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06/07/2004
-
05h17
FELIPE CHAIMOVICH
crítico da Folha
"Encontros com o Modernismo" é mostra rara. Traz à cidade seleção relevante do acervo do Museu Stedelijk de Amsterdã. Somam-se obras de artistas brasileiros da Pinacoteca do Estado, que hospeda a exposição, e de coleções particulares daqui.
O Stedelijk foi fundado em 1895 como instituição municipal. Nos anos 30, iniciou uma política de aquisições de arte vanguardista e de reformulação do museu, tendo como parâmetro o novo foco na arte moderna iniciado pelo Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York.
No pós-guerra, contribuiu com o desenvolvimento da arte informal do grupo Cobra. Nos anos 70, acompanhou o pop e o conceitualismo e, nos 80, o pós-moderno. Resultou em coleção de qualidade internacional.
O público terá acesso a uma representação hegemônica sobre o progresso dos estilos do século 20 que trazem à contemporaneidade. A curadoria divide-se em sete núcleos: abstração, Europa após 1945, expressionismo, expressionismo abstrato, invenções conceituais, pintura e escultura pós-modernas, vídeo e fotografia. Predomina a pintura.
A visita abre-se com a "Natureza-Morta com Violão" (1924), de Picasso, reafirmando a autoridade do mestre dos planos sobre a tradição moderna. Com ele, dividem a entrada a construção pós-cubista do "Trem de Hospital" (1915), de Gino Severini, e o surrealismo arredondado da "Ascensão Definitiva de Cristo" (1932), de Flávio de Carvalho.
O tema da abstração agrupa diversas gerações. Compartilham a mesma sala o "Tableau nº 3" (1913), de Mondrian, os "Dois Entornos" (1934), de Kandinsky, as toras de madeira do "Estator de Cedro" (2002), de Carl Andre, e a tela "Les Indes Galantes" (1967), de Frank Stella.
Expressionismo
A vertente expressionista da coleção é evidenciada. O cromatismo contrastante e "fauve" aparece no clássico "Paisagem em Dangst" (1910), de Schmidt-Rottluff. O pós-guerra desdobra-se sucessivamente no "Michel Tapié de Celeyran" (1956), de Karel Appel, n'"A Porta" (1978), de Philip Guston, no "Golgotha" (1980), de Julian Schnabel.
Contudo os confrontos com nacionais são irregulares. É inexplicada a classificação do "Relevo Espacial", de Hélio Oiticica, como expressionismo abstrato, dividindo parede com quadro de Rothko, de 1962.
Mas, por outro lado, é criativa a aproximação entre os metais geométricos de Willys de Castro e de Donald Judd, ambos de fins dos anos 80.
A contemporaneidade aparece pouco, porém traz obras como a poética videoinstalação "Passarela Mais Suave em Espaços em Colapso" (1999), de Aernout Mik.
A Pinacoteca realiza, assim, vocação semelhante à do museu holandês, ambos da mesma época: criar as grandes narrativas históricas em instituições oficiais, preservando a investigação experimental.
Avaliação:
Encontros com o Modernismo
O quê: mostra com 75 obras do Museu Stedelijk, de Amsterdã, e 20 trabalhos do acervo da Pinacoteca
Curadoria: Ivo Mesquita e Maarten Bertheux
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. Gen. Osório, 66, São Paulo, tel. 0/xx/11/222-8968)
Quando: de terça a domingo, das 10h às 18h; até 3/10
Quanto: R$ 2 e R$ 4 (entrada grátis aos sábados)
Patrocinador: banco Real - ABN Amro Bank
Especial
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre o Museu Stedelijk
Acervo do Museu Stedelijk dialoga com os brasileiros
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crítico da Folha
"Encontros com o Modernismo" é mostra rara. Traz à cidade seleção relevante do acervo do Museu Stedelijk de Amsterdã. Somam-se obras de artistas brasileiros da Pinacoteca do Estado, que hospeda a exposição, e de coleções particulares daqui.
O Stedelijk foi fundado em 1895 como instituição municipal. Nos anos 30, iniciou uma política de aquisições de arte vanguardista e de reformulação do museu, tendo como parâmetro o novo foco na arte moderna iniciado pelo Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York.
No pós-guerra, contribuiu com o desenvolvimento da arte informal do grupo Cobra. Nos anos 70, acompanhou o pop e o conceitualismo e, nos 80, o pós-moderno. Resultou em coleção de qualidade internacional.
O público terá acesso a uma representação hegemônica sobre o progresso dos estilos do século 20 que trazem à contemporaneidade. A curadoria divide-se em sete núcleos: abstração, Europa após 1945, expressionismo, expressionismo abstrato, invenções conceituais, pintura e escultura pós-modernas, vídeo e fotografia. Predomina a pintura.
A visita abre-se com a "Natureza-Morta com Violão" (1924), de Picasso, reafirmando a autoridade do mestre dos planos sobre a tradição moderna. Com ele, dividem a entrada a construção pós-cubista do "Trem de Hospital" (1915), de Gino Severini, e o surrealismo arredondado da "Ascensão Definitiva de Cristo" (1932), de Flávio de Carvalho.
O tema da abstração agrupa diversas gerações. Compartilham a mesma sala o "Tableau nº 3" (1913), de Mondrian, os "Dois Entornos" (1934), de Kandinsky, as toras de madeira do "Estator de Cedro" (2002), de Carl Andre, e a tela "Les Indes Galantes" (1967), de Frank Stella.
Expressionismo
A vertente expressionista da coleção é evidenciada. O cromatismo contrastante e "fauve" aparece no clássico "Paisagem em Dangst" (1910), de Schmidt-Rottluff. O pós-guerra desdobra-se sucessivamente no "Michel Tapié de Celeyran" (1956), de Karel Appel, n'"A Porta" (1978), de Philip Guston, no "Golgotha" (1980), de Julian Schnabel.
Contudo os confrontos com nacionais são irregulares. É inexplicada a classificação do "Relevo Espacial", de Hélio Oiticica, como expressionismo abstrato, dividindo parede com quadro de Rothko, de 1962.
Mas, por outro lado, é criativa a aproximação entre os metais geométricos de Willys de Castro e de Donald Judd, ambos de fins dos anos 80.
A contemporaneidade aparece pouco, porém traz obras como a poética videoinstalação "Passarela Mais Suave em Espaços em Colapso" (1999), de Aernout Mik.
A Pinacoteca realiza, assim, vocação semelhante à do museu holandês, ambos da mesma época: criar as grandes narrativas históricas em instituições oficiais, preservando a investigação experimental.
Avaliação:
Encontros com o Modernismo
O quê: mostra com 75 obras do Museu Stedelijk, de Amsterdã, e 20 trabalhos do acervo da Pinacoteca
Curadoria: Ivo Mesquita e Maarten Bertheux
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. Gen. Osório, 66, São Paulo, tel. 0/xx/11/222-8968)
Quando: de terça a domingo, das 10h às 18h; até 3/10
Quanto: R$ 2 e R$ 4 (entrada grátis aos sábados)
Patrocinador: banco Real - ABN Amro Bank
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