma boa história sobre uma mulher, falei da morte, esse elemento mais abstrato e visual para o cinema, e tão presente no ETA." O filme, segundo ela, foi recusado pelas salas de cinema durante uma semana, que abriram as portas após a aceitação da imprensa. Ele ficou em cartaz por cerca de três meses e meio.

Taberna crê no fim do ETA. "Tenho a esperança de que o atual governo socialista, na Espanha, terá mais sensibilidade para encerrar alguns capítulos da história", opina. "O País Basco tem essa faceta muito particular de pertencer a dois Estados distintos, a Espanha e a França, com suas políticas culturais que incidem sobre a cultura basca. E as questões não são apenas os problemas e as conseqüências de uma oposição violenta, como foi a do ETA em alguns casos, mas também passam pelo modo de ação de um governo, como o francês, que é muito menos respeitoso com as minorias, do que, por exemplo, o espanhol. O governo francês é centralizador, e isso afeta o modo de encarar as culturas."

Isso também ocorria antes, quando o governo era de esquerda? "Sempre, esquerda ou direita", afirma. "Sempre que há a falta de respeito às minorias, aos imigrantes, à língua, quando uns julgam sua cultura muito mais importante do que as demais, tudo isso ajuda a sustentar as bases para a injustiça, para o racismo. E para os quais creio que o ser humano deve estar refletindo sempre", disse.

Se "Yoyes" é "uma história muito potente", "Estrangeiras" é o inverso, como ela define. "A experiência de antes, da boa história, me ajudou agora a contar pequenas narrativas de mulheres asiáticas, africanas, do Leste Europeu e ibero-americanas, sem, no entanto, eleger os aspectos mais espetaculares da imigração, como delinqüência e a prostituição", fala.

"Tenho medo, sempre, de um tom militante, porque o discurso pré-concebido faz a arte se perder. Um filme é sempre político, mas pode ser carregado de humanidade."

Ela acredita, nesse sentido, que a condição de mulher basca, que, por exemplo, durante a ditadura de Franco, não podia falar sua língua, permitiu o recorte sutil do filme. "Mostrar como é a adaptação em outra cultura creio que foi uma de minhas funções. E é um pouco o que vivi em parte de minha vida, entre Madri e meu país."

ESTRANGEIRAS
Onde:
Cinesesc (r. Augusta, 2.075, tel. 3082-0213)
Quando: 4/7, às 10h30
Quanto: R$ 4

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