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13/07/2004 - 08h59

Mostra critica consumismo por meio de supermercado

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IVAN PADILLA
free-lance para a Folha, em Barcelona

Cada cidadão é um manifestante, ativo ou em potencial. Os motivos podem ser os mais diversos: a paz, a ecologia, os direitos humanos, a distribuição de renda. Esse é o tema de "O Hiper Ativista", uma exposição permanente do Fórum das Culturas de Barcelona, em exibição até o final do evento, no dia 26 de setembro.

A exibição é, ao mesmo tempo, uma homenagem aos protestos de rua e uma crítica à sociedade de consumo. Representa a manifestação individual, e não a iniciativa de um coletivo. "Os verdadeiros ativistas são os anônimos, que se expressam de maneira espontânea e sincera, nem sempre como militantes de uma organização", disse à Folha a organizadora da mostra, Marta Cáceres.

A exposição recria o ambiente de um supermercado. Na entrada do recinto, do lado de fora, estão penduradas panelas e tampas. Trata-se de uma referência às passeatas organizadas nas principais cidades do mundo no dia 15 de fevereiro do ano passado, na véspera da invasão americana ao Iraque. Nesse dia, 140 milhões de pessoas tomaram as ruas. Barcelona reuniu o maior número de manifestantes: 1,4 milhão.

O supermercado imaginário está dividido por seções. Na parte de produtos infantis, estão expostos carrinhos de compras repletos de roupas, pares de tênis e mochilas. As camisetas têm duplo significado: podem tanto exibir logotipos de grifes como frases politicamente corretas.

CDs, aparelhos de som e celulares são os principais produtos da ala de eletrônicos. Na sociedade de consumo, adverte um cartaz, o telefone portátil deixou de ser um instrumento de comunicação para se tornar um símbolo de status. De acordo com a mensagem, o bem-estar não pode estar vinculado à acumulação de bens.

A seção mais criativa é a da alimentação. Uma projeção de vídeo mostra imagens de homens, mulheres e crianças subnutridos recebendo alimentos de organizações humanitárias. Um cartaz aconselha: "Quer emagrecer? Experimente a dieta de Sarajevo".

Durante o violento conflito civil, cada um dos cerca de 400 mil habitantes da cidade perdeu uma média de dez quilos em pouco mais de um ano --ou quatro toneladas no total. A "dieta de Sarajevo", um verdadeiro manual de sobrevivência, ensina a fazer queijo com leite em pó, vinagre, sal e arroz. Ou maionese a partir de farinha e água.

"As receitas circulavam em folhetos, de mão em mão. Foram chamadas dessa maneira pelos próprios moradores. Mesmo naquele cenário dantesco, eles não perderam o humor", diz Cáceres.

A ala de jardinagem lembra, em cartazes, a história de uma ativista no sentido mais radical da palavra. Trata-se de Julia Butterfly Hill, uma jovem americana que viveu dois anos em cima de uma sequóia em protesto contra a indústria madeireira da Califórnia.

A parte final da exposição é um convite à militância. Outra projeção de vídeo mostra uma turma de protestantes com cartazes em mão. Através de um jogo de espelhos, o visitante pode ver, durante poucos segundos, sua imagem refletida em meio ao grupo.

Caixas vazios indicam o fim do passeio pelo supermercado. Ninguém leva nada e nem paga nada. Consumidores frustrados com a mostra podem passar na loja de Comércio Justo, a poucos metros de lá, e comprar uma calça do Nepal, um chinelo do Senegal ou uma vela da Índia. Também podem entrar em uma das lojas do fórum e levar algum dos 600 itens, de canetas a roupões de banho, com a marca do evento. A um preço não tão "justo" assim.

Especial
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