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12/07/2004
-
14h26
IVAN DELMANTO
especial para a Folha Online
Ao deixar Brasília, o Teatro da Vertigem percebe que o foco da pesquisa de campo para a qual saiu em viagem pelas estradas do país mudou. Veja o relato abaixo.
Sábado, 10/07/04: Novas perspectivas
O que mais me fascina no processo de criação do Teatro da Vertigem é sua infinita capacidade de se reinventar, em busca de novos abismos. Nesta pesquisa, nada surge como fóssil e tudo é movimento. O imprevisto ganha assim terreno propício para transformar-se em regra.
Durante a expedição, vi a pesquisa transformar-se, mudar de ponto de vista. Creio que, com essa imensa viagem por terra (já são quase 2.000 km percorridos), o foco inicial que nos movia, as três regiões escolhidas para revelar-nos faces imprevistas do país, foi transformando-se paulatinamente.
O que importa agora não é apenas um estudo a ser desenvolvido a partir de Brasilândia, Brasília e Brasiléia, mas sim o próprio viajar. A pesquisa é a expedição, que caminha cada vez mais rumo ao interior do Brasil, passando por lugares lindos, grotescos ou desoladores, todos impressionantes.
Brasilândia, Brasília e Brasiléia são agora apenas três pontos fixados para servirem de guia ao traçado dessa odisséia e parábola que é a viagem por estes nossos descaminhos, mistérios, semblantes de profundezas.
Para Ulisses, o que importava não era o regresso à Ítaca: o que o fazia guerreiro e sábio eram os obstáculos, suas paradas antes de reiniciar a partida.
Chapada
Estadia breve em Cuiabá. Uma tarde para visitar a Chapada dos Guimarães, algo que não estava previsto em nosso roteiro de viagem. Verdes colinas de grama como cabelos de vento, cascatas como um despencar de nuvens, precipícios do tamanho do mundo quando só há amanheceres , nunca houve tanto encanto.
Nós nos transformamos em crepúsculo e paisagem e a paisagem, desmedida, transformou-se em respiração, pulsar preenchendo todos os vazios.
Ivan Delmanto é pesquisador e coordenador teórico e de dramaturgismo do projeto Vertigem BR3, do Teatro da Vertigem. Escreve periodicamente um "Diário de Viagem" para a Folha Online, narrando a experiência do grupo pelo interior do Brasil
Especial
Acompanhe o diário de viagem do Teatro da Vertigem
Arquivo: saiba o que já foi publicado sobre o Teatro da Vertigem
Foco de pesquisa do Teatro da Vertigem muda durante a viagem
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especial para a Folha Online
Ao deixar Brasília, o Teatro da Vertigem percebe que o foco da pesquisa de campo para a qual saiu em viagem pelas estradas do país mudou. Veja o relato abaixo.
Sábado, 10/07/04: Novas perspectivas
O que mais me fascina no processo de criação do Teatro da Vertigem é sua infinita capacidade de se reinventar, em busca de novos abismos. Nesta pesquisa, nada surge como fóssil e tudo é movimento. O imprevisto ganha assim terreno propício para transformar-se em regra.
Durante a expedição, vi a pesquisa transformar-se, mudar de ponto de vista. Creio que, com essa imensa viagem por terra (já são quase 2.000 km percorridos), o foco inicial que nos movia, as três regiões escolhidas para revelar-nos faces imprevistas do país, foi transformando-se paulatinamente.
O que importa agora não é apenas um estudo a ser desenvolvido a partir de Brasilândia, Brasília e Brasiléia, mas sim o próprio viajar. A pesquisa é a expedição, que caminha cada vez mais rumo ao interior do Brasil, passando por lugares lindos, grotescos ou desoladores, todos impressionantes.
Brasilândia, Brasília e Brasiléia são agora apenas três pontos fixados para servirem de guia ao traçado dessa odisséia e parábola que é a viagem por estes nossos descaminhos, mistérios, semblantes de profundezas.
Para Ulisses, o que importava não era o regresso à Ítaca: o que o fazia guerreiro e sábio eram os obstáculos, suas paradas antes de reiniciar a partida.
Chapada
Estadia breve em Cuiabá. Uma tarde para visitar a Chapada dos Guimarães, algo que não estava previsto em nosso roteiro de viagem. Verdes colinas de grama como cabelos de vento, cascatas como um despencar de nuvens, precipícios do tamanho do mundo quando só há amanheceres , nunca houve tanto encanto.
Nós nos transformamos em crepúsculo e paisagem e a paisagem, desmedida, transformou-se em respiração, pulsar preenchendo todos os vazios.
Ivan Delmanto é pesquisador e coordenador teórico e de dramaturgismo do projeto Vertigem BR3, do Teatro da Vertigem. Escreve periodicamente um "Diário de Viagem" para a Folha Online, narrando a experiência do grupo pelo interior do Brasil
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