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09/07/2004 - 09h00

Woody Allen vive seu melhor papel em "Igual a Tudo na Vida"

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo

Jerry (Jason Biggs) é um jovem escritor cômico de Nova York que tem como mentor o veterano Dobel (Woody Allen), um semita radical, embora ateu. Namora a aspirante a atriz Amanda (Christina Ricci), infiel, com quem não faz sexo há seis meses e divide uma casa, para a qual se muda sua futura sogra, a cantora decadente Paula (Stockard Channing). É empresariado por Harvey (Danny DeVito), que o tem como único cliente e o faz ser motivo de chacota no meio.

Eis a base para que Allen, em seu 33º longa como diretor, faça um grande filme, delicado, sutilmente cômico (não há momentos de gargalhada aberta, mas o espectador fica com um constante sorriso nos lábios) e para o qual escreveu um dos melhores papéis que ele próprio já interpretou. De quebra, traz três revelações.

Primeiro, do talento precoce de Jason Biggs, que o mundo conhece apenas como o abobalhado pós-adolescente da cinessérie "American Pie", mas que já dava mostra do grande ator que pode ser em sua participação no principal papel masculino da montagem da Broadway de "The Graduate" (baseada no filme homônimo, no Brasil "A Primeira Noite de um Homem"). Ele era o melhor de um elenco que contava com uma estereotipada Kathleen Turner como Mrs. Robinson e a fraquíssima Alicia Silverstone.

Em "Igual a Tudo na Vida", ele encarna à perfeição o que Woody Allen imagina que a platéia imagine que seja o estereótipo dele próprio, chegando a se igualar ao John Cusack de "Tiros na Broadway". Só para registro, o começo em comédias escrachadas e francamente adolescentes não é necessariamente ruim. Sim, a carreira pode dar num Judge Reinhold, mas também em Sean Penn (ambos ganharam fama na comédia "Picardias Estudantis", de 1982).

Segundo, do domínio absoluto de cena de Christina Ricci, uma das atrizes mais interessantes de sua geração. Ela é a ninfeta da vez da seara alleniana, desde que o pervertido sessentão as descobriu (e até casou com uma delas), e não faz feio a Mariel Hemingway ("Manhattan"), Drew Barrymore ("Todos Dizem Eu te Amo") ou mesmo Juliette Lewis ("Maridos e Mulheres").

Terceiro, de que quando quer Allen ainda domina os diálogos. Aqui, o diretor está no melhor de sua verve. É um tiroteio de frases a guardar para repetir depois, seja pela graça, seja pela ironia. Alguns exemplos, a maioria falada pelo guru para seu discípulo:

* "De que me ajuda a física quântica? O que adianta eu saber que tempo e espaço são a mesma coisa? Eu pergunto a um cara que horas são, e ele me responde: 'Seis milhas'?";

* "Não sabia se lhe comprava um livro de Sartre ou O'Neill. Não me lembrava de qual niilismo pessimista o deixava mais feliz";

* "Deve existir 1 milhão de mulheres querendo dormir com você. Se não 1 milhão, pelo menos uma, se você a embebedar o suficiente";

* "Prefiro a masturbação. Outro dia imaginei um ménage à trois com Marilyn Monroe e Sophia Loren. Se não me engano, é a primeira vez que essas duas grandes atrizes trabalham juntas".

E a que revela o título...

Avaliação:

Igual a Tudo na Vida (Anything Else)
Direção: Woody Allen
Produção: EUA, 2004
Com: Jason Biggs, Christina Ricci
Quando: hoje, a partir da meia-noite, seguido de "A Janela da Frente", de Ferzan Ozpetek, e filme-surpresa
Onde: HSBC Belas Artes (r. da Consolação, 2.423, SP, tel. 0/xx/11/3258-4092)
Quanto: R$ 15

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