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10/07/2004 - 07h59

Luis Fernando Verissimo vai do humor aos clássicos em Parati

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LUIZ FERNANDO VIANNA
enviado especial a Parati

No ano passado, a passagem de Luis Fernando Verissimo por Parati foi fugaz: problemas de saúde de sua mãe o levaram de volta a Porto Alegre antes que ele cumprisse seu papel na 1ª Flip. "Neste ano me deram trabalho dobrado", brinca ele, que, desafiando seu apreço pelo silêncio, passará três horas seguidas participando de conferências na Tenda dos Autores.

Às 15h de hoje, ele se sentará ao lado dos amigos Lygia Fagundes Telles e Moacyr Scliar na mesa "Os Clássicos dos Clássicos". Às 16h45, Verissimo falará de "Humor: Do Traço à Palavra" com Angeli e Ziraldo.

"Além da companhia do Angeli e do Ziraldo, estar também na da Lygia e na do Moacyr é uma mudança de turma radical. Vou ter que pensar no meu guarda-roupa", diz Verissimo, 67, por e-mail, como prefere dar entrevistas.

Coerentemente com a sua discrição, o filho de Erico Verissimo não se considera um clássico --"embora já tenha idade para ser", ironiza. A Flip o escalou no time depois que João Ubaldo Ribeiro desistiu da vaga. O escritor baiano alegou que estava sendo tratado pela organização como um "etc", ou seja, sem um destaque maior.

"Eu gosto muito do João Ubaldo e respeito qualquer decisão dele. Ele nunca seria um 'etc'. Mas a frase dele é boa", diz Verissimo, que pretende ler, na mesa, texto de algum "clássico da crônica", como Rubem Braga, Paulo Mendes Campos ou Antônio Maria.

A participação na Flip coincide com o lançamento de "O Melhor das Comédias da Vida Privada", novo título da série best-seller "Ver!ssimo", na qual a editora Objetiva está reorganizando a obra do autor. O livro reúne 87 crônicas, entre elas algumas bem conhecidas, como "As Noivas do Grajaú", "As Time Goes by", "Lixo" e "Gaúchos e Cariocas".

Déjà vu

Para Verissimo, ao reler suas antigas crônicas, um sentimento desagradável de déjà vu às vezes é inevitável.

"O que sempre me surpreende é o tamanho. Como a gente escrevia mais, antigamente! Não sei se ficamos mais sucintos ou mais preguiçosos. Às vezes se tem boas surpresas, mas muitas vezes funciona 'o alter-crítico', como ouvi descreverem uma vez. E a gente pensa: 'Como é que eu pude escrever essa bobagem?'. Aí o sentimento é, sim, de déjà vu, e déjà vu tarde", afirma ele.

Foi Jorge Furtado quem criou a expressão "comédias da vida privada" quando começava, em 1994, a adaptar para a TV crônicas de Verissimo.

O nome pegou, a série da Rede Globo pegou e o autor voltou a ser best-seller, como já tinha sido nos anos 80 com "O Analista de Bagé". Mas, desde que reduziu sua participação na imprensa a duas colunas por semana, ele tem escrito mais sobre a vida pública do que a privada.

"Quando você escreve todos os dias, tem uma espécie de licença tácita para alternar bobagens com coisas mais sérias. Quando passa a ter menos espaço, escolhe mais o assunto, e ultimamente tem sido difícil não escrever sobre o estado do mundo", explica.

Bem ao seu estilo, ele une humor e desencanto ao falar do Brasil atual, que não considera nada diferente do Brasil de Éfe Agá, como chama o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Vou dar só mais seis anos para o Lula se dar conta de que não foi eleito para isso", ameaça.

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