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09/07/2004
-
16h05
IVAN DELMANTO
especial para a Folha Online
Na saída de Brasília, nada de despedidas. O projeto BR3, que leva integrantes do Teatro da Vertigem ao interior do Brasil para conhecer novas realidades do país, vai voltar à capital federal para investigar melhor suas disparidades.
Para cumprir o cronograma inicial, o grupo teve de partir, e chegou na quinta-feira, dia 7, a Serranópolis, e também ao sítio arqueológico de Araras, em Goiás. Lá, descobriu que o patrimônio não é tão bem fiscalizado quanto poderia. Acompanhe:
Quinta, 8/7/2004: Saída de Brasília e Serranópolis
Não houve despedida de Brasília. Voltaremos em novembro. Na avaliação da viagem, levantamos alguns pontos para serem melhor explorados, durante a nossa próxima visita: os bastidores da política e da alta sociedade ( a idéia é conversar com repórteres das páginas de política de alguns jornais, entrevistar deputados e senadores e participar de alguma grande festa ou recepção promovida pela elite brasiliense), visitar residências nas superquadras, descobrir a miséria presente no Plano Piloto ( a pobreza na região central parece encoberta), passar mais tempo em outras cidades satélites (Samambaia, por exemplo) e, por fim, andar pelas ruas de Brasília sem destino certo, para nos perdermos em seus traços e abismos.
Nos ermos de Goiás
Viajamos o dia inteiro para chegarmos em Serranópolis, cidade de 7.000 habitantes, erguida em um dos ermos de Goiás. No dia seguinte, visitamos o sítio arqueológico das Araras, em que foram encontrados fósseis e pinturas rupestres que registram a presença humana no local há pelo menos 11 mil anos.
O sítio arqueológico está preso em um terreno privado (funciona como quintal de uma pousada) e os proprietários do lugar são os únicos responsáveis, sem qualquer ajuda do poder público, por conservar um patrimônio da humanidade.
Impressionante ver a riquíssima e variada vegetação do cerrado que cobre as trilhas que nos levam à grande rocha que abriga as pinturas rupestres.
Impressionante a beleza simples das pinturas: são lagartos, macacos, araras, registrados e transformados em arte não se sabe por que necessidade, paralisando o tempo na construção do rochedo.
Impressionante também é ver, ao lado das pinturas, pichações a carvão.
E mais impressionante é ver um local tão lindo transformado em patrimônio privado, em que se paga a cada respiro ou suspiro. Nos dizeres da dona da pousada, "é preciso cobrar caro pelos passeios, já que quase não existem mais áreas preservadas no Brasil."
São as leis do mercado mostrando suas garras, enquanto o cerrado emudece.
Ivan Delmanto é pesquisador e coordenador teórico e de dramaturgismo do projeto Vertigem BR3, do Teatro da Vertigem. Escreve periodicamente um "Diário de Viagem" para a Folha Online, narrando a experiência do grupo pelo interior do Brasil
Especial
Acompanhe o diário de viagem do Teatro da Vertigem
Arquivo: saiba o que já foi publicado sobre o Teatro da Vertigem
Grupo de teatro deixa Brasília e visita sítio arqueológico em Goiás
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Na saída de Brasília, nada de despedidas. O projeto BR3, que leva integrantes do Teatro da Vertigem ao interior do Brasil para conhecer novas realidades do país, vai voltar à capital federal para investigar melhor suas disparidades.
Para cumprir o cronograma inicial, o grupo teve de partir, e chegou na quinta-feira, dia 7, a Serranópolis, e também ao sítio arqueológico de Araras, em Goiás. Lá, descobriu que o patrimônio não é tão bem fiscalizado quanto poderia. Acompanhe:
Quinta, 8/7/2004: Saída de Brasília e Serranópolis
Não houve despedida de Brasília. Voltaremos em novembro. Na avaliação da viagem, levantamos alguns pontos para serem melhor explorados, durante a nossa próxima visita: os bastidores da política e da alta sociedade ( a idéia é conversar com repórteres das páginas de política de alguns jornais, entrevistar deputados e senadores e participar de alguma grande festa ou recepção promovida pela elite brasiliense), visitar residências nas superquadras, descobrir a miséria presente no Plano Piloto ( a pobreza na região central parece encoberta), passar mais tempo em outras cidades satélites (Samambaia, por exemplo) e, por fim, andar pelas ruas de Brasília sem destino certo, para nos perdermos em seus traços e abismos.
Nos ermos de Goiás
Viajamos o dia inteiro para chegarmos em Serranópolis, cidade de 7.000 habitantes, erguida em um dos ermos de Goiás. No dia seguinte, visitamos o sítio arqueológico das Araras, em que foram encontrados fósseis e pinturas rupestres que registram a presença humana no local há pelo menos 11 mil anos.
O sítio arqueológico está preso em um terreno privado (funciona como quintal de uma pousada) e os proprietários do lugar são os únicos responsáveis, sem qualquer ajuda do poder público, por conservar um patrimônio da humanidade.
Impressionante ver a riquíssima e variada vegetação do cerrado que cobre as trilhas que nos levam à grande rocha que abriga as pinturas rupestres.
Impressionante a beleza simples das pinturas: são lagartos, macacos, araras, registrados e transformados em arte não se sabe por que necessidade, paralisando o tempo na construção do rochedo.
Impressionante também é ver, ao lado das pinturas, pichações a carvão.
E mais impressionante é ver um local tão lindo transformado em patrimônio privado, em que se paga a cada respiro ou suspiro. Nos dizeres da dona da pousada, "é preciso cobrar caro pelos passeios, já que quase não existem mais áreas preservadas no Brasil."
São as leis do mercado mostrando suas garras, enquanto o cerrado emudece.
Ivan Delmanto é pesquisador e coordenador teórico e de dramaturgismo do projeto Vertigem BR3, do Teatro da Vertigem. Escreve periodicamente um "Diário de Viagem" para a Folha Online, narrando a experiência do grupo pelo interior do Brasil
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